terça-feira, 16 de setembro de 2008

Imigração...

No passeio de Domingo no parque (parece uma música do Gilberto Gil), eu conversei bastante com o marido da Cláudia, o Augustin. Ele é Inglês, e adorou conhecer o Brasil. Ele me perguntou como é que eu podia ir morar no Canadá, mesmo com o Brasil sendo um país tão bonito.

E eu disse para ele "O Brasil é um país sensacional. A cultura é magnífica, a cozinha é diversa e saborosa, os meus amigos são como irmãos e a família está lá para o que der e vier. Mas existem outras coisas além disso. Aqui eu não me preocupo muito com as coisas ao meu redor. Mas no Brasil a violência está presente e é uma preocupação constante - eu não disse para ele, mas eu perdi um amigo em um assalto. Além disso, outras coisas fazem diferença, como o fato de - na minha opinião - o custo de vida aqui ser menor e de que a cidade tem uma estrutura muito superior à de São Paulo".

E eu continuei...

"Estas coisas todas fazem diferença. De qualquer jeito, eu nunca pensei em ficar aqui muito tempo."

Pensando melhor, não é que eu não sei se eu vou ficar aqui muito tempo. Eu não sei é onde eu vou estar daqui a dois ou cinco anos. Nunca planejei as coisas tão à frente. Eu e a Soraya temos a opinião de que uma vez que se está no mundo, o mundo é seu. Estas mudanças parecem mais fáceis uma vez que o primeiro passo já foi dado.

O pessoal dos Invasões Bárbaras escreveu bastante se "valeu a pena imigrar", e eu posso dizer que "está valendo". Continua valendo. Uma hora pode não valer mais a pena. Uma hora a vida pacata do Canadá pode ficar monótona e a gente decida voltar para o Brasil. Pode ser que em um dia de Janeiro, olhando para um dia escuro de frio às cinco e meia da tarde, declaremos "já deu" - ainda mais com a nossa memória Brasileira de Janeiro com sol, praia, férias e barzinhos na avenida que beira o mar. Da mesma maneira, a gente pode continuar se adaptando e a vida no Canadá pode continuar valendo a pena.

Porque é desta maneira que eu penso. E a Soraya também. Estamos fazendo o melhor para viver aqui, mas se os sacrifícios se tornarem maiores que os benefícios é hora de arrumar a mala e ir para outro rumo. Não é por isso que as pessoas mudam de emprego? Para procurar algo melhor? Eu sempre tive a opinião de que se deve persistir até um ponto. Uma hora, o galho quebra.

Acho que é isto o que eu penso sobre imigração. Esteja preparado para o que der e vier, mesmo que isto signifique voltar para casa.

Porque eu acho que está valendo a pena?

. Eu mudei de emprego;
. A Soraya e o Arthur viajaram para o Brasil - conseguir fazer a viagem acontecer e ter a perspectiva de ir de novo, nem que seja daqui a um ano, faz valer a pena - a coisa que mais me dava medo quando eu pensei em vir para o Canadá era a impossibilidade de visitar o Brasil;
. Eu gosto da escola do Arthur - ele não gosta muito, mas eu acho que este é um problema genética (a minha genética, no caso);
. A gente tem uma casinha que a gente gosta, mas estamos pensando em mudar para um lugar melhor e é algo que a gente vai poder fazer;
. Agora temos um carro;
. Quando a Soraya voltar ela vai tentar "viver" mais aqui - o que não foi possível fazer plenamente até hoje pelo compromisso e vontade de ir para o Brasil assim que desse;
. A nossa perspectiva do inverno é muito mais "azul" agora - pelo fato de termos um carro, pelo fato de termos vivido um inverno, pelo fato de que não vamos querer economizar no "equipamento de frio" desta vez.

Percebeu a constante? Não vale a pena imigrar pelo que já foi, mas pelo que virá. Porque tudo tem que ser uma evolução. O que já passou foi ótimo, o que virá será melhor ainda. E se esta onda continuar pelo anos a vir, assim será. E se não continuar, o mundo está aí.

PS: Está meio "boring" sem a Soraya e o Arthur aqui - acho que é por isso que eu estou mais reflexivo. Quando eles estão aqui, é tudo de bom.

FUI!

Um comentário:

Ana Paula disse...

Caramba, tu escreve muito... fico alguns dias sem poder atualizar minha leitura de blogs e ja tem 10 posts so seu! hahahaha...

A gente tambem pensa assim, com a diferenca que a gente nem cogita voltar. Porque queremos fazer DAR CERTO, essa evolucao ai que voce falou. Claro que se um dia, a gente perceber que nao vale mais a pena, eu tb concordaria em voltar. Mas por enquanto isso nao esta nos nossos planos... pelo contrario, so falamos das coisas daqui. Ate porque ja estamos com uma divida de 35 anos, ne? ;) A casa... heheheheh

Mas eu te entendo. Eh isso ai mesmo!