sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sexta-feira

Hoje eu dei uma passada na Call Genie, a empresa onde eu vou começar a trabalhar na Terça-feira, 26 de Agosto. Fui deixar uma papelada assinada e conversar com um dos gerentões da empresa, cujo nome eu não me recordo muito bem agora. Ele me falou para chegar lá Terça-feira às nove da manhã e chamar por uma mulher cujo nome começa com "J" (eu vou ter que fazer uma terapia de regressão para poder lembrar o resto do nome).

Meu computador já está sendo preparado e na Sexta-feira eu já serei pago, o que é ótimo porque senão eu não teria o que comer nas próximas duas semanas.

Eu já trabalhei no prédio onde a empresa tem os seus escritórios, o Deerfoot 17:



Mas como a empresa já andava mal das pernas no ano passado, um dia chegamos no escritório e o mesmo estava trancado (não pagaram o aluguel). Um ou dois meses depois mudamos para um prédio industrial no "beatiful NE", como diz o pessoal da Jack FM. Ficou um pouco mais longe, embora pelo menos aqui a gente tenha mais opções para almoçar. Existem vários restaurantes em volta deste prédio aí de cima, mas o pessoal do meu trabalho (que é fresco e tem estômago sensível - deve ser toda aquela pimenta) não curtia muito inovar.

Foi um pouco estranho aparecer lá hoje. Ao chegar no andar térreo e chamar o elevador eu fui inundado por um "cheiro de prédio de Calgary". Um cheiro meio adocicado, uma mistura dos móveis com a máquina de petiscos que fica em frente ao elevador. Se o cheiro é bom ou ruim, tanto faz, pelo menos o lugar ganha uma certa identidade. Como eu não sou (muito) alérgico, não fede nem cheira :-).

Pois é. Hoje é o último dia. A gente vai almoçar em um restaurante aqui perto onde tem uma mesa de sinuca, lágrimas não vão rolar e quando eu for pago, eu vou embora. Simples assim. É um final meio melancólico para uma empresa que mais está parecendo uma cidade fantasma de mesas de escritório. Mas eu não estou triste de ser assim. Na verdade, estou é feliz e apreensivo com o emprego novo, que agora parece ser um emprego de verdade em uma empresa de verdade que tem um plano de negócios.

A minha despedida da Spring Wireless foi mais alegre e mais triste. Alegre porque eu estava saindo para uma oportunidade bem interessante (Canadá), de bem com a empresa e de bem com as pessoas que trabalhavam comigo. E triste porque eu deixei bons amigos para trás. Mesmo nos dias em que as coisas no trabalho não estavam tão bem, você ainda tinha as pessoas para conversar e aliviar a tensão. Bons amigos como o Fabrício (que está ensaiando para me visitar), a Regina (que acabou de ter um filhinho) e o Valmir (que continua lendo o meu blog) - fora a boa relação com a chefia, as conversas sobre filmes com o Kerry, as discussões de trabalho com o Jobson e todo o resto. Claro que hora ou outra aparecia um problema, mas a lembrança é boa.

Daqui eu também terei boas lembranças. Na verdade eu tenho uma tendência a ver o lado bom das coisas sobre o lado ruim. Embora eu não queira mais nenhum contato com a minha chefia, eu fiz bons amigos na empresa com quem eu continuo conversando e, hora ou outra, saindo para tomar uma cerveja e jogar uma sinuca. Eu sou o último dos moicanos. Eu e o Jerry. O Jerry é um cara legal, mas é meio míope para outras realidades. Por exemplo, a realidade de que a Soraya sente falta da família dela e que eles precisam viajar para o Brasil mesmo que o Arthur perca algumas semanas na escola. Fazer o quê?

...

Uma das coisas mais equivocadas que as pessoas pensam sobre o Canadá é de aqui "é tudo certinho" e de que os Canadenses são pessoas frias e chatas. Não é bem assim não. Dirigindo hoje eu reparei que eu era a única pessoa que estava indo na velocidade permitida. Todo mundo estava indo mais rápido. Eu até fui para a faixa da direita para deixar o povo passar à minha esquerda. Como eu estou com o carro do vizinho, uso a estratégia usada por alguém que acabou de roubar um banco - seguir todas as regras de trânsito para a polícia não te parar. Os meus vizinhos bebem cerveja em frente de casa e todo Sábado à noite meus vizinhos acendem uma fogueira no quintal e ficam bebendo cerveja e conversando até bem tarde. E não são só eles, bastante gente faz isso.

A noite aqui é mais quieta do que no Brasil? Provavelmente. As pessoas são de falar menos do que no Brasil? Talvez. Mas fica todo mundo com um caderninho olhando as outras pessoas para anotar qualquer deslize, com o objetivo de que todos os cidadão sigam um código de conduta moral perfeito e estéril? Não, não é assim.

E as pessoas? São mais frias? Depende. Ninguém aperta a mão de ninguém ou dá beijinho ao chegar em uma festa. Aperto de mão, se rolar, é quando a pessoa está indo embora. Sabe aquele filme em que o melhor amigo da vida de uma pessoa está indo para a guerra e tudo que rola é um aperto de mão? É, para algumas pessoas é assim. O nosso lado Italiano é que nos faz ter mais contato físico com as pessoas, abraçar, dar a mão, dar beijinho no rosto e gesticular os braços para demonstrar alguma coisa ao conversar.

Mas nas poucas oportunidades que a gente teve de sair com grupos de Canadenses percebemos que um pai fica orgulhoso no casamento (ou noivado) da filha e chora ao fazer o discurso, que as famílias são grandes e costumam se reunir, e que amigos conversam bastante entre si. Mais ou menos como no Brasil. Acredito que até se não houvessem tantos imigrantes e migrantes (pessoas que mudam de estado), o tal almoço de Domingo como ocorre no Brasil seria mais comum.

O ano novo que é meio paradão, ninguém liga, talvez pela temperatura de -20 graus do lado de fora. Não dá para pular três ondinhas em lugar nenhum, até porque vai ser difícil encontrar água em forma líquida :-).

Nós fizemos bons amigos Brasileiros e também bons amigos Canadenses, a Soraya na escola do Arthur e eu no meu trabalho. É bom ter este tipo de amizade para ver como as pessoas vivem de verdade aqui e como, de fato, o Canadá é para com os seus habitantes.

Fui!

3 comentários:

Cecilia Brandao disse...

Ravi,

Vai com Deus!! rsrs Semana que vem vida nova..!!!

Ceci

Cecilia Brandao disse...

Ah, amanha, uma turminha esta marcando de ir para Red Deer, num lake que tem la (chamam de Beach). Se quserem ir deem uma ligada, embora saiba que a Soraya deva estar comprando muamba para levar pra terrinha - rs


bjs

Ravi disse...

Semana que vem, começo novo, vida nova!

Sobre amanhã, a gente não deve ir não, a gente deve comprar umas coisinhas e depois ir até o zôo!

Mas obrigado pelo convite!