domingo, 31 de agosto de 2008

Está chovendo bastante lá fora e a temperatura é de agradáveis 6 graus:



Eu já comecei a arrumar o quarto do Arthur, acabei de colocar a louça para lavar e limpei os restos de farelo de pão e bolacha da mesa da sala. A pizza do almoço já está na minha barriga, assim como as bolachinhas integrais com margarina e geléia para complementar. Daqui a pouco vou comer a última maçã.

Este meu blog ultimamente está parecendo o relato de um morador de uma república.

Infelizmente não tenho muita coisa para contar. Acho que vou no cinema hoje ver Iron Man. Apenas 5 dólares já que o filme já saiu de cartaz nos cinemas de "primeira linha" e agora está passando em um cineminha chulé no sul da cidade. Se eu fosse agora à tarde eu pagaria apenas 3 dólares, mas eu tinha que arrumar a casa (e desculpa de cego é bengala).

Amanhã é feriado aqui. Vou ter que arrumar alguma coisa para fazer com o meu dia. Acho que vou terminar de arrumar o quarto do Arthur.

Fui!

Batman

Está caindo uma chuva de verdade lá fora, estou aqui na sala vendo TV e resolvi dar uma parada e escrever um pouco. Hoje eu fui ver o...

Batman (The Dark Knight)

Você achou aquele último Batman, que eu acho que foi lançado há uns dois anos, bom? Você não viu nada. O cavaleiro negro, o que está em cartaz agora nos cinemas, é sensacional. Sério. Ainda mais vendo em IMAX. A tela do IMAX é enorme, ela enche a visão na vertical e na horizontal. Você se sente o próprio Batman quando eles mostram uma visão aérea da cidade. Sensacional. E o filme em si? O Heath Ledger realmente mandou muito bem como o Coringa. Ele mandou tão bem no papel do Coringa que o Batman e os outros protagonistas (e antagonistas) do filme ficaram ofuscados.

Sensacional. Já entrou na lista dos dez mais. Valeu o preço do ingresso do cinema. E se você tiver a chance de ver em um IMAX, , porque vale a pena. Filmão.

(a parte chata de escrever com sono é que eu esqueço algumas palavras - se tiver alguma coisa faltando, use a sua imaginação).

Então. Batman é sensacional. De zero a dez, dou um nove. Estou eu aqui ainda falando do filme. O Jack Nicholson que me perdoe, mas o Coringa do Heath Ledger nunca vi igual. Se ele não entrar no Top 3 dos 100 maiores vilões de todos os tempos, é uma injustiça. E ele MESMO convence como um psicopata assassino louco no filme.

Sensacional.

...

Que mais? Estava vendo Fargo, um filme muito bom baseado em uma história interessante protagonizada por pessoas simples. A policial grávida, o seu marido e o amor simples que os cerca, o comerciante endividado e os sequestradores. É um filme simples e que vale a pena ver toda vez que passa na TV.

E hoje depois do Batman eu tentei ir em uma festa na casa de um cara que trabalhava comigo, o Dan, no fim da cidade ao norte. Literalmente é o fim da cidade, mais umas cinco quadras pra cima de onde eu acho que ele mora e a cidade já acaba. Digo "acho" porque eu não consegui achar a casa dela e a bateria do celular tinha acabado. Depois de rodar por uns 20 minutos em vão eu resolvi aproveitar que estava no fim da cidade e fui, de fato, para fora de cidade dirigir por uma daquelas estradas rurais que a gente só vê em filme (quer dizer, depende daonde você é - eu só costumo ver em filmes mesmo ou em raras ocasiões como a que ocorreu hoje). Foi bem legal, vi pastos verdes e aquelas casinhas de madeira clássicas de fazenda, vi ovelhas e campos a perder de vista.

Temos que tirar uma vantagem das coisas, né?

...

Isso aí. A Soraya e o Tutú estão bem no Brasil, ela está com saudade de mim e eu estou com saudade dela, mas não faz mal, ela está curtindo o tempo dela por lá e eu estou aqui, bagunçando a casa e comendo pizza + feijão enlatado + frutas que eu não sou tão tosco assim.

Bom, vou nessa. Amanhã escrevo-lhes mais.

Fui!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Beta

Estou meio preocupado com o peixinho. Tem dia que ele não quer saber de comer. Acho que eu vou dar uma pesquisada e ver se existem outros tipos de comida para Beta que sejam mais agradáveis para o paladar do meu companheiro. Hoje eu limpei o aquário para tirar todo o resto de comida velha, troquei metade da água, mas se continuar assim semana que vem eu vou ter que trocar toda a água de novo. Reza a regra que você tem que trocar 1/3 da água do aquário de um peixe Beta uma vez por semana. E, embora seja comum colocar Betas em aquários pequenos, eles serão mais ativos se habitarem aquários maiores. O nosso eu acho que está de bom tamanho, e embora não tendo uma tampa tem uma plantinha cujas folhas tampam a parte de cima do aquário (Betas tem tendências suicidas e gostam de pular fora do aquário).

VoiceXML

É o nome da tecnologia com a qual eu estou trabalhando agora. É relacionada à aplicações de reconhecimento de voz e de fala (ASR para Automated Speech Recognition e TTS para Text To Speak). Uma boa parte do processo é fazer o computador entender o que você está dizendo, e é inevitável ficar ouvindo alguém dizer a mesma palavra o dia inteiro! Brincadeira, é bem legal. Embora eu não consiga fazer o computador diferenciar entre Fifteen e Fifty, eu vou tentando. É um brinquedinho bem interessante.

A gata do vizinho

Se fosse "a gata da vizinha" o título ia ficar estranho e a Soraya ia ficar preocupada. A bichinha está carente agora - chego lá e ela fica querendo carinho. Ainda bem que os donos dela vão voltar logo (assim espero), já que se eu quiser ir no cinema ou algo do tipo eu tenho que primeiro vir para casa, alimentar a coitada, e depois sair. Eu mandei um E-Mail perguntando quando que eles voltavam mas ele não respondeu ainda, acho que ele resolveu levar as férias à sério e desligou o Blackberry.

O demitido

Como eu disse antes, a empresa onde eu estou agora teve que demitir algumas pessoas antes da minha chegada. Um dos demitidos foi um desenvolvedor, com bem pouca experiência profissional (um ano e meio). Ele foi o único desenvolvedor demitido. Hoje depois do trabalho eu fui em um barzinho com mais duas pessoas e quem estava lá? Ele, o demitido. E em determinada altura da conversa de bar eu falo como a minha empresa anterior era uma porcaria, e como eu odiava o fato de que eu não tinha janelas, e como eu gostava do fato que eu estava em uma janela agora.

Pausa. O demitido pergunta para o cara da Romênia "Nooo, is he sitting in my desk?".

Yep. Eu estou sentando na mesa dela. Mas foi em tom de brincadeira - até quando eu fui embora eu disse "cara, foi mal por ter pego seu lugar" :-). Na verdade ele disse que estava feliz por ter saído e poder vislumbrar outras oportunidades, e que foi bom para "mudar de ares". O cara não parecia nem um pouco chateado, o que é bom.

O bar

O bar se chamava Hose & Hound. Fica em Inglewood, a caminho de casa.

(intervalo comercial - estava falando com o Harminder, o cara da Índia, e ele disse "cara, tenho que ir embora, a mulher está na cama me esperando". O que você diz nestas horas? Boa noite, boa sorte? Eu que não sei como é a cultura na Índia só mandei um "ok, boa noite". O "ok" nesta frase como se eu quisesse dizer "ok, muita informação").

Voltando ao bar. É um bar para happy hours. É engraçado porque é um daqueles bares que tem um monte de máquinas de jogos com os velhinhos bêbados pendurados tentando a sorte grande. Acho que é a versão Canadense de um boteco Brasileiro. A cerveja era boa e a comida também, embora aqui porções de petiscos como a gente tem no Brasil não são tão comuns. Na verdade eu acho que são inexistentes. Na hora de ir embora tinha um cara sem noção que parou o carro bem na frente da van e eu tive que ir perguntar para o bar inteiro quem era o dono do Acura branco. E era um moleque que já estava mais para lá do que para cá, mas que se desculpou e tirou o carro da frente da van antes que eu tivesse a chance de colocar o cinto de segurança.

O povo aqui quando bebe, bebe mesmo. E, realmente, nos países do Leste Europeu bebe-se Vodka e não cerveja. O Eugene já tinha me dito que tomava só porre de Vodka e o cara da Romênia também me disse a mesma coisa.

E no Japão, será que é saquê?

Fui!

PS: A van

A van está bem, obrigado. Tem umas coisas que eu tinha vontade de fazer:

. Colocar amortecedores novos (se bem que é carro americano, que não é conhecido pela reputação de ter suspensão firme);
. Comprar uma capa nova para o volante que não seja feita de tecido (já que tecido suja e eu chego no trabalho com a mão cheirando ao pneu que eu troquei Terça-feira);
. Ver se a marcha-lenta está mesmo acelerada e como é que faz para desacelerar (já que se eu desacelerar a marcha-lenta eu salvo gasolina e aumento a vida útil dos freios ao mesmo tempo).

Mas são coisas pequenas, minha morena. O carro está ótimo. Ontem à noite eu fui fazer compras no Safeway e dei um pulinho no Glenmore Park. É uma vista BEM louca. Infelizmente eu não consegui achar nenhuma foto que pudesse descrever o momento. Mas lá estava eu, na parte de cima de um vale observando os pássaros voando no lago abaixo. Foi bonito, mas o meu lado poético não funciona e eu não vou tentar forçar a barra :-).

Na volta eu me senti o Salsicha do Scooby-Doo:



Sensacional. Mas eu não vou pintar flores na van.

Fui!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Novas da casa sem dona de casa

Tudo bem no emprego novo. Ainda estou empregado, o meu computador ainda funciona e a janela ainda é minha. Tudo no seu lugar. O pneu furado que eu arrumei estava cheio hoje de manhã e casa está uma zona federal. Tudo fora do lugar como eu deixei de manhã. Hoje eu vou dar uma arrumada geral, jogar o lixo fora, lavar roupa e começar a arrumar o quarto do Arthur (não dá para fazer tudo em um dia só).

Ontem eu tive uma reunião com um cara que eu acho que é diretor (eu estou conseguindo lembrar o nome das pessoas, isto para mim já é uma grande evolução), e ele me disse que a moral na empresa estava meio baixa porque eles tiveram que demitir algumas pessoas há duas semanas. Problemas relacionados ao mercado de ações. Achei boa esta conversa porque:

. Existiu um motivo para estas demissões (preservar o caixa da empresa até o valor das ações subir de novo);
. A minha contratação foi mantida mesmo com este revés;
. E o cara foi honesto.

Honestidade é tudo.

Hoje eu recebi meu primeiro contra-cheque. Existem empresas que dão contra-cheque! E ainda por cima veio mais do que eu estava esperando! Sensacional.

...

O pessoal do trabalho é gente fina. Tem um cara da Romênia, dois Chineses, alguns Cananenses, um cara da Suíça e mais alguns Canadenses. Perdi o meu estigma com os Chineses. Era um problema da empresa onde eu trabalhava (entrevistas sem critério + mão de obra barata). Não vou entrar em muitas comparações porque vai parecer preconceituoso - e eu fiquei feliz de perder o meu estigma. Isso nunca é bom.

...

Eu preciso comprar comida para a minha casa. Estou de geladeira vazia. Armário vazio. Barriga vazia. Assim não dá. Assim não pode.

...

Eliane, obrigado pelo comentário que você deixou no post anterior. Realmente, uma janela faz uma grande diferença. Meu chefe no Brasil me dizia que eu não devia ficar em uma empresa que não oferecesse benefícios de primeira linha, já que eu era um desenvolvedor de primeira linha. Já fazia muito tempo que eu me sentia trabalhando em uma empresa de "brincadeirinha" e agora eu me sinto em uma empresa mais real, e isto não tem preço.

Cecília, o carrinho está sendo ótimo, viu? É véinho, mas funciona bem. E estou levando míseros quinze minutos para chegar no trabalho, sensacional. O único revés é que ontem à noite eu comi um lanche no A & W e só depois me lembrei que eu não ia queimar aquelas calorias andando para casa. Agora eu preciso começar a andar por prazer e não por necessidade. Vai ser difícil...

Mas o projeto bicicleta ainda está de pé!

Thiago! Falei para a Soraya, ela deu risada. Este mundo é mais pequeno do que a gente pensa.

Fui!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

JANELA!

Hoje eu comecei no escritório novo.

E, que nem a Soraya no vôo para o Brasil, eu sentei na JANELINHA.

Sabe? Quando dá para ver o lado de fora? As árvores, os passarinhos, as casas, os carros, os fios e os postes, os aviões passando lá em cima, aquela chuva que está lá longe, que você olha e pensa "será que eu vou me molhar?".

Ah, a janela.

Nada como tentar olhar para o monitor do computador e ser ofuscado por um raio de sol que é refletido na superfície da mesa. Depois de passar o dia tentando entender um dos sistemas mais complexos com o qual eu ainda vou trabalhar, me estiquei na cadeira, coloquei as mãos atrás da cabeça e fiquei conteplando o espetacular sol das quatro da tarde. Dez segundos depois, preocupado com o fato de que eu não estou mais camuflado em uma sala onde ninguém aparece, resolvi contemplar o sol mais discretamente.

Minha janela não tem vista para as montanhas. E não faz mal. Dá para ver o céu, a terra e eu vou colocar uma foto do mar em algum lugar. Muito bom.

A mesa não é do Paraguai e a infra-estrutura de lá é decente. Mas isso não importa.

Eu tenho uma janela.

Não é exagero. Hoje eu vi o quanto uma janela faz falta. Que nem aquela atriz no filme Casablanca E o Vento Levou que, em cima de um morro ou algo similar grita "EU NUNCA MAIS PASSAREI FOME", hoje eu pensei "EU NUNCA MAIS TRABALHAREI EM UM CAIXÃO DE CONCRETO VAGABUNDO SEM JANELAS".

Janela sim. Parede não.

Quando eu era criança lá em Caraguatatuba eu fui por algum tempo em uma psicóloga. Toda vez que eu ia lá eu ficava na janela pendurando coisas do lado de fora. Ela me disse que eu tenho uma necessidade de liberdade. E hoje eu pensando "Janela ainda que tardia".

http://images.google.com/images?q=janela

Bom. Janelas à parte, foi tudo bem com o vôo da Soraya para o Brasil. Ela vai escrever mais depois, mas a seleção Brasileira de vôlei estava por lá, assim como vários outros atletas. Eles chegaram super bem (ela e o Arthur), o Arthur está super feliz e ela também, embora bem cansados (ela, porque o Arthur está no 220V).

E eu fui!

Uns curtas só para constar

Hoje foi o vôo da Soraya. Dormimos até um pouco mais tarde, terminamos de arrumar tudo e fomos até o aeroporto. Tudo tranquilo. O vôo dela com destino à Toronto saiu até um pouquinho adiantado, mas checando agora na internet descobri que o vôo com destino à São Paulo saiu com duas horas de atraso. Mas não faz mal, amanhã ela chega de qualquer jeito.

E hoje eu peguei a caranga. Uma Dodge Caravan 1994. Comprei de outro Brasileiro, o Renato, que usou a bichinha por um ano. A peruinha está boa para um carro com a idade da minha irmã (14 anos). Amanhã cedo vou ver o pneu furado, mas o carro já está licenciado, enplacado e segurado. Tudo muito fácil e rápido na AMA, 120 dólares a anuidade e eles podem me rebocar até 5 vezes por ano se por algum motivo o carrinho parar de funcionar (com carro velho essa é até uma boa precaução).

O mais engraçado é ir em um lugar, transferir o carro na hora e já sair com a placa na mão. As placas aqui não pertencem ao carro, mas ao dono do carro. O dono antigo fica com a placa antiga e eu tenho que colocar a placa nova. E sou eu mesmo, não precisa de lacre nem de nada.

E só tem que por placa no pára-choque traseiro.

...

Amanhã eu começo no emprego novo. Vamos ver se eu consigo dormir hoje. Acabei de colocar a louça suja na lava-louça e amanhã vou dar uma arrumada na casa. Preciso cuidar das coisas e ir arrumando as coisas devagarinho. Na verdade nada está muito bagunçado, a Soraya cuida de tudo direitinho. Eu preciso mesmo é arrumar o quarto do Arthur, que bagunça tudo sem dó nem piedade.

Hoje à noite eu sobrevivi de batata frita (estilo Ruffles), cereais com iogurte, manteiga de amendoim e uma garrafinha de cerveja (e algumas de água). De manhã eu comi dois pedaços de Pizza requentada.

É, acho que eu preciso melhorar meus hábitos alimentares :-).

Amanhã vou escrever sobre o emprego novo.

Até, amigos!

Fui!!!

domingo, 24 de agosto de 2008

Amanhã...

Homenagem para a Soraya que está indo para o Brasil ver a família:
Amanhã será um lindo dia
Cheio da mais linda alegria
Que se possa imaginar
Se bem que não é bem amanhã. Amanhã o vôo decola. Terça-feira de manhã eles estão chegando em São Paulo. Graças à um timing perfeito do governo Canadense (que me enviou a restituição de Sexta-feira para Sábado), pude fazer um upgrade da passagem deles para ida e volta. Agora eles já tem data para voltar e eu economizei 1000 dólares, o que foi ótimo considerando que a restituição não veio gorda como esperado (assim que eles disserem porque me pagaram apenas 60% do que eu estava esperando vou ver se o erro foi deles ou meu - e mandar qualquer documentação adicional, se necessário).

E Terça-feira eu começo no emprego novo. Sem crises no emprego antigo. Ninguém me ligou, só recebi uma mensagem no celular perguntando sobre um celular. E só. Ainda bem. Nesta semana a gente deve pegar um carrinho. Uma van. Do Renato. Me dá confiança comprar carro de um conhecido e ainda mais um conhecido que é engenheiro mecânico e montou os seus próprios brinquedinhos na faculdade :-).

E por hoje é só. Não vou me prolongar muito. Quando eu tiver mais novidades, irei colocá-las aqui.

Abraços à todos!

Fui!

sábado, 23 de agosto de 2008

FREEEEEEEEEEEEEEEEDOM



Porra! C*******! PQP! Fuck! PQP! FREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM!

Este era eu, hoje, 3 da tarde, ao fugir do escritório depois de receber o pagamento. Saí de fininho - me despedi dos três gatos pingados que sobraram por lá, e dei o fora. Fugi. Dei pista. Coração na boca. Dei um pinote até um carro, dei partida, uma marcha a ré com cuidado depois da véia safada, tive que esperar uma ambulância passar na rua e lamentei não ter um CD do Rage Against the Machine para ser a minha trilha sonora.

CAAAAAAAAAAAAAAAAAAARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA..............lho

Acho que eu sei mais ou menos como um preso se sente ao fugir da prisão. Eu só queria ir para casa o mais rápido possível. Estava em frente ao prédio onde eu vou começar a trabalhar (é caminho, além de tudo), e o trânsito pára. Dois carros de bombeiros descendo a 17 Avenida. Olho para a Deerfoot (uma rodovia dentro de Calgary) e está tudo parado. Levo uns 10 minutos e consigo sair do enrosco, indo para a Memorial Drive, que costuma enroscar mas que hoje estava livre. No rádio, o locutor vem e diz:

"Pois é, e um acidente inusitado na Deerfoot embaixo da Barlow. Uma casa entalou embaixo da ponte. Vou conversar sobre este assunto assim que tiver mais detalhes."

Provavelmente um caminhão levando uma casa na caçamba passou da altura máxima recomendada e travou todo o trânsito de Sexta-feira à tarde. Super. Sensacional, eu pensei, nada como no último dia encontrar uma casa entalada no caminho, mas infelizmente eu não pude ver tal cena (se eu soubesse que era uma casa entalada talvez eu gastasse uma meia horinha a mais só para registrar tal imagem).

Mas aí eu já estava mais tranquilo. A adrenalina já tinha passado. Porque será que eu sou assim? Me senti uma criança fazendo coisa errada. A Soraya me disse (leiam futuros patrões) que é porque eu tenho um senso de responsabilidade muito forte e preciso sentir que estou fazendo sempre a coisa certa. Sei lá.

Bom, lá pelas tantas, mais ou menos perto de casa, a secretária com distúrbio bipolar me ligou e me perguntou porque eu tinha saído mais cedo, e eu resolvi inventar uma desculpa ao invés de gritar "FREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM" na orelha da infeliz. Acho que uma hora depois eu mandei um E-Mail com o título em letras garrafais para ela, os outros filhos do véio safado e o véio safado em si:

RESIGNATION LETTER

Acho que o conteúdo é meio pessoal demais para eu colocar aqui, mas em resumo eu expliquei que preciso de mais estabilidade, que mesmo que as coisas estejam indo bem agora eu não posso apostar nisso e que eles nunca honraram algumas coisas que me foram prometidas.

Porra. Estou livre. As amarras foram soltas. A caixa de Pandora foi aberta. E eu peguei a chefia de calças curtas. Eles não esperavam. O diabinho dentro de mim deu um sorriso de orelha à orelha. No almoço eu até pedi desculpas para os meus colegas que estavam ficando por ter falado mal da empresa e por estar saindo, mas acho que eles entenderam muito bem os meus motivos. E eu sou profissional até o último fio de cabelo, tanto é que eu nem mandei ninguém à merda, nem fiz bundalelê e nem gritei FREEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM no megafone na porta do escritório.

Mas no meu MSN está escrito "FREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM" e eu coloquei a foto que começa este post.

Muito bom.

Fui!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sexta-feira

Hoje eu dei uma passada na Call Genie, a empresa onde eu vou começar a trabalhar na Terça-feira, 26 de Agosto. Fui deixar uma papelada assinada e conversar com um dos gerentões da empresa, cujo nome eu não me recordo muito bem agora. Ele me falou para chegar lá Terça-feira às nove da manhã e chamar por uma mulher cujo nome começa com "J" (eu vou ter que fazer uma terapia de regressão para poder lembrar o resto do nome).

Meu computador já está sendo preparado e na Sexta-feira eu já serei pago, o que é ótimo porque senão eu não teria o que comer nas próximas duas semanas.

Eu já trabalhei no prédio onde a empresa tem os seus escritórios, o Deerfoot 17:



Mas como a empresa já andava mal das pernas no ano passado, um dia chegamos no escritório e o mesmo estava trancado (não pagaram o aluguel). Um ou dois meses depois mudamos para um prédio industrial no "beatiful NE", como diz o pessoal da Jack FM. Ficou um pouco mais longe, embora pelo menos aqui a gente tenha mais opções para almoçar. Existem vários restaurantes em volta deste prédio aí de cima, mas o pessoal do meu trabalho (que é fresco e tem estômago sensível - deve ser toda aquela pimenta) não curtia muito inovar.

Foi um pouco estranho aparecer lá hoje. Ao chegar no andar térreo e chamar o elevador eu fui inundado por um "cheiro de prédio de Calgary". Um cheiro meio adocicado, uma mistura dos móveis com a máquina de petiscos que fica em frente ao elevador. Se o cheiro é bom ou ruim, tanto faz, pelo menos o lugar ganha uma certa identidade. Como eu não sou (muito) alérgico, não fede nem cheira :-).

Pois é. Hoje é o último dia. A gente vai almoçar em um restaurante aqui perto onde tem uma mesa de sinuca, lágrimas não vão rolar e quando eu for pago, eu vou embora. Simples assim. É um final meio melancólico para uma empresa que mais está parecendo uma cidade fantasma de mesas de escritório. Mas eu não estou triste de ser assim. Na verdade, estou é feliz e apreensivo com o emprego novo, que agora parece ser um emprego de verdade em uma empresa de verdade que tem um plano de negócios.

A minha despedida da Spring Wireless foi mais alegre e mais triste. Alegre porque eu estava saindo para uma oportunidade bem interessante (Canadá), de bem com a empresa e de bem com as pessoas que trabalhavam comigo. E triste porque eu deixei bons amigos para trás. Mesmo nos dias em que as coisas no trabalho não estavam tão bem, você ainda tinha as pessoas para conversar e aliviar a tensão. Bons amigos como o Fabrício (que está ensaiando para me visitar), a Regina (que acabou de ter um filhinho) e o Valmir (que continua lendo o meu blog) - fora a boa relação com a chefia, as conversas sobre filmes com o Kerry, as discussões de trabalho com o Jobson e todo o resto. Claro que hora ou outra aparecia um problema, mas a lembrança é boa.

Daqui eu também terei boas lembranças. Na verdade eu tenho uma tendência a ver o lado bom das coisas sobre o lado ruim. Embora eu não queira mais nenhum contato com a minha chefia, eu fiz bons amigos na empresa com quem eu continuo conversando e, hora ou outra, saindo para tomar uma cerveja e jogar uma sinuca. Eu sou o último dos moicanos. Eu e o Jerry. O Jerry é um cara legal, mas é meio míope para outras realidades. Por exemplo, a realidade de que a Soraya sente falta da família dela e que eles precisam viajar para o Brasil mesmo que o Arthur perca algumas semanas na escola. Fazer o quê?

...

Uma das coisas mais equivocadas que as pessoas pensam sobre o Canadá é de aqui "é tudo certinho" e de que os Canadenses são pessoas frias e chatas. Não é bem assim não. Dirigindo hoje eu reparei que eu era a única pessoa que estava indo na velocidade permitida. Todo mundo estava indo mais rápido. Eu até fui para a faixa da direita para deixar o povo passar à minha esquerda. Como eu estou com o carro do vizinho, uso a estratégia usada por alguém que acabou de roubar um banco - seguir todas as regras de trânsito para a polícia não te parar. Os meus vizinhos bebem cerveja em frente de casa e todo Sábado à noite meus vizinhos acendem uma fogueira no quintal e ficam bebendo cerveja e conversando até bem tarde. E não são só eles, bastante gente faz isso.

A noite aqui é mais quieta do que no Brasil? Provavelmente. As pessoas são de falar menos do que no Brasil? Talvez. Mas fica todo mundo com um caderninho olhando as outras pessoas para anotar qualquer deslize, com o objetivo de que todos os cidadão sigam um código de conduta moral perfeito e estéril? Não, não é assim.

E as pessoas? São mais frias? Depende. Ninguém aperta a mão de ninguém ou dá beijinho ao chegar em uma festa. Aperto de mão, se rolar, é quando a pessoa está indo embora. Sabe aquele filme em que o melhor amigo da vida de uma pessoa está indo para a guerra e tudo que rola é um aperto de mão? É, para algumas pessoas é assim. O nosso lado Italiano é que nos faz ter mais contato físico com as pessoas, abraçar, dar a mão, dar beijinho no rosto e gesticular os braços para demonstrar alguma coisa ao conversar.

Mas nas poucas oportunidades que a gente teve de sair com grupos de Canadenses percebemos que um pai fica orgulhoso no casamento (ou noivado) da filha e chora ao fazer o discurso, que as famílias são grandes e costumam se reunir, e que amigos conversam bastante entre si. Mais ou menos como no Brasil. Acredito que até se não houvessem tantos imigrantes e migrantes (pessoas que mudam de estado), o tal almoço de Domingo como ocorre no Brasil seria mais comum.

O ano novo que é meio paradão, ninguém liga, talvez pela temperatura de -20 graus do lado de fora. Não dá para pular três ondinhas em lugar nenhum, até porque vai ser difícil encontrar água em forma líquida :-).

Nós fizemos bons amigos Brasileiros e também bons amigos Canadenses, a Soraya na escola do Arthur e eu no meu trabalho. É bom ter este tipo de amizade para ver como as pessoas vivem de verdade aqui e como, de fato, o Canadá é para com os seus habitantes.

Fui!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Cafés

Ô Sexta-feira que não chega.

Acho que vou começar a escrever a minha carta de demissão e deixar ela nos meus "rascunhos" no Google Mail.

LIBERDAAAADE
(a versão dublada do filme Coração Valente)

Hoje de manhã estava chovendo, um dia cinza em que as nuvens parecem que vão cair do céu. De manhã eu passei no Second Cup para comprar um café e tive que colocar muito açúcar e ainda dar uma complementada com mel para adoçar o bichão. O café "dark" lá é meio amargo e eu acho que eu vou ter que pedir alguma variação mais suave. Ui.

Eu posso dar a minha opinião sobre as seguintes cafeterias daqui:

Tim Hortons:

. Café de médio à bom, fica melhor com creme; Não dá para adicionar frescuras como canela, chocolate, mel, etc...
. Atendimento nota 4 (de zero à dez). De vez em quando elas esquecem de misturar o café e em outras horas esquecem de marcar o que tem em cada copo quando se pede mais de um café por vez;
. Comida boa. Os donuts são bons, a bagel com queijo é boa e o sanduíche de rosbife é horroroso, fuja dele;
. É barato.

Starbucks:

. Café até que bom, mas extremamente quente. Absurdamente quente; Dá para colocar mel, canela, chocolate, cremes, etc...
. Atendimento nota 8, as atendentes são simpáticas e tem um sorriso bonito;
. Comida boa, mas sem variedade. E eles só tem um tipo de garrafinha de água, mais fresca que decorador em banheiro público.

Second Cup:

. Café que eu acho que deve ser bom, embora o que eu peça sejo meio amargo, eu preciso mudar a variedade;
. Dá para colocar frescurinhas como na Starbucks;
. Não tem muita variedade de comidinhas, mas o que tem parece ser bom.

Mac's e 7-11:

São os cafés matinais para quem está indo pegar o trem, como no meu caso. Eu gosto do café do Mac's, e eu acho o atendimento lá decente também. O café do 7-11 também é bonzinho e o atendimento também é bom, normalmente neste tipo de estabelecimento você acaba conhecendo as pessoas que te atendem. O café não é tão "gourmet" quanto os cafés da Starbucks ou do Second Cup mas quebra um bom galho de manhã.

Quando minha mãe veio do Brasil ela trouxe uns filtros de papel e uns pacotes de café que eu coloquei no freezer (para durarem mais tempo). De vez em quando no final de semana eu preparo um cafezinho. Se a Soraya trouxer mais uns dois quilos de café quando ela voltar do Brasil eu vou ter provavelmente um ano de estoque.

A Soraya está se preparando para a viagem, deixando a casa em ordem para quando ela voltar - neste fim de semana a gente comprou uns acessórios na Ikea só para emperequetar a casa. Uma pintura, um quadro para fotos, dois jogos de lençóis novos que a gente só tinha um, e mais umas outras coisinhas.

Ontem eu fui com o pessoal do trabalho em uma outra loja de móveis, a The Brick. É legal, embora os móveis sejam em um estilo mais clássico. O que eu mais gostei de ver na loja foram as appliances, como geladeiras, fogões e etc, e as televisões imensas que eles tem por lá. Sensacional. Mas, gosto por gosto, ainda fico com a Ikea para os móveis. Embora tenha o estigma de ser a "loja dos imigrantes", nós gostamos do fato deles terem um estilo mais moderno. E como a Soraya estava meio cansada do nosso apartamento "country" em São Paulo, foi juntar a fome com a vontade de comer.

Poxa, que pena que o Brasil perdeu nas olímpiadas no futebol feminino. Eu estava torcendo. Mas não faz mal, ainda temos os times de vôlei, se bobear eles conseguem trazer mais um ourinho para a terra Tupiniquim.

Eu torço pelo Brasil mesmo. E torço pelo Canadá também se eles não estiverem competindo com nenhum Brasileiro. E como eu torci para a Argentina perder no basquete, mas não teve jeito. Ganharam da Grécia.

Vamos ver como vai ser nos dias que se seguem...

Fui!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O CD-ROM do meu notebook e, claro, curtas

Eu troquei o CD-ROM do meu notebook velho, horroroso, capenga e todo mole. Eu tirei uns 30 parafusos do notebook sendo que só 4 eram necessários (depois de desmontar ele inteiro e ainda não conseguir tirar o CD-ROM eu resolvi ver na internet como é que fazia). Como se já não fosse bonito desmontar o bichão no meio da sala e deixar vários parafusos de tamanhos diferentes todos espalhados na mesa, eu ainda tirei umas vinte teclas do teclado. Agora o meu "J" está meio solto e a barra de espaços faz um barulhinho esquisito.

O Arthur não quis ficar atrás quando viu o papai desmontando as coisas e chegou na sala com os pedaços das duas cadeiras que ele tem no quarto. Ele me viu montando e ele aprendeu como é que faz para desmontar. Foi como a Soraya disse, "não sei se eu fico brava ou fico orgulhosa". Agora eu preciso ensinar ele a montar as cadeiras de novo!

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Ontem eu comprei a minha primeira impressora multi-funcional. Eu já tive impressora, já tive scanner, mas nunca tive os dois juntos. MP210 da Canon. 79 dólares na Memory Express. Sensacional. Faz o que deve ser feito. Tive que comprar folhas de papel sulfite e o cabo USB já que as impressoras aqui vem sem.

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É engraçado quando você espera por uma coisa muito tempo e ela acontece. É como a viagem da Soraya para o Brasil e o meu emprego novo. Você pensa "e agora?". Mas eu ainda quero descobrir como deve ser o "e agora?" quando se ganha a loteria.

...

Calgary fica muito bonita no verão. No inverno parece o filme Fargo. Mas o inverno tem seu charme. A neve é bonita. E deixa o ato de dirigir mais emocionante. E o ato de andar na rua também. Mas eu acho que a coisa que eu menos gosto no inverno é vestir uma camada de roupa por cima da outra, ao invés de gastar 30 segundos para sair de casa você gasta uns 5 minutos colocando calça em cima de calça e blusa em cima de blusa.

...

Arrumei a minha barra de espaços. Agora só o "J" que é o meu problema. Acho que vou pegar uma pecinha da tecla que eu menos uso (deve ser F12) e colocar no J para fazer ele funcionar direito.

mnuuuu-----[[[[[[[[[[=-

Droga, não dá. A pecinha do F12 é diferente.

Deixa eu v////////////////////////////////////////////kkkkkkkkkkkkkhutthkmmkkkkkkkkohukoooooohuuuuuuokukkkkkkkkkkkkkkkkkkkkohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhnunmkhmhhhhhhnuuykkhhh;]kllllllll;mkkm;;hhhhhhomkkkkkkkkkk/';;klh;mújjjjr... O Alt direito, acho que eu nunca uso ele./¿¿/

Pronto. Teclas trocadas. Ficou bonito de ver.

Eu gostaria que os meus anos de "arrumador" de computadores tivessem sido mais úteis. Mas de qualquer jeito o notebook parece estar funcionando bem. E eu até já usei o CD-ROM.

...

Falando em "quando eu era mais novo", quando eu era mais novo eu podia ter aprendido a surfar. Nunca aprendi. Segundo o Kb.Lo eu aprendi as duas primeiras lições, remar e depois ficar sentado na prancha esperando a onda. Mas nunca consegui ficar de pé na prancha. Mas quando eu for para algum lugar com ondas e pranchas para alugar vou perder a vergonha e pedir uma long-board (que é mais fácil de se equilibrar em cima). Mas até que eu sabia nadar relativamente bem (se bem que eu achava que nadava mais do que eu nadava de fato, já que eu quase me afoguei umas duas vezes).

...

Eu falo tanto dos meus amigos que ficaram no Brasil porque a gente passou muita coisa junto. Eu tenho 30 anos e conheço o pessoal que ficou por lá desde os 16 anos. É bastante tempo, bastante suficiente para todo mundo se chamar de irmão sem ficar parecendo "mano".

...

Será que eu estou saudosista porque a Soraya está indo para o Brasil?

...

Alguém acabou de queimar a largada em uma corrida na TV. Tsc, tsc. Tem alguma outra tecla que não está 100%, preciso descobrir qual é. Até agora eu não apertei o Alt direito. Magavilha, Alberto!

...

Eu estou começando a escrever por escrever e este post está ficando sem sentido. Amanhã quando eu tiver sobre o que escrever, escreverei.

Fui!

Alguns curtas que não são tão curtos

Ontem chegou o meu MP3 Player. Um Creative Zen. Ganhei com as minhas milhagens da Air Canada. Mais precisamente, 11500 milhas. Demorou alguns meses, mas eles finalmente processaram a viagem que eu fiz para São Franciso ano passado e eu pude pedir o tal do aparelhinho.

Sensacional. Eu me sinto meio Zé com estas coisas, mas é sensacional poder ouvir músicas no transporte público a caminho do trabalho. Comecei com Chico Buarque:

. Construção e Deus lhe Pague (por este pão pra come, por este chão pra dormir);
. Cálice (pai, afasta de mim este cálice...);
. Pedaço de Mim (a saudade é como um barco ... que aos poucos descreve um arco ... e evita atracar no cais);
. Hino de Duran;
. Pivete (no sinal fechado ele vende chiclete).

Depois eu cansei de Chico e fui ouvir um pouco de serenata Espanhola (Astúrias e Recuerdos de lha Alhambra).

Depois eu cansei da serenata e fui ver os clipes que eu tinha colocado sem querer no MP3 (Amy Winehouse).

Aí depois eu cansei das minhas músicas e liguei a rádio (XL 103), e fiquei ouvindo "Why Can't We Be Friends".

Sensacional. Eu ouvi Deus lhe Pague (óbvio que o vídeo vai sair do ar em uns poucos dias) umas três vezes e fiquei pensando na empresa onde eu trabalho:

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague


(o único aspecto da música que tem a ver com a minha vida é o trabalho - no resto a minha vida é mais interessante do que a do coitado que é o protagonista da música. A versão que toca depois da música Construção é um pouco mais curta)

Chico Buarque é o cara. A Cristina, esposa do meu pai, devia ficar louca da vida comigo quando eu ficava ouvindo um dos LP's que o meu pai tinha sem parar. Eu sou meio estranho - o primeiro LP que eu pedi foi o The Wall, do Pink Floyd.

Bom, começo no emprego novo Terça-feira, dia 26. Segunda-feira eu vou levar a Soraya no aeroporto já que ela e o Arthur estão indo para o Brasil il il. Vai ser meio estranho voltar para a casa vazia. Dá até letra de música. Vão ser cinco semanas dormindo com a persiana do quarto aberta. Vou tentar dar uma ajeitada "da boa" no quarto do moleque e arrumar nos papéis no armário da cozinha, que já está dando até medo de abrir.

Falando do emprego novo, eu pensei, pensei, pensei e pensei e achei melhor não mandar o vídeo do Freedom para o meu chefe. Buáááá. Mas eu vou mandar um E-Mail detalhando todos os motivos da minha saída, o que eu acho dos rumos que ele está dando para a empresa, mas infelizmente não vou pedir para ele fazer algo anatomicamente impossível (go f* yourself!). Mas Sexta-feira eu vou mudar o meu MSN para FREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM.

A raiva da empresa diminuiu já que, queira ou não queira, eles pagaram os salários atrasados. Eles ainda me devem muito dinheiro, mas deste eu nunca vou ver a cor. Não faz mal. Chorar leite derramado não faz bem à ninguém. O melhor nestas situações é cortar vínculos e dar tchau e benção. Um dos meus ex-colegas de trabalho me disse para ir e gritar "FREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM" na sala do chefe, mas eu disse que era um stress desnecessário (para mim). Acho que a minha saída já vai ser um baque grande para o hômi, já que ele com certeza não espera a minha demissão (já que eu estou aqui com uma Work Permit).

E, puta merda, a Soraya não vai precisar trazer uma garrafa de cachaça para a filha do chefe. Se bobear a gente aproveita a quota dela e tras uma para a Cecília e o Antônio, já que o Antônio sabe preparar uma caipirinha das boas.

...

Eu gosto dos jogos olímpicos. Dá gosto de ver alguém ganhando a medalha de ouro. E finalmente a ginasta favorita dos Estados Unidos ganhou o seu ouro. Pena que o Brasil saiu dos jogos Olímpicos no futebol. Eu gosto de torcer para o Brasil, eu vibrei quando eu vi na Internet que o Cielo tinha ganho o ouro. Sensacional.

...

É isso aí. Eu tinha pensado em mais coisas para escrever aqui mas elas foram para baixo com o meu café matinal. Se eu lembrar eu escrevo de novo.

Fui!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

E uma nova era começa

Pois é.

Como a Soraya disse, as coisas boas vem em ondas. E hoje, 19 de Agosto, eu recebi o meu MP3 Player que eu ganhei com as milhas da Air Canada, a Soraya recebeu uma cópia da passagem para o Brasil pelo correio e...

... CHEGOU A MINHA NOVA PERMISSÃO DE TRABALHO

Pois é. Liberdade. Freeeeeeeeeeeeeeeeeeeeedom. A minha primeira idéia foi "foda-se, vou começar lá amanhã", mas depois eu parei para pensar e decidimos (eu e a Soraya) que seria melhor começar semana que vem e receber o pagamento aqui esta semana.

Segunda ou Terça-feira da semana que vem (já que Segunda-feira de manhã a Soraya vai viajar) uma nova era começa. E, se tudo der certo, vai ser melhor do que foi até agora aqui na padaria onde eu trabalho.

Mais do que felicidade, estou é com uma sensação de alívio.

Fui!

Associações de livre pensamento

Eu pensei em um Memê meu. Falar alguns lugares do mundo e a primeira coisa que te vem à cabeça:

Europa - queijo
Portugal - bacalhau
Itália - pizza e a torre de piza
Londres - névoa
Suíça - bancos
Suécia - sovacos femininos com pelos (sei lá porque cargas d'água)
Austrália - cangurú e água-viva
Canadá - frio e a mapple leaf
Estados Unidos - comida ruim e povo não muito acolhedor
Espanha - xingamentos em Espanhol
Alemanha - pessoas sérias, uma língua estranha que tem o melhor "não"do mundo, um Ná que dá até gosto de falar
Inglaterra - a rainha da Inglaterra e o Tony Blair
Brasil - sol, calor e catupiry
Normandia - eu só vejo uma imagem branca e penso "é, lá deve ser frio"
Miami - pessoas que gostam de se exibir, carrões e um ar artificial
São Francisco - pessoas mais tranquilas, carrões e um ar mais natural (e a Golden Gate Bridge)
Santos - pastel do Toninho
São Paulo - pizza
Leste Europeu - névoa e uma língua ininteligível
Oriente Médio - fanatismo religioso e guerras sem fim
Russia - o som do rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
Japão - casas pequenas, musiquinha para atravessar a rua e um povo meio estranho
China - Big Brother (o livro - que eu nunca li)
Vietnam - noodles
Monaco - fórmula 1
Tibet - o filme dez anos no Tibet e o chá de manteiga que eles tomam no filme e que deve ser horroroso
México - te chamas Miguelito? Te chamabas!
Venezuela - Hugo Chaves
Chile - nada em particular - que coisa
Argentina - churrasco
Bolívia - um certo pó branco
New York - a camiseta escrito "I love NY"
Vancouver - chuva
Calgary - pó (sei lá porque cargas d'água - eu gosto da cidade)
Caraguatatuba - chuva (até rima) - na verdade eu tenho várias lembranças de Caraguá porque afinal eu cresci lá - como a casa da minha mãe, as praias, o fato de que a cidade não tem um semaforozinho sequer, etc...
Belo Horizonte - Bérizonte (Mineiro que é Mineiro brevia as balavras)
Antárdida - pinguins
Pólo norte - esquimós
Gália (a terra do Asterix e do Obelix) - eu só consigo pensar que aquele Javali que eles sempre comem no fim das historinhas deve ser bom demais da conta
Irlanda - cerveja
Hong Kong - King Kong

Nossa, saiu bastante coisa. Eu gosto destas associações de livre pensamento.

Fui!

Preciso ver se a outra notícia já saiu no jornal

As notícias do jornal de hoje

Calgarians swelter in record heat
Calgary hit a record temperature yesterday, reaching 33.7 C, according temperature readings by Environment Canada late yesterday afternoon. The previous high was set in 1919 at 33.3 C.

With the high temps, Calgary EMS is warning Calgarians to take proper precautions to reduce the risk of heat related illness and injury. Applying sunscreen of 30 SPF or greater, keeping hydrated and avoiding midday sun are some of the top tips provided by city emergency medical services.

Children and the elderly are more susceptible to heat exhaustion and dehydration.
Pois é. 33.7 graus Celsius. Recorde absoluto (pelo menos é a impressão que a notícia acima me deu). Mas realmente estava quente - ainda bem que a gente deu uma saída à noite e nos livramos da casa no período em que ela fica mais quente, e ainda bem que aqui esfria à noite. A temperatura de manhã era de 17 graus e eu até cobri o Arthur ao sair de casa. Em Santos era impossível dormir em algumas noites.

Eu falei para o Jerry que estava quase como o lugar onde eu morava no Brasil. Mas existem algumas diferenças:

. Em Santos a temperatura chega fácil nos 38 graus Celsius e algumas vezes o termômetro encosta nos 40 graus Celsius;
. Com todos os prédios na orla da praia não venta muito nas ruas da cidade (tem dia que não venta absolutamente nada);
. Calgary tem um número absurdamente maior de árvores - e isto ajuda a refrescar a cidade;
. E em Santos não esfria à noite.

E a outra notícia, bem interessante também, eu vou colocar daqui a pouco quando eles liberarem a cópia da versão local na Internet, já que no site eles não publicaram nada (é uma que fala sobre como as pessoas que usam o transporte público são mais magras do que as que andam de carro).

Fui!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Véia safada parte II, calor, Ikea

Hoje eu fui na Budget pagar os 315 dólares da franquia do seguro da Budget, graças à uma marcha a ré infeliz e uma véia safada que acelera ao invés de brecar para evitar acidentes. Fui na sede da Budget, perto do aeroporto - e com o mapa a tiracolo, embora agora eu já saiba como chegar do ponto A ao ponto B mais ou menos bem, como Calgary é uma cidade quadradinha a orientação é tranquila - e o espelho retrovisor do carro do vizinho ainda me diz se eu estou indo para norte, sul, leste, oeste e os demais pontos cardeais.

Bom, fui lá falar com uma tal de Miranda St Pierre, uma senhora que está mais para Pierre do que Miranda. Bom, eu fui até além do aeroporto à toa, já que eles não tinham maquininha de débito por lá. Perguntei se tinha alguma caixa eletrônico por perto e o mais próximo era no aeroporto - e o estacionamento por lá é pago. Muito prestativa, a sra. Pierre me deu o endereço de uma outra Budget, ela até fez um mapinha com quatro pontos de referências na estrada e todos os pontos estavam corretos - surpreendente. Fui na outra Budget feliz da vida com o meu cartão de débito, mas eles também não aceitavam - mas desta vez no posto de gasolina do outro lado da rua tinha um ATM (caixa eletrônico).

Paguei e peguei um recibo. Aliás, quando eu pedi o recibo o atendente ligou para um atendente nível 2 e no meio da conversa ele disse "é, eu disse para ele que não precisava, mas ele quer mesmo assim". E eu, tentando ser simpático, disse "you know, that's just in case", mas o coitado estava tão ocupado (eles precisavam de mais uns funcionários por lá) que nem um "yeah" ele falou.

E detalhe que esta outra Budget ficava a DUAS quadras do meu trabalho.

...

Hoje está um calor de lascar em Calgary. 36 graus. Celsius. Sério.

A gente foi na Ikea hoje comprar uns quadros, um espelho grande e uma capa para a cama (é como se fosse um colchão de "cima", mais macio), mas infelizmente a tal da capa estava esgotada. Ir na Ikea é um ritual. A primeira parte do ritual é ficar tentando fazer aquele carrinho maldito ir na direção que você quer. A segunda parte é montar tudo em casa. A terceira parte é apreciar a obra.

....

Nos meus últimos passeios de carro eu estou levando o mapa a tiracolo. Hoje na volta do trabalho de uma BELA de uma ajuda. E eu passei por uns dos bairros mais bonitos de Calgary, que fica na beira do Elbow Park. Quando o calor acabar e minhas pernas pararem de doer eu vou dar uma pesquisada e colocar o nome do bairro, história, localização e percentual de imigrantes aqui. Nem vou pesquisar o valor médio do aluguel que eu não quero ficar triste.

...

TRINTA E SEIS GRAUS. Imagina o Brasileiro que ao ouvir Canadá só pensa em pinguim (que aliás nem tem aqui, só no polo sul), e quando chega aqui se depara com um calor tropical. E como as casas aqui são projetadas para manter o calor fica um calor de lascar do lado de dentro. O bom é que a temperatura que agora é de 20 graus será de uns 17 no decorrer da noite, e de madrugada dá até para colocar o edredon.

Eu VOU ME ARREPENDER DE FALAR ISSO DEPOIS, mas eu até senti falta da neve, por uns poucos segundos...

...

Fui!

domingo, 17 de agosto de 2008

Um final de semana Brasileiro

Neste final de semana conhecemos duas famílias de Brasileiros que estão conhecendo Calgary pela primeira vez. Um dos casais foi a Eliane e o Paulo, que vieram com as duas filhas para morar - casal aplicado, já estão bem antenados na cidade e até GPS já tem. O churrasquinho foi muito bem, e a gente tem que aproveitar o lado de fora enquanto ainda dá. A Eliane lê o blog com frequência e também tirou sarro da véia safada! Aliás amanhã eu vou lá na Budget pagar os 315 dólares da franquia do seguro.

E no Domingo recebemos um outro casal, de Lorena (São Paulo), o Cláudio e a Adriana, que "nos conheciam" pelos blogs e me mandaram um E-Mail dizendo que chegaram à cidade (para um programa de intercâmbio) e que gostariam de dicas de lugares para passear, parques, etc... Eles vieram até em casa e a gente resolveu mostrar um pouco da cidade com o carro do vizinho (a gente também conheceu alguns lugares novos, como a área que deve ser perto do parque Bowness, já que o parque em si a gente não conseguiu achar).

Depois fomos levar eles em casa, em uma das comunidades novas da cidade, Taradale, onde 27.8% da população é formada por imigrantes (aqui em Killarney 16.3% da população é formada por imigrantes), e as casas são todas single family detached homes, mas bem menores que a da foto da Wikipedia. Foi bom para passear (e também para salvar uma hora de transporte público para os dois), e qualquer desculpa para usar o carro do vizinho, a gente está indo.

...

Essas comunidades mais novas são engraçadas, as casas (e as ruas) são todas bem parecidas e fica tudo com uma cara um pouco mais "impessoal". Outra coisa estranha é que só tem calçada de um lado da rua. Eu estava até lendo em algum lugar que um dos problemas das comunidades novas é que não existem muitas opções de lazer a pé, normalmente o carro tem que ser usado para tudo (como se Calgary fosse o óasis dos caminhantes). Outra coisa engraçada é que lá a renda média mensal de cada família é de 58.309 dólares, enquanto aqui em Killarney, que teoricamente é um bairro mais caro, a renda média é de 46.548 dólares. Acho que deve ser porque em Killarney existem muitos estudantes e, como se sabe, estudante não ganha quase nada.

...

Foi bom conhecer gente nova e rever os amigos antigos. A gente ainda tentou ligar para o Kb.Lo mas acho que ele não estava em casa. Devia ter ido para a balada.

...

Eu recebi um outro E-Mail de uma leitora do blog de London, Ontário, a Cláudia Sasse, que resolveu compartilhar a história dela e mandou umas fotos da família (ela é casada com um Canadense e tem uma filha pequena, de nove anos, que já não fala mais a língua de Camões - mudou para Shakespeare). Eu e a Soraya achamos ótima a idéia dela se apresentar!

...

Nossa, que coisa. Eu falando de leitores do blog. É bom para encher um pouco o meu ego. O Kb.Lo quando ler isso vai escrever um comentário dizendo "deixa de ser bicha"! Poxa, Kb.Lo, você precisa criar um blog para eu poder te xingar também. Para que servem os amigos?

...

Acho que já compramos tudo que tínhamos para levar para o Brasil. Pai, avisa as meninas que elas finalmente vão ganhar os MP3's. Tenho que comprar mais uma lembrancinha para minha mãe, um bottom com a folha do Canadá, e uma camiseta para uma amiga da Soraya. Aí acabou. Segunda-feira, dia 25, eles vão pegar o avião. Demorou, mas chegou.

...

Três pontinhos

...

Acabou de cair uma chuva de verão em Calgary. Amanhã a temperatura será de 34 graus. Acho que vai ser o último dia de 34 graus deste verão. Este é o extremo máximo. O extremo mínimo é -35 graus. Digamos que o extremo mínimo dá um significado melhor para a palavra "extremo". A chuva de hoje foi precedida de raios, bem próximos de casa, daqueles que fazem parecer que alguém tirou uma foto com flash a dois metros de você. No comecinho da chuva veio o granizo, coisa comum por estas bandas. Foi bom para molhar a grama que mais estava parecendo um capim seco.

...

Estou escrevendo no fantástico ritmo de 10 palavras por minuto. Pouco. Estou com sono. Não sei bem, mas eu acho que consigo dar conta de umas 50 palavras por minuto escrevendo no ritmo de um esquilo eletrificado. Acho que é hora de ir tirar uma soneca.

...

Fui

.. (dois pontinhos só para ser diferente)

Fui!!!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Canadá, curtas e pensamentos

Eu estava lendo alguns tópicos nos grupos de discussão e me lembrei de uma pergunta que sempre me fazem quando descobrem que eu sou do Brasil:

"Porque você veio para o Canadá?"

E eu respondo "não sei, aconteceu". E pior é que foi isto mesmo. Eu provavelmente já falei sobre isso várias vezes no blog, mas foi uma oportunidade de trabalho que surgiu e que a gente agarrou e segurou até conseguirmos vir. Foi meio difícil enquanto eu estava no Brasil (foi bem difícil) porque eu saí do meu emprego e fiquei trabalhando em casa sem receber. Seis meses depois nós estávamos em uma encruzilhada, com uma chance real das coisas aqui não darem certo, e tivemos que decidir de novo por vir já que tínhamos gasto tanta energia até então. Eu já estava com os dois pés fora do Canadá mas a Soraya fazia mesmo questão de vir e a gente decidiu que ia arriscar (já que a situação financeira da empresa aqui não era grande coisa) e eu peguei o avião umas semanas depois.

O meu primeiro mês aqui foi bom e ruim ao mesmo tempo. Depois de passar seis meses em casa com o moleque por perto o dia inteiro, a distância se faz sentir BASTANTE. E eu não tinha as comodidades que eu tenho hoje, como internet em casa, skype, telefone internacional e todos estes mimos. A minha primeira noite aqui foi horrível, eu estava cansado da viagem, liguei para o Brasil e o Arthur falou "papai, quando é que você vem para casa?" ou algo do tipo e eu chorei que nem criança. Eu estava me sentindo um lixo humano depois de 40 horas acordado. E nem conseguir ligar o chuveiro no banheiro do hotel eu consegui, tive que ligar para a recepção e pedir para eles mandarem alguém.

Mas depois de uma boa noite de sono meu humor melhorou bastante e eu pude conhecer a cidade com mais calma. Eu falava com a Soraya no Brasil quase todo dia e a gente se apoiou bastante nesta fase. Eles estavam loucos para vir logo também. De novo, ela que me manteve na linha e segurou a bronca. A espera foi um pouco maior do que a gente esperava...

... mas quatro semanas e alguns contratempos depois (depois da terceira semana a saudade aperta), eles chegaram. No começo a gente se sente meio deslocado, mas depois vai conhecendo mais a cidade e amadurecendo também. Mudar é uma coisa fantástica e complicada ao mesmo tempo - você perde quase todas as referências que você acumulou durante a sua vida, mas a descoberta e o contato com as coisas novas é algo estimulante, e que te faz querer continuar no "novo" até que o "novo" vire o seu dia-a-dia.

A viagem do Arthur e da Soraya para o Brasil é algo há muito tempo esperado e que finalmente saiu. Nós temos o costume de criar "metas" para poder continuar as coisas e a viagem para o Brasil era uma destas metas, e por várias vezes foi uma oportunidade que escorreu pelas mãos.

Mas agora vai! Eles merecem!

Só terminando de responder a pergunta lá de cima, eu acho que nunca pensei em vir para o Canadá. Parecia frio demais, vazio demais, longe demais e com gente de menos. E Calgary? Nunca tinha ouvido falar. Tive que pedir para soletrarem. Fiquei surpreso quando descobri que era a TERCEIRA maior cidade do Canadá e tinha mísero um milhão de habitantes. Come-on, um milhão?! Mas aqui estamos...

...

Falando em metas, eu também tenho minhas metas:

. Entrar no emprego novo para comprar uma bicicleta e perder minha amiga incoveniente, a barriga;
. Receber a restituição de imposto de renda (será que ela existe?) e comprar um violão;
. Receber a permissao de trabalho e mandar um E-Mail para o meu chefe com o videozínho FREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEDOM do filme Coração Valente e explicar que na vida tudo é passageiro, menos o cobrador e o motorista.

...

. Junto com a incumbência de cuidar do gato do vizinho vem também a parte de limpar a merda da gata velha. Não contente com a caixa de areia ela resolveu cagar o porão inteiro. E é carpete. De repente, me senti menos culpado por estar usando o carro deles hora ou outra;
. Ontem cheguei em casa e fui com o Arthur no parquinho que é o "buraco". Não sei o que é aquilo nem como explicar, mas do lado do parquinho tem um campo do tamanho de uma quadra que é afundado em relação à rua, com várias mensagens de "não fique aqui se começar a chover". Deve ser tipo um piscinão daqueles que tem em São Paulo, mas mais humilde.

. Comecei a trabalhar com PHP no trabalho. É uma linguagem de programação para Internet. Aprender uma linguagem de programação nova é que nem aprender uma língua nova - a gente tem que consultar o dicionário para tudo e não dá para montar uma frase completa sem ajuda.

. Ontem eu fiquei vendo um esquilinho escalando a árvore de casa por uns 10 minutos. Na ponta de um galho tinha umas frutinhas pretas que eles devem adorar, porque o coitado quase caiu da árvore umas cinco vezes tentando alcançar o seu manjar dos deuses;
. Aliás, eu comi manjar uma vez. Não tinha gosto de nada;
. O pessoal do trabalho fica surpreso com o fato de que eu gosto de sal e que eu consigo comer sal sem tomar água depois (eu faço isso às vezes quando estou com um gosto ruim na boca, eu sei que não é bom, mas é só um pouquinho). Sal? Sal não é nada, eu não sei como é que eles conseguem comer tanta pimenta e ainda sentir algum outro gosto.

. Eu lembrei de alguma coisa positiva, esclarecedora e resolvedora dos problemas da humanidade enquanto eu estava no ônibus, mas ela foi esquecida em alguma pedrinha que eu chutei na meia quadra até o trabalho;
. Ontem eu cheguei atrasado porque o Arthur mudou a hora do alarme para nove horas;
. Hoje eu chegue atrasado porque eu não vi que o Arthur colocou o relógio para nove horas da NOITE, e ao atrasar o alarme duas horas eu botei ele para despertar sete da noite e não da manhã, como o esperado;
. E quando eu acordei e olhei que o dia estava mais claro do que deveria estar (e eu estava mais descansado do que de costume), pensei "nossa, mas eu arrumei o horário do alarme". Olho e vejo que o horário do alarme está "PM" e não "AM";
. Acordei e fui cobrir o menino. Pensei "boa Arthur, você deu uma hora a mais de sono para o papai";
. Aliás o Arthur só não se descobre quando está fazendo um frio glacial em casa. E eu sempre durmo de edredon;
. Palavra estranha. Edredon. Deve ser Francês.

Falando em Francês, liguei hoje para a receita federal daqui e me atendeu um Francês que não falava Inglês direito. Vou ter que esperar mais um pouco. Acho que até o Natal a restituição chega.

Nossa, quarenta minutos já se passaram desde que eu comecei a escrever. E, como eu cheguei atrasado, já é hora do almoço. Acho que eu vou comer para sumir com a culpa de não ter trabalhado ainda :-).

Fui!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Respondendo a pergunta do Luciano (trabalho e TI no Canadá)

Sou leitor do Blog do Rio de Janeiro e da area de TI tb... faz tempo que eu não comento teu blog, mas lendo uns posts antigos onde vc fala aí do teu trab " eles fingem que pagam eu finjo que trabalho..." e tal... te pergunto (pq é uma dúvida minha):
Você profissionalmente se arrepende de ter imigrado ou acha que aí é mais fácil (agora q vc tem exp canadense) do cara de TI arrumar um emprego na área (programação C++, Java, enfim) ? Vc voltaria a morar no Brasil ? Desculpe o incômodo mas gostaria de saber sua opinião depois desse tempo que vc tá aí.... Obrigado, Luciano.


Poxa, boa pergunta.

Bom, Luciano, TI é uma área à parte. Como não existem diferenças nos termos técnicos e como um profissional de TI já está acostumado a lidar com o Inglês no dia-a-dia, a adaptação ao trabalho em uma empresa Canadense é relativamente simples. Dá mais trabalho se acostumar a falar Inglês o dia inteiro e se habituar a comida daqui do que "entrar" de cabeça no que você faz.

A empresa onde eu trabalho é dirigida por um senhor que se preocupa mais em como a empresa vai no mercado de ações do que se ela dá lucro propriamente ou não. As duas coisas (dar lucro e ir bem no mercado de ações) não precisam andar juntas e aqui, elas realmente não andam. Além disso, esta é uma empresa familiar (o velhinho e seus três filhos estão aqui), eles costumam bater cabeça dia sim, dia não, e para melhorar tudo a ética do velhinho acabou quando ele roubou o primeiro pirulito na escola.

Em resumo, é uma zona. Mas eu acho que é uma exceção. Eu digo "acho" porque eu não trabalhei em outras empresas aqui e não dá para ter uma opinião mais "científica" sobre isso. Mas eu estou mudando de emprego e a empresa para onde eu estou indo (Call Genie) parece ser bem mais organizada, ética e com um foco definido do que a empresa (que deveria ser de mídia) em que eu estou agora.

Sinceramente, eu acho que aqui não é muito diferente do que no Brasil. Existem empresas boas, empresas médias e empresas ruins. É meio óbvio, mas é o que eu acho. Existem péssimos programadores que acabam conseguindo uma vaga em alguma empresa de TI que tem um processo de contratação mais relaxado precário, existem outras empresas que são bem mais criteriosas e avaliam os aspectos técnicos e não se importam muito com as perguntas de RH (é o caso da Call Genie), e existem as outras que só querem bater um papo e tentar decidir se você é a "cara" que eles querem. Eu passei por uma destas.

Se eu me arrependo de ter vindo? Não, não me arrependo. Profissionalmente foi até um certo retrocesso vir trabalhar aqui, eu gostava bastante do lugar onde eu trabalhava no Brasil e vir para trabalhar com uma linguagem que não era a minha favorita em uma empresa com poucos funcionários. Mas a vida aqui é mais tranquila do que no Brasil e não existe a cultura de "ficar até mais" tarde como é bem comum em São Paulo. 5 da tarde vai todo mundo pra casa e pronto. Devem existir exceções (como um "burst" para fazer uma entrega"), mas esta é a exceção. A regra é ir embora para casa cedo.

Se é difícil arrumar emprego? Foi mais do que eu pensei que fosse ser. Mas eu não tenho nível superior (parei no colegial técnico, fica como "asssociate degree" no currículo), a minha experiência internacional era pequena (um ano apenas), e eu não tinha educação em nenhuma instituição Canadense. Além disso, eu estou aqui com uma Work Permit, o que atrasa qualquer constratação em uns dois meses. E para piorar eu fui procurar emprego na época das férias de verão, em que as empresas estão em marcha lenta já que tem muita gente de férias (como se fosse o Brasil entre o Ano Novo e o Carnaval).

Em resumo, foi um pouco mais difícil do que eu tinha achado a princípio. Mas cada caso é um caso e o meu caso tem vários poréns. Um junior que trabalhava comigo e com pouquíssima experiência de trabalho conseguiu arrumar emprego rápido porque era um residente permanente (ele é da Índia) e porque fez um curso aqui na Universidade de Calgary.

É importante você ter um Inglês pelo menos mediano na hora de fazer a entrevista (dependendo da filosofia de desenvolvimento da empresa, eles podem exigir mais neste ponto), e se a sua experiência for maior que a sua educação (meu caso) torcer para a entrevista ser técnica. Mas eu penso que mesmo se no começo você não conseguir achar o emprego ideal, depois de algum tempo aqui ele vai aparecer. A área de TI requer menos adaptação do que outras áreas, e com alguma experiência Canadense mais e mais portas devem se abrir.

Se arrumar emprego aqui é mais fácil do que no Brasil? Para mim, Ravi, que já trabalhei em cinco empresas (e prestei serviço em outras tantas), e conheço um sem número de pessoas no Brasil que podem me indicar para um trabalho (e que me dão uma contratação garantida em pouco tempo), não, não é. O "QI" (quem indica") é um fator importante na hora de contratar - e aqui eu não tive tempo de criar uma rede de "QI"'s. Aqui, eu dependo de outras redes para conseguir arrumar um emprego (recrutadores, sites de emprego, etc...), e eu sempre tive mais dificuldade com este tipo de contratação. Aqui foi o primeiro emprego que eu arrumei sem ninguém "de dentro" da empresa me indicar (tirando a COSIPA, que foi um programa de estágio), e mesmo assim a recrutadora foi indicação de outra pessoa.

Quem tem amigos, tem tudo.

Se eu voltaria a morar no Brasil? Claro! Sério, eu gosto do Brasil. Se eu volto a morar logo? Isso eu já não sei. Existem 300 coisas que fazem a balança pesar - mas agora eu não penso em voltar e com a perspectiva do trabalho novo em uma empresa sério o futuro aqui fica menos nebuloso. O que eu penso mesmo na hora de voltar para o Brasil não é o emprego em si (eu gostava do meu trabalho e eu posso voltar para lá se eu quiser), mas como eu ficava cansado do trânsito de São Paulo ou de viajar todo dia quando eu morava em Santos, no litoral. Mas se a balança pesar para o lado do Brasil, a gente pode voltar sim.

Se vale a pena? Com certeza. Eu não me arrependo de ter vindo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ultimamente...

... eu tenho escrito na mesma velocidade com que eu penso (eu digito bem rápido e o pensamento, bem, ele é um pouquinho mais lento), e às vezes meus textos ficam meio confusos ou muito longos, e às vezes, os DOIS!

E com as minhas noites de pouco sono, graças à uma criança com energia infinita em casa (mas que a gente adora), eu tenho trocado mais as palavras nas frases do dia-a-dia:

. Fecha a luz e apaga a porta;
. Vou acender a carne e salgar a churrasqueira;
. Soraya, pega o banho que eu vou tomar um sabonete....

E poraí vai.

Ou então, que nem o Arthur, que disse estes dias:

"Mamãe, eu misso meus amiguinhos da escola"

Misso? Vem do verbo "To miss", em Inglês, que no sentido usado na frase acima quer dizer "sentir saudades". E tem outras, como "amarelo carro" e "gostosa melancia", já que no Inglês o adjetivo costuma vir antes do substantivo.

Fui!

Pensamentos diversos

Quando eu comecei a escrever no blog eu costumava escrever mais palavrões. Agora eu pelo menos não os escrevo literalmente, eu coloco asteriscos no meio (p****, c******, m****), e poraí vai. A gente vai vivendo e aprendendo.

...

Hoje em dia eu me arrependo um pouquinho de ter dado o nome "Me At Canada" para o blog. Sei lá, acho que alguma coisa menos original como "Meu blog" ou "Olha eu aqui, mamãe" seriam mais legais, mas já que eu sou eu, e eu estou no Canadá, vai continuar sendo "Me At Canada" mesmo.

...

(este não é pensamento)

A gente comprou um Wii. É aquele videogame que tem o controle que é sensível aos movimentos, em três dimensões (palavra da Wikipedia e plágio na cara dura). Ontem eu comprei um volante (baratinho, dez dólares, é só para colocar o controle no meio e ficar mais intuitivo) e a gente ficou jogando uns joguinhos de corrida. Uns amigos do trabalho me emprestaram uns jogos e o Arthur adorou foi o Excite Truck, uma corrida de picapes onde dá para pular, acionar o turbo e soltar fogo pelo escapamento, bater nos carros dos competidores, etc... Até agora a gente tem gostado, mas é claro que os jogos são meio basiquinhos quando você compara com um PS3 da vida. Mas ele custa um pouco mais da metade do preço do PS3 mais barato, então eu diria que vale a pena.

...

(este é um fato)

Na abertura das Olímpiadas na China eles usaram uma menina bonitinha que dublava a menininha feinha. Coisa feia.

Eles também tiveram uma tela azul do Windows no final da abertura, e mostraram fogos de artifício digitais em alguns momentos.

Por isso que a gente tem Pluma ao invés de Puma e é por isso que eles não funcionam direito!

...

(dica culinária)

Ontem a gente foi no Swiss Chalet aqui em Calgary. Não é um Chalé, é um restaurante que serve um galeto igual ao Brasileiro, segundo a Soraya - foi dica da Cecília. A Soraya disse que o sonho do frango dela é ser igual ao frango que eles servem por por lá. Vale a dica, e não é muito caro, eu diria que é um "$$" na minha escala:

$ - shopis centis e fast-food
$$ - pagável uma vez por semana
$$$ - pagável uma vez por mês
$$$$ - pagável uma vez por ano
$$$$$ - impagável

Eu comi um bife bom, RARE (sangrento, a moça até falou que "so, you want it bloody, right?"), estava bom também. Mas como aqui eles não tem Picanha nunca vai ser igual ao Brasileiro.

...

(este é um ditado popular)

Quem espera sempre alcança.

Mas é sacanagem olhar o tempo de processamento das permissões de trabalho e ver que a cada semana eles aumentam o número de dias e o prazo nunca chega.

...

(eu sou um folgado)

Ontem eu vim trabalhar de carro (por isso que eu sou um folgado).

E a gente deu uma volta pela cidade, passamos pelo Mount Royal, passamos por um parque grande na beira do rio com pessoas correndo e andando de patins e nos sentimos na praia por um segundo, e depois fomos até Inglewood, um dos primeiros bairros de Calgary, que tem umas casinhas bem charmosas e bem velhas. É legal ver que a cidade é mais do que as quadras quadradinhas e as casas creme do nosso bairro - que até são bonitas - mas ver que existem ruas que não são simétricas e casas que não tem a arquitetura atual é como viajar para uma cidadezinha diferente.

Depois de rodar pela cidade eu fui alimentar o gato do vizinho e aí a gente foi no Swiss Chalet. Eu sei que é o bichano está com fome quando ele fica miando ao me aproximar da porta. Miaaaaaaaau, miaaaaaaaaaaaaaaaaaaau, e você que não tente fazer carinho na fera. Acho que quando o gato atinge os 13 anos de idade ele prefere passar as costas no concreto à receber carinho de um ser humano. Magoei.

Sniiif. Ele gosta menos ainda do Arthur, eu não sei porque mas eu acho que os filhos do meu vizinho devem ter judiado do gato. Em momentos extraordinários em que o gato está paz e amor eu até posso passar a mão nele, mas o Arthur chega perto e o bicho já fica em alerta máximo.

...

(queixas da cidade)

Poxa, o departamento de trânsito da cidade afastou o ponto de casa uma quadra. Tudo bem que ele era perto demais do outro ponto, mas agora ficou uma quadrinha mais longe de casa.

E em 2008 eles vão MUDAR a estação de trem que fica entre a 8a e a 9a ruas para o bloco entre a 7a e a 8a ruas. Agora eu vou ter que atravessar a rua DUAS vezes, uma para ir comprar o café no Macs e outra para ir até a estação. Assim não dá.

Deixando a ranzinzisse de lado (reclamar é viver, mesmo que seja para reclamar que o céu não está tão azul quanto deveria estar), estas estações novas são bem mais bonitas, limpas, claras e integradas à rua do que as estações antigas. Eu acho que é uma mudança bem vinda.

...

(relembrar é viver - mesmo que seja da morte do Tancredo)

Quero falar de uma coiiiiiisa
Adivinha onde ela aaaaanda
Deve estar dentro do peiiiiito
Ou caminha pelo maaaar

(se você nasceu no Brasil deve saber que esta música é Coração de Estudante)

Quantos anos faz que o Tancredo Neves morreu? Toda vez que eu lembro desta música eu lembro da gente vendo TV na sala e a notícia que o Tancredo Neves morreu. Eu nem sei que idade tinha na época, mas eu não sabia a diferença entre democracia e ditadura e achava que tinha que ser muito velho para poder ser presidente.

Mas da musiquinha tocando na TV, isso eu lembro.

E aquela musiquinha da Globo? Tã datã turarurã, ta darã turarú rurúúúúú... Aquela que toca quando tem um comunicado extraordinário. A gente sempre falava, pronto, alguém morreu. É que nem tocar telefone de madrugada - ou é alguém que não sabe do fuso horário ou é notícia ruim.

...

Está bom escrever, eu fico pensando em outros tópicos para colocar aqui, mas eu preciso colocar as coisas em dia aqui no trabalho e lavar o rosto.

Fui!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Toronto, 10 de Agosto



(pule para 1:50 para ver a explosão)

E a notícia você encontra aqui.

WHAT DA FUCK video:

Air Canada

Eu comprei a passagem aérea para a Soraya só de ida para o Brasil já que o dinheiro não dava para comprar ida e volta de uma vez. Calgary -> São Paulo. Se alguém já entrou no site da Air Canada, é mais ou menos isso que aparece quando você escolhe a data e tem que escolher a data do vôo:



A opção Leisure (lazer) está disponível, e é a mais baratinha. Pois bem. Foi esta que eu escolhi, eu paguei um pouco mais porque peguei um vôo em Agosto. Aí, eu fui dar uma pesquisada no vôo da volta, de São Paulo para Calgary:



Cadê a opção Leisure? Não tem! A opção Leisure é lazer, certo? Ela só está disponível no vôo Calgary -> São Paulo porque São Paulo é um destino de lazer, mas o caminho inverso não vale para esta tarifa. Sacanagem! No fim das contas, se eu conseguir mais dinheiro até o dia da viagem da Soraya, eu vou no balcão da Air Canada e mudo a passagem dela para round-trip, pego o desconto, e mesmo com a multa eu ainda vou economizar quase 800 dólares.

Pode?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Hoje, como já é de praxe nas Segundas-feiras, acordei no horário em que eu devia estar chegando no trabalho e mandei um E-Mail dizendo "vou chegar atrasado", mas desta vez a secretária bipolar não estava na recepção (aliás, foi um espetáculo, só vi o primeiro ser humano ao entrar na minha sala), e mesmo depois quando eu a encontrei no corredor ela só perguntou como foi o meu final de semana, e eu disse "GOOD", trocamos mais uma meia dúzia de palavras como "COOL", "AWESOME", "CIRCUS", "HOT", "COLD", "RAIN", "PARTY" e fui eu cuidar das minhas coisas particulares no banheiro.

No trem tinha um família composta de uma mãe, duas crianças (chutaria uns seis e quatro anos), e uma avó que sentou do meu lado. Eles estavam dando uma volta de trem pela cidade que as crianças estavam curiosas para ver como é que é. Não é só o Arthur!!! E eu ainda dei a dica do Heritage Park, que tem o trem a vapor que o Arthur adora (e a gente também, o trajeto é curto mas é gostoso).

Hoje no ônibus da casa para o centro da cidade tinha um morador de rua fedorento - daqueles que fazem o nariz coçar. Um cara sentou do lado dele e saiu 10 segundos depois. Coitado. Tudo bem que deve ser a última coisa na lista de prioridades de um morador de rua tomar um banho e lavar a roupa, mas eu fico pensando se eles não tem umas máquinas de lavar roupa nos drop-in centers que tem pela cidade - e se tem, quanto custa para usar, se tem fila, se ninguém vai roubar a roupa alheia, este tipo de coisa. Eu tenho que ocupar a cabeça na uma hora que leva para eu chegar no meu trabalho e filosofar sobre a vida alheia é uma coisa muito boa para passar o tempo.

Pois é. Para mim existem duas classificações de moradores de sem teto:

. Os que acabaram de chegar, já arrumaram emprego mas ainda não tem onde dormir - porque é caro demais ou porque não conseguiram simplesmente encontrar um lugar - eu acho que para estes a cidade tem que realmente criar uma estrutura de suporte para que eles possam se estabelecer, principalmente porque eles provavelmente QUEREM se estabelecer;
. Os sem vergonha que não gostam de trabalhar (e ficam pedindo dinheiro na rua), ou os "crack-heads", como eles chamam aqui, que são os viciados com cara de zumbi que perambulam no centro da cidade. É chato alguém pedindo dinheiro, até é, mas se ficar nisso até vai. O problema mesmo são os crack-heads, que precisam arrumar dinheiro para satisfazer o seu vício. É por causa deles que existem assaltos no centro da cidade e é por causa deles que eu não gosto muito de andar por lá. É algo pequeno que não se compara à cracolândia em São Paulo, mas é bem chato de qualquer jeito.

Mas, terminando o que eu comecei a escrever uns parágrafos para cima, a vida nos ônibus e trens da cidade seria bem mais fácil se:

. Eles tomassem banho e lavassem a sua roupa com mais frequência;
. Eles jogassem aqueles malditos sacos de papel no McDonald's no LIXO e não no chão.

Mas faz parte.

Fui!

Filmes e umas notas de rodapé lá no fim

Eu adoro filmes. É uma das minhas formas de arte preferidas, dividindo a nobre lista de favoritas com músicas e quadrinhos (tirinhas ou humor, como Níquel Náusea, Calvin e Haroldo, Piratas do Tietê, Scrotinhos, e outras na mesma linha). Como na música o que importa mais é o ritmo do que o conteúdo (a não ser que eu esteja ouvindo Chico Buarque) e como quadrinhos geralmente não são muito "profundos" (às vezes Calvin e Haroldo são mais filosóficos), a única forma que eu tenho para poder absorver histórias (e temas) que me façam pensar, refletir, chorar, rir ou pensar "com que m* que eu fui gastar o meu dinheiro" são os filmes.

Por isso que eu falo tanto de filmes aqui - eu não leio livros! E é engraçado porque como eu OUÇO mais do que eu LEIO, toda vez que eu escrevo eu "leio" mentalmente o que eu estou escrevendo, dando uma entonação diferente para as partes que eu acho mais ou menos interessantes, ou quando eu quero que alguma passagem seja mais irônica ou debochada. Óbvio que quem está lendo não percebe isso.

Eu resolvi escrever sobre filmes porque agora passou na TV o final do Vanilla Sky. É um filme que vale a pena ver só pelo final.



... Se você não viu o filme e acha que saber final inutiliza o filme (o que eu acho que é besteira já que eu não sou muito chegado em surpresas mesmo), então não leia os parágrafos a seguir...

No final do filme, o protagonista do filme percebe que todo o pesadelo irreal que a sua vida se tornou nada mais é do que realmente um pesadelo irreal, protagonizado pelo seu subconsciente. Quando ainda vivia a sua vida "real" o pesadelo que ele vivia era outro, solitário, depressivo, com um rosto devastado por um acidente e escolhas erradas. Foi então que ele encontrou uma empresa que prometia congelar o seu corpo no evento de sua morte e, quando a tecnologia estivesse disponível, devolver o corpo à um estado de letargia, em que a realidade que o consciente estivesse vivendo fosse escolhida pelo dono do corpo quando ainda em vida. Como no filme À Espera de um Milagre, em que um dos prisioneiros imagina como seria o paraíso:
Do you think if a man sincerely
repents on what he done wrong...
...that he might get to go back to
the time that was happiest for him...
...and live there forever?

Could that be what heaven's like?

(o personagem de Tom Hanks respondendo) - I just about believe that very thing.

Had me a young wife when i was 18.
...spent our first summer in the mountains.

Made love every night.

And she'd lie there after...
...bare-breasted in the firelight.

And we'd talk sometimes
till the sun come up.

That was my best time.

Vou tentar traduzir:
Você acha que se um homem realmente
se arrepender do que ele fez de errado...
...que talvez ele possa voltar para a época
em que ele era mais feliz...
...e viver lá para sempre?

Será que este poderia ser o paraíso?

(o personagem de Tom Hanks respondendo) - É justamente nisto que eu acredito.

Eu tive uma esposa quando eu tinha 18 anos
...passamos nosso primeiro verão nas montanhas.

Fazíamos amor todas as noites.

E ela deitava lá depois...
...com seus seios iluminados pela lareira.

E algumas vezes nós conversávamos...
...até que o sol nascesse.

Aquela foi a minha melhor época.

O protagonista do filme (Vanilla Sky) também escolhe a melhor época da sua vida e a partir do momento escolhido por ele o sonho será iniciado. Tudo que aconteceu com ele a partir do momento em questão será apagado e toda a realidade criada a partir daquele momento será simulada com base no que o protagonista pensa ser o melhor possível para a sua vida.

No momento em que ele percebe que a sua realidade está errada, o protagonista do filme finalmente descobre uma saída e chama pelo "suporte técnico". Uma pessoa vem até ele, uma imagem do funcionário da empresa que vendeu o "pacote" que faz o seu sonho vivo hoje, e explica como todas as coisas que estão à sua volta são apenas criações artificiais baseadas em um mundo perfeito imaginado por ele. A relação dele com seu protetor é como ele imaginava que a relação entre um filho e um pai deveria ser, o céu era sempre um céu de Monet, o amor era como um filme Francês e o cenário era uma capa de um disco. Tudo para que o seu sonho fosse o melhor possível. Mas o seu sonho se inverteu e virou um pesadelo - já corrigido pela empresa que cuida deste paraíso virtual. Depois do que para mim são alguns dos 10 melhores minutos do cinema, o personagem tem que fazer uma escolha:

Viver no sonho perfeito ou acordar para uma realidade incerta em um mundo imperfeito...

Para mim a escolha seria lógica. Eu com certeza acordaria para a realidade incerta. Prefiro uma incerteza real do que uma utopia irreal. E essa foi a escolha do protagonista do filme também. Acordar e tentar viver a sua vida "real" do que dormir para sempre em um paraíso criado por seu subconsciente e poderosos computadores. Eu imagino como seria para mim acordar em um futuro distante e só consigo lembrar de outro filme, em que um homem pré-histórico congelado acorda no futuro, 10000 anos no futuro, e não consegue entender o que aconteceu com a sua família ou porque está tudo tão diferente.

Será que existiria um luto maior do que uma pessoa acordar 100 anos no futuro sabendo que tudo e todos que ela conheceu fazem parte do passado? E será que existiria descoberta maior do que ver o que aconteceu com tudo e todos que faziam parte do seu passado?

E eu refleti demais. Mas o filme vale a pena. Nem que seja só por estes 10 minutos finais. Que engraçado, esta história toda de real ou irreal só me fez lembrar de outro filme, Matrix. Mas acho que deste eu vou falar outra hora.

...

PS: Hoje em uma festa de aniversário (do pequeno Lucas), conheci algumas pessoas novas e descobri que o meu blog é mais famoso do que eu pensava! E finalmente conheci a Andresa e o Márcio, que a gente tentava ver já há um tempão!

PS 2: A gente comprou um Nintendo Wii. Muito legal. E o Arthur realmente consegue jogar, e jogar bem! E eu estou ganhando da Soraya no golfe!!! Mas ela vai aprender a jogar golfe de verdade em breve, e aí eu vou estar frito. É legal o tal do Wii. E é bom para perceber a falta de forma física depois de ficar com dor nos braços jogando beisebol virtual (se bem que se o controle escapar da mão em uma tacada, mata um - por isso que eu aperto bem aquele negócio no pulso).

PS 3: A Soraya e o moleque vão para o Brasil!!! Dia 25 de Agosto! Sexta-feira um milagre aconteceu e meu querido, estimado e amado chefe, também conhecido como velhinho f.d.p., resolveu pagar uma boa parte dos atrasados e finalmente, depois de 1 ano de espera, eu pude comprar as passagens para os dois irem para o Brasil. Tomara que eu consiga comprar as passagens de volta...

Fui!

PS 4: Umas fotinhos: http://picasaweb.google.ca/sorayacw/20080803

domingo, 10 de agosto de 2008

Feliz dia dos pais!!!

Para o meu pai, para o pai da Soraya, para o Herbinho que é pai fresco, para todos os pais do Brasil que estão no Brasil ou no Canadá.

:-).

Falando em dia dos pais, recebi umas fotos de um amigo meu (Kb.Lo), que fez um churrasco na casa do pai dele - e tinha uma foto do irmão dele. Acho que ele deve ter uns 14 anos hoje em dia, algo assim. Acho que faz uns três anos, teve um outro churrasco na casa dele, e fazia um tempão que eu não via o irmão dele.

Ele devia ter uns 11 ou 12 anos na época.

Entro na festa, e dou de cara com um primo do Kb.Lo, namorada a tira-colo, fácil fácil uns 20 e poucos anos. Olho para o cara e digo:

"CARALHO, Pedrinho, como você cresceu!!!"

Nisso o Kb.Lo vira, gargalhando, e me diz "cara, esse é meu primo, o Pedrinho está ali no canto", e eu olho e vejo um moleque de doze anos.

E de micos caminha a humanidade. Só deu para virar e dizer "prazer, eu sou o Ravi", e ir preparar o churrasco que é o que eu sei fazer de melhor.

:-).

Quando eu fui para o Brasil, peguei carona com um amigo meu do ponto X até o ponto Y. Em um determinado momento, uma sócia da namorada entra no carro e senta no banco de trás comigo. Eu estou usando o cinto de segurança (no banco de trás), ela vira e me pergunta (meio que exclamando) - "você está com CINTO DE SEGURANÇA no banco de TRÁS!!!" (tipo "o" estranho). Eu viro e digo na maior naturalidade, sem pensar:

"É que eu sou civilizado"

O meu amigo que estava me dando carona, o Chuck, que chuta qualquer bola que fica quicando na área, emendou:

"É que ele é civilizado, sua índia"

Óbvio que isso rendeu assunto para todo o longo trajeto do ponto X para o ponto Y. Logo que eu fiquei morrendo de vergonha, pedi desculpas um zilhão de vezes, disse que era por causa da viagem (já que eu estava grogue), mas a vergonha ficou.

Até que para um ser civilizado eu sou bem sem noção.

É óbvio que depois eu tirei sarro e disse que era porque eles eram de São Vicente (piada interna - se você não entendeu, não ligue). Mas que é chato quando a gente fala algo que não devia, é. Foi que nem quando eu mandei uma mensagem falando de um cara no trabalho (falando mais ou menos mal) para O cara em si ao invés da pessoa para quem eu queria mandar a mensagem (coisa comum no MSN, você pensa em uma pessoa, vai mandar a mensagem para outra, no meio do caminho junta tudo e você manda para a pessoa errada). Depois que a gente fez as pazes, bem depois, quando ia ser a virada de ano, ele me disse "vê se não faz mais aquilo de novo, hein?!". E eu digo:

"Pode deixar, eu vou conferir direito para quem eu estou mandando a mensagem" (na maior naturalidade também), e ele me diz "cara, a idéia era que você não falasse mais mal de mim".

E de micos caminha a humanidade.

Fui!!!