quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Curtas, parte 666

No supermercado

Nada expõe mais a intimidade de uma pessoa do que o carrinho do supermercado. Quando você olha aquele casal de gordinhos simpáticos com cinco pacotes de pão de hamburguer, dez pacotes de cookies, 20 refrigerantes e mais um monte de coisas boas, deliciosas e bem engordativas, você sabe que na vida a relação de causa-efeito é algo inexorável, é um fato, uma lei, e não uma suposição. Mas não vou agredir os gordinhos, afinal, eu também faço parte deste clube, que não é nada exclusivo.

E ontem, quando eu estava na fila do supermercado, sendo atendida pela caixa mais complicada que já caminhou sobre esta terra, vejo o casal da minha frente conversar em sua língua original (alguma língua árabe) sobre um produto que a mulher queria comprar. Conversa, conversa vem, e a mulher põe o produto na área de "não quero mais". Quando eu olho o produto, está escrito "luvas de massagem". Ri para mim mesmo pensando que a mulher queria fazer a passagem pelo mar vermelho e o marido só queria saber de Maomé (afinal eles são de algum país daquelas bandas), mas deixei para lá. A mulher asiática que estava atrás de mim (não vou dizer Chinesa porque descobri que existem duzentos biotipos diferentes na Ásia e o de olho puxado é uma parte enorme da população de lá - e daqui também) estava com um pacote de 10 quilos de arroz Tailandês. Daonde será que ela é? Se bem que a gente também comprou arroz Tailandês estes dias, depois de encontrar uns Brasileiros no mercado que nos disseram que aquele arroz é bem parecido com o Brasileiro (e é mesmo).

E para escolher um caixa? É uma arte, e o cara do filme Anti-Herói Americano já sabia disso. Você tem que avaliar a velocidade do caixa, o tamanho da fila e o perfil dos seus ocupantes. Será que aquela velhinha vai querer falar sobre a vida com a mulher do caixa? Será que aquele engravatado vai implicar com o preço do feijão? São muitas variáveis, é uma ciência complicada. Ontem, a propósito, eu escolhi o caixa errado:

. A mulher do caixa conversava demais e demorava demais;
. O povo da minha frente era enrolado;
. Abriu um caixa do meu lado mas eu estava distraído fazendo mandinga para a fila andar mais rápido.

Brincadeira. Vocês vão achar que eu sou mala, até porque vou falar dos...

... Imóveis do busão

Impressionante como este povo tem preguiça de fazer as coisas por inteiro. Ao invés de dar dez passos e chegar no fundo do ônibus logo, dá cinco passos e fica olhando ansioso (ou ansiosa) para a porta para ver se entra mais gente. Isso depois do motorista dizer "MOVE TO THE BACK, PLEASE". Aí entra mais gente, o cidadão calcula quanto espaço tem que ceder e dá mais um passo pra trás. Vai logo para o fundo do ônibus! Parece que tem alergia, sei lá.

Agora o bonitão aqui mudou a estratégia. Se o fundo do ônibus estiver vazio e eu tiver que passar por até dez pessoas para chegar lá (mais que isso complica), vou me acotovelando e chego no fundão. Se estiver no meio do corredor falo "excuse me", se for quem está trancando o tráfego só olho feio. Cansei de falar "MOVE TO THE BACK" para este povo que não dá um passo para trás sem o motorista ordenar. Vou lá buscar meus quinze minutos de sono no fundão. Como vou perder esta complementação para o meu sono diário? No way...

Durmo, logo existo.

Fui! Preciso trabalhar...

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