segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Shorts

Eu ando meio sumido, e é tudo culpa minha. É um misto de estar ocupado no trabalho (ou seja, não dá para parar e escrever no meio de toda a bagunça) e de não querer se ocupar muito no computador. Mas hoje a família foi dormir cedo e dá para trocar uma palavrinha aqui.

Sexta-feira caiu a "tempestade perfeita" aqui em Calgary. À tardinha, enquanto a temperatura ainda era positiva, nevou. A neve derreteu quando caiu no chão. No fim da tarde, esfriou e a água congelou. Resultado - um filme de gelo que cobriu as ruas da cidade. Eu levei um tempão para chegar em casa, teve horas em que eu achei que fosse bater, a descida da rua aqui perto de casa parecia uma pista de bate-bate (tinha um ônibus e uns cinco carros, tudo encostado um no outro, no fim da ladeira), umas outras ladeiras foram fechadas, foi um caos total. Eu nunca dirigi em ruas tão escorregadias - mesmo uma ladeira bem leve era um desafio para a van, e outros carros, mais leves, tiveram que desistir e dar meia volta.

http://www.calgaryherald.com/news/Snow+sparks+road+chaos/2278669/story.html

Hoje nevou de novo mas a brincadeira foi mais leve já que a prefeitura fez a sua parte e as ruas já estavam com areia e sal, estava tudo escorregadio mas um escorregadio "normal", não aquele que faz com você ande a 10 km/h e mesmo assim não te dá a certeza de conseguir parar no sinal fechado.

...

Falta uma semana para a Soraya ir para o Brasil il il! Vou torcer para não nevar no dia da viagem.

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Esta tempestade de Sexta-feira reacendeu a idéia de comprar pneus de neve. Depois do caos que foi, realmente a gente percebe que não é demais...

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Bom, é isso aí. Os curtas foram curtos. Fui!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

12 dias depois...

Fazem doze dias que eu escrevi aqui pela última vez. Algumas coisas aconteceram nas últimas semanas:

. O Fabrício veio nos visitar;
. Eu fui para Toronto à trabalho;
. E nós estamos nos preparando para ir visitar o Brasil il il.

É! Agora já está mais ou menos certo para todo mundo. A Soraya vai em Dezembro e volta no começo de Fevereiro, eu vou lá pelo dia 7 de Janeiro e volto lá pelo dia 25. A única c*g*d*, como não poderia deixar de ser, é que eu agendei a data de volta para o dia errado, e vou ter que cabular um dia das "sessões do empregado" no meu emprego (que coisa triste), ou gastar uma graninha no meu cartão e mudar o dia da passagem (se disto depender ganhar um aumento ou um bônus de fim de ano, que assim seja).

Toronto!

Bem legal. Eu não pude ver muita coisa já que a rotina era acordar, ir para o cliente, ter todas as suas energias sugadas, ir comer alguma coisa, voltar para o condo e ir dormir. O legal é que eu fiquei em frente à CN Tower (Blue Jays Way X Front Street), e a tal da torre é bonita à noite - tem umas luzes coloridas que ficam iluminando a torre de cima à abaixo, é o maior legal.

Mas ainda não foi desta vez que eu fui lá.

O bom é que deu tudo certo com o cliente. Não teve enrosco algum, só umas coisa que eu tenho que finalizar, e eu acho que amanhã já vai estar tudo finalizado - assim espero!

Que mais que tem de novidade?

O frio anda demorando para chegar de vez, e isto está sendo bom. Toda a neve que caiu em Setembro e Outubro foi embora, e ainda não chegou neve nova para substituir a antiga. De resto, anda tudo com cara de inverno - as árvores estão sem folhas e o lago que fica em frente ao Heritage Park (acho que é Glenmore Reservoir, na verdade é um reservatório de água) já tem uma fina camada de gelo em cima.

Este final de semana foi preguiçoso. Tanto que ontem (Segunda-feira) eu ainda achava que era Domingo. Sexta-feira tem reunião na escola do Arthur, e eu preciso ver quando é o próximo feriado.

Mas é isto aí. Life goes on...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Os causo

De vez em quando eu fico sem escrever.

De vez em quando eu escrevo besteiras, que nem um filme de ação vazio e barulhento com umas cenas legais, orçamento caro e umas moças bonitas, que é legal por meia hora mas que depois fica meio monótono.

De vez em quando eu filosofo.

É engraçado a capacidade que eu tenho para não ter medo de bicho nenhum, mas para morrer de medo de subir a escada do porão depois de ver um filme de terror com criancinhas que dão risadas macabras. Acho que de alguma maneira isso deve ser conectado à minha infância - eu praticamente cresci na selva (mãe, estou exagerando um pouco), mas a casa da minha mãe era grande, bem grande, e os pinheiros que a gente tinha no jardim batiam no telhado quando ventava e a casa inteira ressonava. Literalmente, parecia que tinha umas dez pessoas no andar de cima da casa, quando eu sabia que eu era a única alma (viva) ali. Mas eu acho que o meu medo de escadas vem de um dia em que eu desci a escada e juro de pé junto que ouvi uns passos atrás de mim, descendo a escada rápido, como se fosse uma alma (viva?) com mais pressa do que eu.

Lembra do filme Sexto Sentido, em que o menino corre até o quarto e se enfia embaixo do lençol, como se o lençol fosse um campo de força que não deixasse nada entrar? Eu era igual, mas eu nunca vi "dead people". O meu ceticismo em relação aos assuntos relacionados ao que eu não posso ver de certa maneira se chocam com as minhas lembranças de infância.

Se você está arrepiado, bata palmas.

Pode ser também que a minha memória valorize um pouco as coisas - e, em relação às coisas que eu já ouvi, não duvido nada disso. Quando eu era criança, e mesmo hoje, eu não consigo dormir de jeito nenhum com relógio de corda - ou qualquer coisa que faça Tic-Tac. Em casa tinha um relógio de Quartzo que fazia um barulhinho ridículo com o ponteiro dos segundos. Um "tic, tic, tic", bem baixinho, mas que depois de 5 minutos virava o barulho de um serrote - e pronto, eu achava que tinha alguém serrando a porta da minha casa. Junte com isso o "nhec, nhec" dos galhos dos pinheiros no telhado de casa, o estalo dos móveis em uma noite fria depois de um dia de calor, os gatos no cio chorando do lado de fora, os sapos coachando, os grilos grilando, os cachorros latindo e as vacas mugindo (brincadeira, não dava para ouvir as vacas), e dá para ter uma idéia de como uma imaginação fértil ganha milhagem grátis.

Eu acho que eu já escrevi o "kit prevenção de sustos não intencionais após ver filme de terror", mas aqui vai - depois de ver um filme de terror, eu:

. Memorizo se todas as portas estão abertas ou fechadas;
. Abro a cortina do box rápido e deixo ela aberta depois;
. Não fecho o olho no banho - a não ser que o shampoo seja ardido demais;
. Pulo na cama e deixo todos os meus membros (sem trocadilhos aqui) para dentro da cama - ou seja, eu não durmo com o braço para fora e a mão raspando no chão.

A não ser que seja um filme de zumbi - neste caso, eu cumpro só uma ou outra TOC da lista acima.

Semana passada, o Fabrício estava aqui conosco. O Fabrício é um amigo nosso da época do colegial - parte da "tchurma" (que gíria brega). O Fabrício tinha uma namorada cuja família tinha uma casa de campo em Amparo - tudo no passado, o namoro acabou e a casa foi vendida. A casa era linda de dia e apavorante à noite. A história aconteceu com o Fabrício e não comigo. Vamos tentar contar o causo:

"
Depois de usar o banheiro, Fabrício não apagou a luz e nem fechou a porta, já que o corredor até os quartos era escuro e sem janelas - a luz da lua cheia ficava restrita à cozinha, à sala e à uns poucos quartos. De peito estufado, pés descalços e pernas trêmulas, ele se dirigiu ao seu objetivo, o quarto da porta que ficava à esquerda. Em segundos que mais pareciam horas, metros foram vencidos e o objetivo conquistado... Será?

De algum lugar na direção da cama vem um "hihihi" em uma voz infantil, uma risada inocente e ao mesmo tempo apavorante. O nosso protagonista, inabalado com o estranho som, exclama:

- Quem está aí? APAREÇA!!!

No que o criado mudo começa a se mexer. Nosso protagonista, desta vez mais abalado do que antes, seus olhos em terror diante do inexplicável acontecimento, se prepara para correr em direção à qualquer lugar em que risadas macabras não venham de baixo da cama e onde criados mudos não tenham vontade própria, quando aparece uma criatura saída de debaixo da cama.

Não uma, mas duas! Duas crianças, sobrinhas de alguém na casa, que foram brincar embaixo da cama e que quase mataram o tio Fabrício do coração. Eu tiro sarro dele, mas eu teria que voltar para o banheiro depois dessa.

O Fabrício protagonizou outra história em Itatiba, quando ele e um outro amigo resolveram assustar umas meninas fazendo a brincadeira da "noiva da meia-noite" (uma mulher de vestido de noiva aparece à meia noite atrás da igreja), usando uns lençóis brancos e uma ou outra improvisação sem vergonha - mal sabiam eles que, enquanto eles bolavam o plano deles, uma das meninas pediu para a mãe colocar um vestido de noiva de verdade e ir dar um susto nas "noivas" no momento em que eles estivessem atrás da igreja.

Eu sempre penso que quem está tentando dar um susto é também quem está mais propenso a se assustar. Imagina você, à meia noite, atrás de uma igreja com todos os seus símbolos, pedras escuras e afins, adrenalina a mil esperando a vítima inocente aparecer, quando surge uma noiva de verdade fazendo "bú!". Eu, hein!

Tudo isso foi para dizer que a Soraya está indo para o Brasil e eu vou passar quase dois meses sozinho (eu vou em Janeiro, então é como se fosse só umas semanas).

Dois meses sem ver filme de terror e mudando de canal toda vez que aparecer a propaganda de um.

Fui!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu tenho tanto para te contar...

... mas ando meio sem tempo. Vou colocar os tópicos do que eu gostaria de falar aqui:

Moradores de rua

Eu quero falar sobre como morar no Canadá mudou a minha opinião sobre o que é ter moradores de rua. Eles vão existir em qualquer sociedade e são, de certa maneira, um sinal da liberdade que aquela sociedade vive. Aqui morador de rua usa a biblioteca, anda de ônibus e dorme em abrigo da prefeitura. Tem alguns que são drogados, tem alguns que roubam, tem alguns que trabalham, e provavelmente existem os que, como no file The Soloist não conseguem dormir em lugares fechados.

Liberalidade

Na volta de Waterton tivemos uma conversa bem legal sobre direitos, deveres e afins, e eu descobri que eu sou mais liberal do que eu penso - a minha filosofia é uma frase meio piegas que eu ouvi na adolescência mas que é bem legal:

"A sua liberdade acaba onde começa o meu direito"

Ou seja, tem poucas coisas que a gente pode proibir ou obrigar. Eu sou a favor de liberar logo a maconha mas sou realmente contra drogas mais fortes, como cocaína, heroína, crack ou o que for, que só levam a sociedade para baixo. Eu sou pessoalmente contra o aborto, mas sou a favor de existir a opção para as mulheres. Eu sou a favor da liberação da jogatina (o motivo da nossa conversa no carro), mas desde que exista um sistema, pago com o imposto dos casinos, para proteger e ajudar quem é viciado na jogatina. Eu sou a favor do casamento gay, hoje em dia eu acho até legal que as pessoas possam manter a cultura dos seus países de origem (e nós, Brasileiros, somos imigrantes como qualquer outro), e eu uso cinto de segurança quando eu ando de carro.

Em resumo, se uma lei existe apenas para proteger o cidadão do cidadão mas esta lei também dita em demasia o que o cidadão pode ou não pode fazer, eu sou contra.

WI-FI

O Fabrício estava com o seu iPod Touch no bolso, perdido na rua um dia destes, quando perto de casa reparou que a sua localização no Google Maps tinha mudado. E veio aquela dúvida - como é que o iPod sabia onde ele estava?

. O iPod não tem GPS;
. O iPod não tem capacidade de se comunicar com antenas de celular, ou seja, não dá para triangular a posição dele.

E aí eu vou pesquisar e descubro este site:

http://www.skyhookwireless.com/

Basicamente, quando você está na rua, você pode enxergar as redes WI-FI da vizinhança, mas não pode se conectar à elas - a única informação que você pode obter é o identificador destas redes. Os malucos desta empresa andaram pelas ruas de Calgary com um carro que tem um GPS e um modem WI-FI, e criaram um banco de dados com o número da rede WI-FI e o lugar onde ela está. Quando o Fabrício se conectou no Google Maps, ele provavelmente baixou parte deste banco de dados e, conforme ele andava, a sua localização ia sendo atualizada de acordo com a rede WI-FI mais próxima dele.

Que coisa.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dirigindo na noite de Halloween...

... em uma estrada de cascalho coberta de gelo, usada por "log trucks", sem ver uma alma humana por 3 ou 4 horas, com um farol que não é lá estas coisas:



Dava para enxergar mais do que isso, mas não muito mais do que isso. Em certo ponto da viagem eu deixei a luz do painel e a luz do GPS no mínimo só para ficar mais fácil de ver a estrada...

PS: Chegando em Pincher Creek fomos tentar comprar comida em um bar onde estava acontecendo uma festa de halloween. Eu topei com a morte e a diaba riu da minha cara.

Ninguém merece.

Fui!