quarta-feira, 16 de julho de 2008

Leitura matinal

Embora o título deste blog seja "Me At Canada", eu gosto de escrever sobre outras coisas que acontecem na minha vida, já que nem sempre tem tanta coisa assim para falar do Canadá. De vez em quando me dá vontade de falar sobre as pessoas que eu vejo no trem e nos ônibus (são dois, já que eu estou meio preguiçoso e decidi não fazer mais a caminhada de 1000 metros da estação de trem até o meu trabalho). Hoje não tinha nada de muito especial...

. Tinha uma pessoa no ônibus que vem da estação de trem até perto do meu trabalho, sentado duas poltronas à minha frente, que, do nada, virou para o fundo do ônibus e começou a falar em voz alta, dizendo apenas uma palavra - "mal". Acho que ele queria chamar alguém, mas quem estava na poltrona exatamente atrás dele não entendeu nada, assim como o resto do ônibus;
. Neste mesmo ônibus tinha alguém com aquele cheiro característico de três dias sem banho. Eu sou meio alérgico à perfumes, mas sou três vezes mais alérgico à CC. Meu nariz trava, eu começo à espirrar, dá vontade de abrir os vidros do ônibus ou mudar de lugar. Como o meu ponto já estava chegando, nem precisei me preocupar;
. O trem estava tranquilo, vazio como todo dia. Eu tenho espaço para poder ler o que eu quiser ler e para colocar o meu copo de café onde eu quiser colocar. Quando eu saio do trem jogo o café fora (sempre sobra um pouquinho), e deixo o jornalzinho do Metro dobrado entre a cadeira e a lateral do trem.

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Falando de outras amenidades, ontem a gente viu o filme baseado no livro Caçador de Pipas, que por sinal é homônimo. A história começa no fim da década de 70, no Afeganistão, e conta a história de uma família afetada pela invasão do Afeganistão pela Rússia, o êxodo que se seguiu, e como o regime Taliban afetou o modo de vida naquele país. Outro dia eu tinha escrito aqui no blog sobre como a falta de conhecimento sobre outras culturas faz a gente achar que eles "sentem" as coisas de forma diferente, e este filme colocou um pouco de luz sobre o povo Afegão e como eles foram mais vítimas do que culpados de tudo que aconteceu com eles. Antes do regime Taliban e da invasão Russa (e de tudo mais que aconteceu), o povo Afegão podia ouvir música, ver filmes, empinar pipas, as mulheres não eram obrigadas a usar a burca e podiam frequentar a escola, não existia a "patrulha da barba" e o país parecia estar em boa forma. Provavelmente não era um Óasis, como eu acredito que não seja nenhum dos países naquela região dominada por conflitos religiosos, mas com certeza era uma terra melhor do que hoje em dia.

A história é dominada por um herói e um anti-herói (que só é um anti-herói, mas não um vilão), e como a integridade e a justiça de um mostram os valores em que ele acreditava, e como a covardia de outro mostra como, segundo o próprio autor do livro, a comunidade internacional virou as costas para o país quando a guerra com a Rússia acabou e eles acabaram com um governo extremamente corrupto e depois extremamente radical. E um pouco esta história me fez pensar um pouco em todos os imigrantes que estão aqui no Canadá e qual deve ser a história por trás deles, especialmente os que vem de países que estão ou estiveram em conflito recentemente (Iraque, refugiados da África, Afeganistão, Kuwait, entre outros). O que é bom para mim necessariamente não é bom para os outros, mas eu acho que este é um filme que deve ser assistido.

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Ontem eu comprei um livro para mim. Acho que deve ser o primeiro livro que eu "me" comprei nos últimos cinco ou dez anos - eu gosto muito de ler, mas normalmente a minha leitura envolve jornais, revistas, a Wikipedia, blogs e outras literaturas que tem mais "função" do que "conteúdo". Mas este livro me interessou porque eu li o primeiro capítulo na Internet (você pode ler aqui), e também porque a história é sobre um grupo de funcionários da Microsoft e seu modo de vida, visão do mundo e como eles encaram a vida profissional. O nome do livro é Microserfs. Eu li ontem no caminho para casa e li hoje no trem também - como eu já me acostumei a ler em veículos em movimento graças ao jornal gratuito distribuído na cidade, ler um livro sentado com a paisagem passando à volta e com vários sacolejos no caminho já não me incomoda mais. A Soraya sempre me tenta fazer ler alguma coisa (a gente começou a ler o Mundo de Sofia, que eu pretendo acabar um dia), mas nem sempre histórias "normais" me despertam interesse. Mas este livro especificamente me cativou e até agora está sendo uma boa forma de passar o tempo no transporte público da cidade.

PS: Agora eu me lembrei que eu comprei outros livros para mim ou que ganhei de presente. Um deles foi sobre o Ronaldo Fenômeno, que eu li até a parte que explica o que aconteceu na copa de 1998, e o outro foi a "Filosofia de Matrix", que eu não passei da segunda página.

Vamos ver se eu tomo gosto pela coisa.

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Dente de leão aqui se chama "dandelion", que vem do Francês "dan de lion".

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O verão aqui é meio inconstante. Não tem nenhuma massa d'água grande por perto para segurar a variação da temperatura entre os dias frios e os dias quentes, e a temperatura pode ser de 10C em um dia e de 25C no outro. De qualquer jeito, a cidade fica muito melhor no verão, as árvores tem folhas, a grama fica verde e dá para usar só uma calça.

Agora preciso trabalhar.

Fui!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Ravi,

Sugestão:
Acho que você gostará de ler um livro que acabei de ler, "The World Is Flat" de Thomas Friedman.
Muito Bom.

Abraço,

Rossano.