segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Filmes e umas notas de rodapé lá no fim

Eu adoro filmes. É uma das minhas formas de arte preferidas, dividindo a nobre lista de favoritas com músicas e quadrinhos (tirinhas ou humor, como Níquel Náusea, Calvin e Haroldo, Piratas do Tietê, Scrotinhos, e outras na mesma linha). Como na música o que importa mais é o ritmo do que o conteúdo (a não ser que eu esteja ouvindo Chico Buarque) e como quadrinhos geralmente não são muito "profundos" (às vezes Calvin e Haroldo são mais filosóficos), a única forma que eu tenho para poder absorver histórias (e temas) que me façam pensar, refletir, chorar, rir ou pensar "com que m* que eu fui gastar o meu dinheiro" são os filmes.

Por isso que eu falo tanto de filmes aqui - eu não leio livros! E é engraçado porque como eu OUÇO mais do que eu LEIO, toda vez que eu escrevo eu "leio" mentalmente o que eu estou escrevendo, dando uma entonação diferente para as partes que eu acho mais ou menos interessantes, ou quando eu quero que alguma passagem seja mais irônica ou debochada. Óbvio que quem está lendo não percebe isso.

Eu resolvi escrever sobre filmes porque agora passou na TV o final do Vanilla Sky. É um filme que vale a pena ver só pelo final.



... Se você não viu o filme e acha que saber final inutiliza o filme (o que eu acho que é besteira já que eu não sou muito chegado em surpresas mesmo), então não leia os parágrafos a seguir...

No final do filme, o protagonista do filme percebe que todo o pesadelo irreal que a sua vida se tornou nada mais é do que realmente um pesadelo irreal, protagonizado pelo seu subconsciente. Quando ainda vivia a sua vida "real" o pesadelo que ele vivia era outro, solitário, depressivo, com um rosto devastado por um acidente e escolhas erradas. Foi então que ele encontrou uma empresa que prometia congelar o seu corpo no evento de sua morte e, quando a tecnologia estivesse disponível, devolver o corpo à um estado de letargia, em que a realidade que o consciente estivesse vivendo fosse escolhida pelo dono do corpo quando ainda em vida. Como no filme À Espera de um Milagre, em que um dos prisioneiros imagina como seria o paraíso:
Do you think if a man sincerely
repents on what he done wrong...
...that he might get to go back to
the time that was happiest for him...
...and live there forever?

Could that be what heaven's like?

(o personagem de Tom Hanks respondendo) - I just about believe that very thing.

Had me a young wife when i was 18.
...spent our first summer in the mountains.

Made love every night.

And she'd lie there after...
...bare-breasted in the firelight.

And we'd talk sometimes
till the sun come up.

That was my best time.

Vou tentar traduzir:
Você acha que se um homem realmente
se arrepender do que ele fez de errado...
...que talvez ele possa voltar para a época
em que ele era mais feliz...
...e viver lá para sempre?

Será que este poderia ser o paraíso?

(o personagem de Tom Hanks respondendo) - É justamente nisto que eu acredito.

Eu tive uma esposa quando eu tinha 18 anos
...passamos nosso primeiro verão nas montanhas.

Fazíamos amor todas as noites.

E ela deitava lá depois...
...com seus seios iluminados pela lareira.

E algumas vezes nós conversávamos...
...até que o sol nascesse.

Aquela foi a minha melhor época.

O protagonista do filme (Vanilla Sky) também escolhe a melhor época da sua vida e a partir do momento escolhido por ele o sonho será iniciado. Tudo que aconteceu com ele a partir do momento em questão será apagado e toda a realidade criada a partir daquele momento será simulada com base no que o protagonista pensa ser o melhor possível para a sua vida.

No momento em que ele percebe que a sua realidade está errada, o protagonista do filme finalmente descobre uma saída e chama pelo "suporte técnico". Uma pessoa vem até ele, uma imagem do funcionário da empresa que vendeu o "pacote" que faz o seu sonho vivo hoje, e explica como todas as coisas que estão à sua volta são apenas criações artificiais baseadas em um mundo perfeito imaginado por ele. A relação dele com seu protetor é como ele imaginava que a relação entre um filho e um pai deveria ser, o céu era sempre um céu de Monet, o amor era como um filme Francês e o cenário era uma capa de um disco. Tudo para que o seu sonho fosse o melhor possível. Mas o seu sonho se inverteu e virou um pesadelo - já corrigido pela empresa que cuida deste paraíso virtual. Depois do que para mim são alguns dos 10 melhores minutos do cinema, o personagem tem que fazer uma escolha:

Viver no sonho perfeito ou acordar para uma realidade incerta em um mundo imperfeito...

Para mim a escolha seria lógica. Eu com certeza acordaria para a realidade incerta. Prefiro uma incerteza real do que uma utopia irreal. E essa foi a escolha do protagonista do filme também. Acordar e tentar viver a sua vida "real" do que dormir para sempre em um paraíso criado por seu subconsciente e poderosos computadores. Eu imagino como seria para mim acordar em um futuro distante e só consigo lembrar de outro filme, em que um homem pré-histórico congelado acorda no futuro, 10000 anos no futuro, e não consegue entender o que aconteceu com a sua família ou porque está tudo tão diferente.

Será que existiria um luto maior do que uma pessoa acordar 100 anos no futuro sabendo que tudo e todos que ela conheceu fazem parte do passado? E será que existiria descoberta maior do que ver o que aconteceu com tudo e todos que faziam parte do seu passado?

E eu refleti demais. Mas o filme vale a pena. Nem que seja só por estes 10 minutos finais. Que engraçado, esta história toda de real ou irreal só me fez lembrar de outro filme, Matrix. Mas acho que deste eu vou falar outra hora.

...

PS: Hoje em uma festa de aniversário (do pequeno Lucas), conheci algumas pessoas novas e descobri que o meu blog é mais famoso do que eu pensava! E finalmente conheci a Andresa e o Márcio, que a gente tentava ver já há um tempão!

PS 2: A gente comprou um Nintendo Wii. Muito legal. E o Arthur realmente consegue jogar, e jogar bem! E eu estou ganhando da Soraya no golfe!!! Mas ela vai aprender a jogar golfe de verdade em breve, e aí eu vou estar frito. É legal o tal do Wii. E é bom para perceber a falta de forma física depois de ficar com dor nos braços jogando beisebol virtual (se bem que se o controle escapar da mão em uma tacada, mata um - por isso que eu aperto bem aquele negócio no pulso).

PS 3: A Soraya e o moleque vão para o Brasil!!! Dia 25 de Agosto! Sexta-feira um milagre aconteceu e meu querido, estimado e amado chefe, também conhecido como velhinho f.d.p., resolveu pagar uma boa parte dos atrasados e finalmente, depois de 1 ano de espera, eu pude comprar as passagens para os dois irem para o Brasil. Tomara que eu consiga comprar as passagens de volta...

Fui!

PS 4: Umas fotinhos: http://picasaweb.google.ca/sorayacw/20080803

2 comentários:

Soraya Wallau disse...

Esse post tá muito longo, então eu só li pela metade.

Ravi disse...

Tá bão :-(