terça-feira, 29 de julho de 2008

Algumas coisas com a qual eu já me acostumei aqui...

Transporte

Fazer o itinerário da viagem de ônibus, com horário de saída e chegada, no site do departamento de trânsito:


(este é o trajeto que eu costumo fazer todo dia de casa para o trabalho - bom saber que se eu pegar o ônibus de 8:04 eu chego aqui no horário)

O site da prefeitura de São Paulo tem um sistema para consulta às rotas mas o coitado fica no chinelo perto do de Calgary. Em São Paulo você tem que saber direitinho o endereço da parada de ônibus (perto de qual cruzamento a parada está), e aqui é só colocar a origem e o destino que a rota é traçada para você. E funciona!

E também saber que hora que vai passar o próximo ônibus:


(não é tão importante em dias de semana quando os ônibus demoram no máximo 15 minutos para aparecer, mas em finais de semana, quando é de meia em meia hora, é legal saber para não ficar plantado no ponto de ônibus por muito tempo)

Doidinhos

Ver os doidinhos na rua, nos ônibus, nos trens e em outros lugares. Eu falo para a Soraya que o Canadá deve ter a mesma proporção de pessoas com síndrome de Down, altismo e retardos mentais que o Brasil ou qualquer outro país do mundo, mas aqui a sociedade estimula e dá suporte para estas pessoas levarem uma vida mais próxima do normal.


(poster do filme O Oitavo Dia, é a história de um homem de negócios que conhece um rapaz portador de síndrome de Down, e como isso afeta a vida de ambos. É um dos filmes que devem ser assistidos, se você não viu ainda)

De todas as outras coisas ditas de uma sociedade de Primeiro Mundo ou de um país como o Canadá, esta é uma das que eu acho mais virtuosas - igualdade. Pelo menos aqui em Calgary ser idoso, estar preso à uma cadeira de rodas ou não ter uma cabeça igual aos demais não é motivo para ficar preso em casa. Hoje mesmo quando eu estava vindo para o trabalho tinha uma guia com um rapaz com síndrome de Down e uma menina que parecia meio autista, eles estavam indo para o aeroporto mas perderam o ônibus, e iam até o Tim Hortons tomar um café para depois continuar o passeio. E o rapaz com síndrome de Down parecia o Arthur cumprimentando os motoristas de ônibus, "Good morning", "Have a nice day", "How are you today?" e poraí vai.

Confesso que fiquei com um pouquinho de inveja sobre ir passear no aeroporto, eu particularmente acho um lugar bem legal, não só pelos aviões em si, o que já valeria a viagem, mas pelas pessoas em si:


(o começo do vídeo eu acho meio chatinho mas a parte do aeroporto é bem legal)

O nome do filme é Love Actually, e um dos diálogos que eu gostei do filme é este (na verdade é mais para monólogo):
Prime Minister: Whenever I get gloomy with the state of the world, I think about the arrivals gate at Heathrow Airport. General opinion's starting to make out that we live in a world of hatred and greed, but I don't see that. It seems to me that love is everywhere. Often it's not particularly dignified or newsworthy, but it's always there - fathers and sons, mothers and daughters, husbands and wives, boyfriends, girlfriends, old friends. When the planes hit the Twin Towers, as far as I know none of the phone calls from the people on board were messages of hate or revenge - they were all messages of love. If you look for it, I've got a sneaking suspision love actually is all around.

Eu tentei achar o vídeo desta parte mas eu não consegui, infelizmente.

PS: Como diria Clint Eastwood, "It takes a real man to bring in a lady in a pink Cadillac.", eu diria que "It takes a real man to talk about a romantic comedy and airports".

PS: Veja o filme "O Oitavo Dia". E também "Love Actually", não é tão bobinho quanto parece. E depois alugue "A noite dos mortos vivos" para relaxar o cérebro.

Comida

(nota: estar ACOSTUMADO não quer dizer que a comida daqui seja MELHOR, o corpo humano é uma máquina adaptativa e a gente tem que se adaptar mesmo)

Bom. Pois é. Lembra da história do Pois é? É a história de um cara que tinha um carrinho velho e toda vez quer perguntavam para ele como é que o carrinho andava ele dizia...

- Pois é (história triste aqui)

A comida aqui é mais ou menos assim - "Pois é". Quem viu Ratatouille vai lembrar da cena em que o antagonista do filme, Anton Ego, prova a refeição preparada por Remi, o rato, e na primeira mastigada deixa cair a caneta e se lembra de uma tenra imagem de sua infância, com a sua mãe lhe servindo um belo e colorido prato com um recheio idem, após ele ter caído de bicicleta ou algo assim.

Pois é. Aqui, é mais difícil isso acontecer. Para mim, impossível. Aqui não tem Catupiry. Isso meio que já zera esta possibilidade. Mas, embora a comida nos shoppings seja "so so", existem restaurantes que tem uma comida mais caprichada (e conta idem). Mas a média das refeições nos "average restaurants" para os "average joes" não é grande coisa. Você coma e pensa "é, até que está bonzinho", e aí se lembra que no Brasil qualquer restaurantezinho tem um picanha escondida em algum lugar e bate aquela saudade.

TV

Já me acostumei com a TV também, embora também seja só "acostumado". De vez em quando a Soraya esquece que está aqui e tenta trocar de canal e achar a Globo. De vez em quando eu tento achar algum filme que não seja de antes de 2005. Busca inútil. Acho que vou assinar a TV Digital e vê se faz alguma diferença.

Propaganda

Lembrei de mais uma coisa. No Brasil os publicitários capricham mais nas propagandas. Vou colocar o anúncio de uma loja de maiôs que saiu no jornalzinho do metrô hoje e, acreditem, não vou precisar dizer mais nada depois disso:

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, eu achei a propaganda bem realista. Aqui no Brasil em todo comercial de roupa intima ou biquine as pessoas são modelos perfeitos. 90% da população não é assim. Quem não está em forma acaba por não se identificar com o produto e não o compra, o que é o meu caso :-)
Fiquei preocupado com a questão da comida... talvez eu tenha de fazer um regime forçado por essas bandas, aí vou, finalmente, ficar em forma!
Abraço.
Rodrigo Cardoso

Soraya Wallau disse...

Gostei muito desse post!!!
A propaganda podia ser realista, mas com melhor gosto na escolha dos produtos, né?! Mas tudo bem as pessoas por aqui vão na piscina de roupa, usar uma sunga horrenda dessas e um bikini idem nem é tão mal quanto os trajes q já vimos. hahaha.
Bjinhos e continue a sua busca que a família agradece!!!