quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Carta?

Olá fulano, beltrano, cicrano:

Cá na terra fria estamos indo bem. Agora ao acordar de manhã a luz do sol já não dá mais o ar da sua graça - mas lá pelas tantas ele resolve aparecer e a gente consegue terminar de acordar. Hoje o ar estava meio úmido e parecia mais frio do que realmente estava, e eu passei um pouco de frio - vou ter que abortar minha macheza e voltar a usar duas calças.

O menino está indo super bem na escola. Além de aprender o beabá do Inglês, a gente também está ensinando à ele as tarefas do lar:


De vez em quando ele lança alguma expressão nova em Inglês que ele aprendeu com os coleguinhas ou com o professor. De todas as coisas que eu vi aqui no Primeiro Mundo a que mais me impressionou foi a escola, até fonoaudiológa e professor específico de Inglês o bichinho tem. Ele está bem adaptado, de vez em quando fala alguma coisa do Brasil, mas a gente sente que ele está super feliz. Seu quarto é uma bagunça (saudável), e agora que eu dei um rolo de barbante para ele montar suas estruturas complexas, está parecendo mais é uma teia de aranha gigante.

Os amigos continuam no Brasil fazendo inveja para a gente, ligando do celular na sinuquinha noturna, a gente fica feliz e dá vontade de estar por lá para bebericar um pouco ou lançar uma bola longe da caçapa (e da mesa). A família também está bem por lá, vamos nos ligando sempre para contar as novidades que sobram depois que eles lêem o blog (é sempre bom dar uma atualizada pessoalmente de qualquer jeito). Sogrão e sogrinha mudando de casa, mamãe esperando a melhor data para conhecer a terrinha e papai cuidando das suas crianças. Irmãozinho terminando a residência em medicina, e agora o irmão mala mais velho tem que perguntar, quando é que vem um sobrinho?

A Soraya está bem, está feliz com o seu inglês que vai melhorando a cada dia, feliz também porque as pessoas do Canadá são super normais e desencanadas com tudo, inclusive com o fato de que há pessoas aqui que não tem aquele Inglês (nós três, basicamente). Todo dia ela conversa com alguém da escolinha e o Arthur já tem uns amiguinhos mais chegados, a gente sabe porque ele fala deles quando chega em casa.

Falando de novo do Arthur, no dia 23 ele faz cinco anos. Passa voando. Sexta-feira é dia da criança e eu preciso comprar um presentinho para ele (a gente já sabe o que quer). E aí no final de semana a gente vai comprar mais um round de roupas de frio. Desta vez, vai ser o kit neve para o Arthur e umas roupas de baixo quentes para a gente. Está começando a esfriar para valer aqui, ainda teremos mais uns dias com a temperatura chegando a quinze graus no fim da tarde, mas a mamata vai acabar.

E eu vou aqui, usando uma meia horinha do meu dia de trabalho para escrever umas bobagens no blog. E o trabalho vai bem, os dois Chineses que trabalham comigo estão melhorando (um bem mais do que o outro), e logo deve começar a trabalhar uma mulher do Iraque com a gente.

E, sobre o Canadá, é engraçado parar para pensar que a gente está aqui. A vida não é fácil (não é fácil é meio pesado - o sentido seria de que não é uma mordomia), mas também não é difícil. Acho que a gente ganha proporcionalmente o mesmo que ganhava no Brasil, talvez um pouco mais, talvez bem mais, não sei dizer ao certo. Ganhar o salário semanalmente ajuda a controlar melhor os gastos, você tem uma previsão melhor do que vai acontecer e de quando é possível gastar. Em relação ao "viver fora", é super simples. Nossa família é pequena, a cidade é agradável, a casa é confortável e a nossa alma Cigana ajuda bastante também.

E é isso aí. Fiquei pensando na música "Bye bye, Brasil" antes de escrever esta carta. A música é meio deprê mas sempre tem umas coisas com o qual a gente se identifica. Do quê eu sinto falta do Brasil? Amigos, família e comida, isto sempre vai fazer falta, somos seres humanos, ora pois. Cultura (ok, eu fico ouvindo música Brasileira metade do dia), carnaval, praias, calor, sinceramente estou passando bem sem (acho que vou sentir falta da praia cedo ou tarde - eu cresci na praia).

Ah, e o que eu não daria por uma farofinha (eu vou é na Loja de Produtos Brasileiros, que até Catupiry têm).

E encerro esta carta porque minha meia hora acabou e eu preciso trabalhar.

Fui!!!

2 comentários:

Ana Paula disse...

Oi, Ravi, adorei o jeito que você escreve... sobre a vida aí em Calgary e o seu sentimento, é bem parecido com a gente aqui em Vancouver tb... trabalho, a vida, o salário, o que sentimos falta lá no Brasil, essas coisas...

Ravi disse...

Obrigado!
Acho que todo mundo passa pelo mesmo "ciclo de vida" quando vem para o Canadá. O seu blog (o de antes do Colorida Vida) foi um dos primeiros que eu acessei quando eu cheguei aqui, e eu também me identifico com muitas das situações pela qual você passou :-).
Acho que foi você que escreveu sobre o fato de ter que usar o inglês direto no trabalho, que às vezes é um saco não poder falar um pouco na sua língua. Eu fiquei um mês sozinho aqui e ligar para casa era uma maneira de matar a saudade não só da família, mas da língua também.