segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Divagações filosóficas

{
Eu não caibo mais nas roupas que eu caiba
Não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar 5x

Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho esta cara já não é minha
E quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar 5x
} 2x

Esta música é meio deprimente, mas é verdade. Ano que vem eu faço 30 anos. Essa é uma idade e tanto. Pense bem, trinta anos. Você está saindo da casa dos "vinte e poucos" ou "vinte e tantos" e entrando na classe dos trintões.

Eu já tenho mais da metade da idade dos meus pais. A cada ano que passa, a proporção da idade pai/ filho vai diminuindo. Por exemplo, o Arthur tem 4 anos e eu tenho 29. Arredondando a minha idade para 28 anos, o Arthur é 7 vezes mais novo do que eu. Eu sou 1.96 vezes mais novo do que meus pais. Se você com cinquenta anos conhece uma garota de 40 e se casa, ninguém liga. Se você tem 20 anos e arruma uma garota de 10, você vai para cadeia (aliás bem merecida, seu pedófilo). Tudo é uma questão de proporção.

Eu também tenho uma teoria do porque a gente tem a sensação de que os anos vão passando mais rápido. A minha teoria é bem simples, e não tem a ver com as teorias filosofais de que a Terra está girando mais rápido, ou então de que a distância entre as galáxias vem aumentando. Pense bem. Quando você tem 5 anos de idade, 1 ano é 20% do que você viveu até então. Tudo que acontecer naquele ano vai te acrescentar muita, mas muita coisa mesmo porque você viveu muito pouco até então. E esta proporção vai diminuindo à medida que os anos vão passando. Quando você tem 10 anos, 1 ano é exatamente 10% do que você viveu até então. Com 20 anos, é apenas 5%. Ou seja, cada ano que você vive é de fato um ano a mais na sua vida, mas proporcionalmente este ano representa uma parcela menor do que você viveu até então. É meio complicado explicar isso e normalmente as pessoas entendem melhor quando, como diz o Kb.Lo, as palavras estão molhadas, ou seja, quando há uma cervejinha acompanhando a divagação filosófica.

De qualquer jeito, acho que todo mundo tem esta sensação. Eu não podia esperar os meus 18 anos para poder dirigir. Depois que os 18 anos chegaram foi legal mesmo dirigir, mas a partir daí a gente vai vivendo em um ritmo mais "normal", sem esperar desesperadamente pelas coisas acontecerem. Eu gosto muito de viajar de carro porque eu acho que uma boa parte da viagem é o caminho, e não o destino. Acho que com a vida é a mesma coisa. Você pode ter uns objetivos definidos, mas se você não aproveitar o caminho até este destino, este destino terá um sabor meio amargo quando alcançado. Isso é totalmente filosofia barata de livro de auto-ajuda, mas é verdade.

Hoje é o dia filosófico. Acho que eu não devia ter começado a ouvir Nando Reis hoje, mas agora é tarde. Pior que eu só estou com 29 anos. O moleque tem 4 anos e meio e se acha grandão, já quer atravessar a rua sozinho mas não quer por a própria meia. Ele está louco para ver a neve, mas neve mesmo só quando a gente for para o Brasil e voltar para cá. Diz que quando começar a esfriar a temperatura vai cair um pouquinho a cada dia. Se você vai embora e volta depois de algumas semanas, o choque é enorme. Tipo eu saindo de Santos e indo trabalhar em São Paulo quando a diferença de temperatura entre as duas cidades era de 20 graus (como eu xinguei os Jesuítas que foram construir aquela cidade em um lugar tão frio).

Falando da música, a parte que eu mais gosto é "Eu não tenho mais a cara que eu tinha" e "No espelho esta cara já não é minha". Quando eu vejo meu rosto, ou então o rosto da minha mulher ou dos meus amigos, você percebe a idade chegando. Muito louco. Eu sou "irmão" do Kb.Lo e do Akira há treze anos (eu só fui conhecer o resto da turma no segundo e terceiro anos do colegial). Um dia, a molecada já vai ter se conhecido por metade da vida. Ainda faltam uns anos para isto acontecer, mas isto vai acontecer um dia, é matemática :-). Nerd!!!, como diz a Soraya...

Dica para quem está vindo para Calgary: Vá ao SuperStore para fazer suas compras. Procure na Internet e vá lá. Algumas coisas são um pouco mais baratas do que em outros mercados e outras são ridicularmente mais baratas. Ontem a gente comprou uns pacotes IGNORANTES de Cheetos e Lays (batata frita). Sem noção. Comprei também uma batedeira, mas não a batedeira inteira, só a parte de cima (com as pás) por sete dólares. Comprei também umas claras de ovos e fiz um suspiro em casa. Não ficou sensacional, mas ficou com gosto de suspiro. O problema foi que eu não consegui achar o ponto e tive que colocar tudo em uma forma, como se estivesse fazendo um bolo. O moleque não curtiu muito, mas a gente gostou. Compramos também uma lixeira para a cozinha, um garfão para virar as coisas no fogão e um jogo de três panelas vagabundas por sete dólares. Que mais, que mais? Feijão preto :-), vou fazer isso depois, a Soraya comprou um peixe, eu levei um estoque de água e carne para as próximas duas semanas, e espero não voltar no mercado tão cedo, é muito cansativo fazer compras grandes. E caro também. Comprei também uma caixa de Budweiser, pagando 1 dólar e meio pela latinha, o que aqui é um preço ótimo (SuperStore Liquor Store). Ou seja, se você está no Canadá e precisa fazer compras grandes, vá na SuperStore. Eu vou pedir dinheiro para os caras por esta propaganda gratuita, mas é verdade. Impressionante.

Aliás, limão e laranja aqui é caro. CADA laranja é um dólar e CADA limão é 48 centavos. Puta merda. Compramos três limões para usar como tempero e duas laranjas para o Arthur. Aqui o limão entra no preço na hora de fazer uma caipirinha. Aí no Brasil, a gente só conta a Vodka ou a Pinga, já que um quilo de limão costuma sair por menos de um Real. Anyway, não fiz caipirinha ainda. A gente está indo bem com a cervejinha do final de semana e a água, e o suco, e o refrigerante do dia-a-dia.

Aliás, foi bom ter ido lá e ver que a SuperStore fica em um puta centro comercial, com cinemas, lojas de roupas, lojas de eletrônicos, bares, restaurantes e mais outras lojinhas ao alcance de apenas UM ônibus. Saio de casa, ando uma quadra, pego o bumba número 6 e desço na porta do lugar. Sensacional. Estava cansado de ter que pegar um bumba, um trem e ter que camelar que nem um condenado para ir no Shops Centis. Agora ficou mais fácil.

Isso aí, fui!!!

2 comentários:

Unknown disse...

Caraca Raw.... mais um pouco eu ia comecar a chorar... tu tav meio depre na segunda hein
???

Ravi disse...

Pois é né velhinho.
Fica ouvindo Nando Reis para ver no que dá...
Como tá a Venezuela?