sábado, 1 de dezembro de 2007

Mais neve, mais frio e bastante coisa para escrever

Hoje, mais uma vez, a gente perdeu a chave de casa. É a terceira vez. Uma vez eu perdi as chaves (no primeiro dia aqui), na outra vez a Soraya deixou na escola mas eles encontraram a chave e devolveram, e hoje eu acho que a gente deixou na porta.

Pois é. Chegamos em casa (a gente percebeu que estava sem a chave no ônibus), e encontramos a porta trancada e uma garrafa de água semi-congelada do lado de fora. Eu fiquei super encanado, achei que tinham roubado alguma coisa, alguém entrou, levou alguma coisa e trancou a casa. Depois de muito fuçar do lado de dentro e do lado de fora, e de já ter chamado o cara que veio com a chave "master" e abriu a porta, percebi que:

. Nada de valor estava faltando na casa (olhando pela janela deu para perceber que o notebook estava no lugar - se não levaram o notebook, não levaram mais nada);
. Se alguém trancou a porta e levou a chave embora não foi um bom samaritano. Porque não deixou aviso em lugar algum;
. Se não me devolverem a chave amanhã vão acontecer duas coisas - eu vou ter que mandar trocar a fechadura porque eu tenho 90% de certeza de que eu deixei a chave na porta - e a secretária da empresa vai querer me espancar porque eu perdi pela segunda vez a chave eletrônica da porta da empresa;
. Se me devolverem a chave amanhã eu vou ficar muito feliz e perguntar porque não devolveram antes.

Pois é. Isto foi a nossa chegada em casa. Ficamos no corredor por um bom tempo até o cara que cuida das "emergências" do nosso prédio chegar. Ficamos 75 dólares mais pobres (malditos). Um cara do meu trabalho que me mandou uma mensagem logo depois de eu ligar o computador me disse que a gente deveria esconder uma chave em um lugar secreto. Olha, estou pensando seriamente nesta possibilidade.


Bom, já que parece que o Chinook de Segunda-feira não vem mais (a previsão do tempo mudou de idéia), vamos falar do frio de hoje e como as coisas mudaram por aqui. Olha como era a minha rua há uns meses:



E olha como ela está agora:



Não é exatamente o mesmo ângulo, mas dá para ter uma idéia. Este é o parquinho do Arthur, está tão branquinho que até parece propaganda de sabão em pó:



E este é o moleque no parquinho:



Hoje quando a gente saiu do ônibus e foi no parquinho eu não cobri o rosto com o cachecol, e o Arthur ficou enrolando na rua. Eu juro que eu comecei a sentir umas partes do meu rosto meio adormecidas. Hoje estava frio, acho que fez -20 graus durante o dia. Agora a temperatura é de -19 graus, mas com o vento de 15 km/h a sensação térmica é de -28 graus. Até o pessoal daqui está falando que está frio, então agora eu posso dizer que eu já senti o frio do Canadá para valer. E, olha, é frio, até minha mãe falou que nunca na vida iria conhecer um lugar onde fizesse tanto frio. Falando nisso, tias Marília, Helenita, Maria Luíza e Tio Juarez, olha a gente:


(a minha idéia era a tirar a foto mais de perto, mas não deu para tirar muitas fotos hoje que estava muito frio para deixar a câmera a mão, eu sinceramente tive medo dela parar de funcionar)

Foto de capa de disco:




A janela da minha sala (e da minha cozinha) não tinham vidros duplos, apenas um vidro simples. Eles arrumaram a janela da cozinha, mas a da sala ainda não. Resultado:



Falando em sala, Soraya alimentando a criança e os dois vendo algo muito interessante na televisão:


(pela cara deles parece que não é coisa boa, mas é só desenho)

Mas mesmo com o gelo todo e a cara séria do Arthur e da Sô a gente vai indo bem. E a casa vai indo quentinha. Mas olha, é frio. É frio mesmo. Impressionante. Ontem eu estava de carona e o motorista jogou água no pára-brisa. Mas como ele tinha esquecido de trocar a água do reservatório pelo "líquido de inverno", a mesma congelou no mesmo momento que encostou no pára-brisa. Foi preciso muito ar-quente para fazer o gelo virar água de novo e ir embora.


Nesta mesma carona foi preciso abastecer o tanque do carro. Chegamos no posto de gasolina e eu disse "cara, posso abastecer o carro?". Mesmo com uma cara estranha, meu amigo me deu a bomba e disse "ok, manda brasa". Aí eu expliquei que era a primeira vez que eu abastecia um carro (ok, Kb.Lo, pegava na bomba), e que no Brasil não existe posto self-service - eu precisava explicar para não ficar tachado de louco ou doido. Em relação à abastecer o carro nada demais, exceto que eu sou meio mongo e derrubei gasolina na minha luva.

No fim, só tinha UMA mulher trabalhando no posto de gasolina, e quando eu disse que a média de funcionários de um posto médio no Brasil é de dez para cima, ele fez uma cara assustada e eu disse que são os males de um país cheio de desempregados (e onde não existe a cultura do faça-você-mesmo).


Hoje a gente foi no McDonald's. A operação do McDonalds aqui é internacional. Em uma loja, é da Índia, em outra, da China, e poraí vai. O que fala um pouquinho de Inglês fica no caixa, os outros fazem os trabalhos que não envolvem contato com os funcionários e se comunicam entre si no seu idioma original. É assim em vários estabelecimentos diferentes, mesmo no meu trabalho. Quando eu falo para um Chinês ajudar o outro, eu falo "fala em Chinês mesmo", porque eu sei que rende mais.

Faz alguns anos alguém teve a magnífica idéia de colocar luvas nos funcionários de lanchonetes para que a operação seja mais "higiênica". Acho que talvez a idéia original fosse até boa, sei lá, uma luva para mexer na comida, outra para limpar o chão e outra para o banheiro. Mas não fazendo como o Chinês que eu vi hoje. Olha só:

. Ato 0, começo do dia, bota as luvas cirúrgicas;
. Ato 1, assoa o nariz em um guardanapo, vira ao contrário, assoa mais, limpa bem, joga fora;
. Ato 2, repõe os guardanapos;
. Ato 3, limpa o chão;
(sempre com as mesmas luvas)
. Ato 4, pega o pano de chão com as luvas e esfrega na parede;
. Ato 5, vai para o banheiro e eu nem quero saber mais nada depois disso.

Agora, me diga, alguém lava a mão com as luvas? Não era melhor deixar os funcionários sem as luvas e fazer com que eles lavassem as mãos de vez em quando? Acho que todo mundo pensa que sujeira não gruda na luva, mas não é bem assim. Limpeza não é só limpar, mas é limpar certo e garantir que fique tudo "isolado".


Já está bom de escrita. Bom Domingo à todos. Dia de ligar para os amigos e família. Fui!

2 comentários:

aveh disse...

Oi Ravi gostei demais do seu blog.
Agora vou ter mais o que ver nesse comp.
Divertidíssimo.
Abraços Aveh (do Vicente) lembra-se?

Ana Paula disse...

Nossa, que frio!!! Aqui tá nevando também... mas não tão frio como aí! Eu nunca tinha parado pra pensar nisso das luvas... deve ser nojento mesmo! Eca!!