segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bad U-Turn



U-Turn é, basicamente, dar meia volta na rua. Você está de um lado da rua, olha para os dois lados, e dá meia-volta.

Simples, não?

Pois é, mas não pode. Nem pensar. Ainda mais em zona escolar. Aí o bicho pega. Descobri hoje. Bem que eu achei estranho aquele carro de polícia colado na minha traseira, mas eu segui seguindo o meu caminho ansioso por aquele momento em que o motor do carro esquenta o suficiente para aquecer o ar que sai pelo painel. Até que a policial (era uma mulher) liga a árvore de Natal, ie. luzes de emergência, e aquilo meio que foi uma dica para eu parar o carro.

E eu parei o carro, esperei uns segundos, e ouço o toc-toc-toc no vidro. Eu pensei "bom, ou é a U-Turn, ou é porque eu bloqueei ela no cruzamento quando uns pirralhinhos vieram correndo para atravessar a rua.". Era a U-Turn. Não pode. Eu disse que não sabia (e eu não sabia mesmo, afinal se eu soubesse eu não ia fazer a U-turn a 15 metros de um carro de polícia). Ela me disse que eles estão educando os motoristas porque tem muita reclamação na rua onde fica a escola e eu pensei "bom, se tão educando, agora eu já sei, fim da história, só vou receber um aviso, ueba!".

Doce ilusão. Dez minutos depois de sair do meu carro levando minha licença temporária (AINDA BEM QUE EU ESTAVA COM O PASSAPORTE NO CARRO SENÃO AINDA SIM EU ESTAVA NA ROÇA), o documento do carro e o seguro do carro, ela volta com a multa. 115 dólares. Laiá laiá. Educação e punição já vem tudo em um pacote só aqui. Aparentemente Alberta é a única província daqui onde este tipo de U-turn é proibido. Conheci outras pessoas que foram paradas pelo mesmo motivo. Um amigo meu me disse que U-turn não dá para fazer nem em cruzamento, o que na verdade se traduz em - U-turn, nem pensar. Não dá para fazer na cidade. Ponto final.

Fez, policial viu, multa tomou.

E a policial ficou brava comigo quando eu perguntei se podia dar meia volta em outro lugar "SIR, YOU CAN'T DO U-TURNS AROUND HERE. JUST DRIVE AROUND THE BLOCK! YOU CAN'T BECAUSE IT IS UNSAFE!". Eu coloquei o rabo entre as pernas, pensei "porque é que eu não fiquei quieto?" e fui embora.

sábado, 15 de janeiro de 2011

The Core

Quando chegamos no Canadá, passamos um pouco mais de um ano sem carro. A vida aqui sem carro é complicada - os ônibus demoram no final de semana, esperar ônibus em um dia de neve é uma fria, e tem lugares da cidade onde literalmente não vale à pena ir - onde você chega de carro em 20 minutos mas demora 2 horas e meia para chegar em um Domingo, indo de ônibus.

Mas tem um lugar que é fácil de chegar - o centro da cidade. Os ônibus da região central da cidade sempre passam por lá, todos os trens passam por lá e, bem, o centro da cidade é no meio da cidade (acho que deve ser por isso que chamam de "centro"). Nós conhecemos o centro da cidade relativamente bem - entre 0 sendo alguém da roça e 10 um executivo que mora em uma cobertura na principal avenida da cidade e tem um apelido para toda tampa de bueiro na rua, eu diria que a nossa nota é um 7.

A gente anda de bicicleta em Prince Islands, a gente já foi na Calgary Tower algumas vezes, já fomos patinar no Olympic Plaza, já fomos no Glenbow Museum (é um museu, tipo, com coisa velha espalhada por tudo que é canto), já vimos peça infantil no Jack Singer concert hall, já vimos a réplica do avião pendurada em um saguão de um dos prédios, e eu morei no centro por um mês quando eu cheguei aqui.

Um dos lugares com os quais tínhamos uma relação de amor e ódio era o Devonian Gardens, que ficava em um shopping chamado The Core Shopping Centre. O jardim está fechado já tem uns dois anos enquanto eles reformam o shopping inteiro, o que é um saco...

... mas o shopping em si é outra coisa:


(http://www.coreshopping.ca/)

A gente foi hoje depois de ficar sem ir um tempo - quando fomos pela última vez tinha muita coisa em construção e a reforma ainda estava naquele estágio em que não dá para saber que bicho que vai sair dali. Hoje já estava tudo diferente - e aquele teto de vidro é sensacional. Foi muito bom tomar sol vindo de cima sem passar frio. A praça de alimentação fica no último andar e em todos os lados o que se vê é vidro e o lado de fora.

Se você precisar de uma folga em um dia de inverno, arrume um tempinho e vá neste lugar para passear e comer um lanche. Vale a pena.

Hoje também fomos no aniversário da Alice, filha da Marina e do Quico, e vimos todos os nossos amigos que não víamos já fazia um tempão. Hoje foi um dia muito bom, embora a gente esteja um caco agora.

Fui!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Parabéns para nós!

As datas aqui em casa todas acontecem em Janeiro. Dia 10 é o meu aniversário, dia 17 é o da Soraya e dia 13 é o nosso aniversário de casamento! Hoje fazemos dez anos de casados!

Nós casamos no dia 13 de Janeiro de 2001 em Santos, e quem diria que estaríamos no Canadá dez anos depois com dois filhinhos?

Sô, te amo, eu sou muito feliz de compartilhar minha vida com você, e que nós ainda tenhamos muito "anniversaries" por vir!

Agora eu tenho que voltar para o trabalho :-(.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Canadá, um balanço

O Canadá para mim se resume à uma palavra - uma aventura.

A diferença maior entre viver aqui e viver no Brasil - aqui tudo é mais fácil - é mais fácil alugar casa, é mais fácil comprar carro, é mais fácil de ver filme, é mais fácil de planejar o orçamento doméstico, é mais fácil de arrumar escola boa para a criançada, é mais fácil usar o sistema público de saúde, é mais fácil de comprar TV's, Playstations, câmeras fotográficas, helicópteros de brinquedo que voem de verdade, móveis na Ikea, é mais fácil retornar alguma coisa que você comprou e não gostou.

O clima para mim é um detalhe. É frio, mas você se acostuma.

Algumas coisas fazem falta no começo - o arroz com feijão do boteco da esquina, a cerveja com os amigos, alguns canais de TV que a gente tem no Brasil, o calor, o futebol na TV que aqui é inexistente.

Depois de um tempo, você se acostuma com todas as coisas que fizeram falta no começo. A comida daqui passa a ser até que boa, a TV daqui fica melhor que a do Brasil, e Hockey até que é mais ou menos.

Mas aí vem a saudade de longo prazo - o fato de que a sua família e amigos continuam a viver no Brasil e você está longe. A saudade da família e dos amigos é o que pesa mais a longo prazo, e é o que no fim das contas determina se você vai continuar a viver no Canadá "para sempre" ou não. Quem está aqui à mais tempo conhece o sentimento, quem nunca ficou fora de casa por muito tempo não. A teoria da relatividade de Einsten diz que um astronauta viajando próximo à velocidade de luz sente o tempo passar muito mais devagar do que alguém na Terra (por exemplo). Dois dias do Astronauta seriam (um chute) cinco anos na Terra. Quando o Astronauta voltasse depois de dois dias, cinco anos de fatos e acontecimentos teriam passado sem ele. O Astronauta é um imigrante e a Terra são os amigos e a família que ficaram em casa.

Viver em um país de Primeiro Mundo realmente é bom? É e faz a gente querer mudar o Brasil e fazer tudo que é difícil lá ficar mais fácil. Mas viver uma vida mais fácil não é tudo que a gente precisa. Acho que este é o resumo da ópera.

Fui!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A nossa amada Van vermelha não está mais entre nós



... mas ela ainda viverá por anos a vir em outros carros. Porque da próxima vez que alguém precisar de um banco novo para o seu carro, a minha van encontrará no Pick'n'Pull.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

The little red van that...

... could not anymore.

Acho que a minha querida amada idolatrada van vermelha não vai mais ser o nosso veículo de andar para cima e para baixo. Ontem eu coloquei 3 litros de óleo no carro quando a luz acendeu, e hoje a luzinha acendeu de novo, e o barulho que vinha do motor era de fazer qualquer um que goste de carros chorar de soluçar. Um TEC TEC TEC que era assustador. Fora que agora os 3 litros de óleo estão poraí, sujando o meio ambiente. Daqui a pouco alguém vem me prender por crime ambiental.

A minha esperança, afinal esperança é a última que morre, é ir no Mr. Lube hoje depois de colocar os 2 litros de óleo que sobraram no garrafão e eles me dizerem "só tinha alguma coisa solta", embora eu ache que o que vai acontecer é que qualquer frase que eles disserem vai começar com "olha...".

E eu aqui procurando um segundo carro por menos de 500 dólares no Kijiji. Mal sabia eu que ia ser mais é primeiro carro.

Mas a van será lembrada, afinal:

. Ela foi para Vancouver e Jasper na lotação máxima;
. Ela foi para Waterton algumas vezes, foi até Drumheller e foi até as montanhas não sei quantas vezes;
. Ela viu o Pacífico, viu as estradas dos Estados Unidos, foi até Portland, passou pela cidade dos Goonies, e depois voltou;
. Ela desbravou uma estrada de caminhão de madeira na noite de Halloween, em que ficamos mais de 4 horas sem ver outro ser humano;
. Ela ajudou na mudança;
. Ela levava o Tutú na escola e ia buscar;
. Ela fazia a Hannah dormir.

Mas não faz mal. Eu diria que eu estendi os 1200 dólares (na verdade a minha van velha e mais 900 dólares) por um bom tempo. Eu fiz mais de 50000 km naquela van fácil, e ela por si só já estava batendo nos 360000 km. Se o motor tiver ido pro beleléu mesmo eu vou tentar vender a coitada por qualquer valor que paguem, se o motor ainda rodar a van ainda vai ter mais história para contar.

Fui!