sexta-feira, 29 de junho de 2007

Textão do FDS sem nada para fazer, parte um

Onze e vinte cinco da noite no apartamento.

Estou ouvindo a trilha musical do filme Forrest Gump, agora está tocando The Doors, Break On Through To The Other Side, estou tomando Black Label com água e lendo Calvin e Haroldo.

Olhando pela janela dá para ver um restinho de azul no céu. A tela do notebook me ofusca um pouco e, olhando de novo agora, só consegui ver um pouco das luzes dos prédios que ficam na frente do meu apartamento.

Ontem e hoje eu estou em uma maré de má sorte. Os papéis que eu mandei para a Soraya, autorizando o Arthur a viajar com ela, não tiveram a assinatura reconhecida pelo cartório, e tive que enviar tudo de novo hoje. Como seguro morreu de velho e custa noventa dólares enviar algo para o Brasil (para chegar em um prazo de dois a quatro dias), fiz 15 cópias e assinei variando um pouco a assinatura, só para garantir. A Sô me me mostrou o que eu tinha assinado antes, e ficou tosco mesmo. Como eu havia refeito a minha firma recentemente no cartório em questão, eu achei que era só assinar como eu venho assinando tudo já faz um tempo que fosse passar ser reconhecido, mas não rolou. Infelizmente. Se não reconhecer agora, vou ter que ir para o Brasil buscá-los, e a gente vai ter que seguir o plano original. Mas eu estou confiante de que agora vai funcionar.

Eu preciso aprender a assinar direito.

Bom. Hoje é sexta-feira. Cheguei no apartamento e fui dormir um pouco. Acordei umas oito da noite, andei até o orelhão (fica um pouco longe), liguei para a Soraya, conversamos um pouco, peguei umas moedas e vim lavar roupa. Aqui no prédio tem máquina de lavar roupa e secadora, que todo mundo pode usar, e que funcionam a base de moedas. Dois dólares para lavar roupa, dois para secar.

Fui dar uma volta enquanto a roupa secava na máquina. Este bairro onde eu estou agora é realmente muito agradável. Você de fato houve as pessoas na rua, vê movimento, as pessoas gostam bastante de ficar nas sacadas dos prédios, passei por uma casa, e pela porta aberta da cozinha vi duas garotas conversando (deja-vu, eu já tenho a impressão de ter escrito isso antes). Segui descendo pela calçada e passou uma chinesa apressada por mim (acho que todo Chinês anda meio apressado), vi um carro com o farol aceso, já meio que amarelando porque a bateria estava acabando.

Fiquei uns minutos parado na frente de uma escola infantil (bem bonita), vendo o parque e o gramado imenso que eles tem ali. Uma quadra a mais e já era de voltar.

Eu cozinhei uma carne de porco com um recheio meio estranho hoje, mas não ficou ruim. Estava meio sem sal, mas como todo viciado em sal bem prevenido, eu sempre tenho um a tiracolo. Comi um pouco, tirei as medidas dos quartos e agora estou escrevendo aqui.

A solidão aperta depois de três semanas. A saudade aperta. E o que não ajuda é o fato de que o telefone só vai ser instalado aqui no apartamento (juntamente com a TV e a Internet) no dia sete de julho. Até lá, tenho que ir no orelhão para poder falar com a Soraya, e Internet, só no trabalho. O notebook não tem Wi-Fi, ou seja, não dá para eu ir até algum Hot-Spot para acessar a Internet.

Hoje eu falei com o Cunha, botamos a conversa em dia, ontem eu falei com o Kb.Lo, queria ter falado mais com o Rapha hoje mas infelizmente eu tinha que mandar os papéis para o Brasil, e era coisa de urgência urgentíssima. Desculpa, Chuck, e eu concordo com você, acho que mesmo para mim, a ficha de que eu vou embora talvez só esteja caindo agora.

Eu sinto falta dos meus amigos, de todos vocês, mas sinto mais falta da minha família. Tenho certeza que se eu estivesse com a Soraya e o Arthur aqui, a gente estaria tirando a situação de letra. Sinto falta dela, de conversar, tomar uma cerveja, sinto falta do moleque subindo em cima de mim, de precisar dar banho, dar atenção, de ter um motivo real para vir para casa depois do trabalho.

Casa. Preciso de móveis aqui. Colocar uma luz na sala que está foda, ter um lugar para sentar (estou no chão agora), amanhã vou checar meu saldo bancário e zerar a conta para comprar tudo que precisa. Conta total com "opcionais", 1700 dólares, sem opcionais, 1200 dólares, dinheiro que eu com certeza vou ter amanhã. O que é requerido: sofá, lugar para por a TV, camas, abajur para a sala e mesinha para por o abajur, banquinhos para a cozinha e um jogo de talheres. Os opcionais são a mesa de centro, puff e outras coisinhas. Mas, ganhando mais de mil doletas por semana, fica fácil comprar isso depois. Os preços dos móveis aqui são muito em conta, não sei se eles prestam, mas são baratos :-) E a IKEA é uma loja bem legal, vou me perder por lá amanhã.

Pois bem. Estou me sentindo meio sozinho agora. Não ter com quem conversar é meio foda (sem telefone, sem Internet, sem televisão, só com o Calvin e Haroldo, água e Black Label), mas até que estou me virando bem.

Às vezes eu acho que estou me virando super-bem. Com o inglês, com a situação, com tudo. Desejo o melhor possível a minha família e para todo os meus amigos, irmãos, camaradas. Mesmo que a gente fique anos sem se ver, sempre seremos irmãos, Kb.Lo, Cunha, Chuck, Regina (e família, Herbinho e Tuba), Akira, Pablo, Boca, Bujas e tantos outros. E mesmo longe, a minha família é a minha família, e em breve estaremos todos reunidos de novo.

Galera, assim que nós estivermos estabelecidos corretamente, com Internet e telefone sobre IP, vocês vão se cansar da gente, esteja escrito.

Saudades.

Abraços, Ravi!

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