segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Nexoless

Está esfriando aqui. Hoje estava uns quatro graus quando eu saí de casa. Agora, segundo a minha página inicial do Google está uns seis graus:



Eu também tenho um relógio que me mostra o horário daqui juntamente com o horário do Brasil, e do lado deste relógio tem um outro widget onde ficam rodando as fotos do Picasa:


... a gente nunca está totalmente desconectado :-)

Hoje eu estava falando com o pessoal do trabalho, e eles disseram que o último inverno foi uma "piada" (para os padrões deles, é claro), pois só fez quarenta graus negativos uma ou duas semanas, e também houveram vários Chinooks, que esquentam a temperatura em vários graus no inverno, por vários dias. Na opinião deles vai começar a esfriar logo. Eles estão esperando a primeira neve em uma ou duas semanas, e eu estou na expectativa. Eu achei em algum site na Internet que a primeira neve só cai em Calgary no fim de Outubro, mas eu acho que pode cair uma nevinha em Setembro, quem sabe?

Diz que no Inverno, quando está -35 graus, o ar fica "crispy", acho que é algo como "crocante", eu fiz cara de bolinho e eles disseram que, quando você aspira o ar, você literalmente sente ele entrando pelo seu nariz e indo para os seus pulmões. Deve ser uma sensação interessante.

Antes de eu sair do Brasil, há vários meses, minha tia Marília, que mora em Porto Alegre, me mandou várias roupas de frio para eu usar aqui em Calgary. No pacote vieram dois casacões, um maior, mais pesado, que protege bem contra o vento mas que não tem um forro quentinho, e um outro, flanelado, tão quente que eu nem consegui provar quando estava no Brasil. Até hoje eu só tinha usado o casacão grande e sem forro quentinho. Hoje de manhã eu tirei o outro casaco da mala porque parecia estar bem frio lá fora, e a minha decisão foi acertada :-)

Hoje os pontos de vidro aqui do Canadá estavam bem cheios:


... eu fico imaginando como vai ficar "engarrafado" lá dentro quando estiver -30 do lado de fora (esta foto não é minha, eu baixei da Internet)

Hoje de manhã o Arthur acordou antes de mim, acho que era umas sete horas da manhã. Levantou, foi para a sala ver desenho na TV, eu fiz o leite dele (iogurte, na verdade), a Soraya preparou um cantinho quentinho e eu liguei o aquecedor do apartamento porque estava ficando meio friozinho. Hoje deu dó de sair de casa. Estava escuro por causa da chuva. Frio. Eu estava com sono. Mas sem trabalho não vive o homem, então eu balancei a poeira, coloquei a mão na bolso e fui pegar o danado do bumba. O legal daqui é que os ônibus são quentinhos. A propósito, falando de frio, calor, gripes, resfriados e outras doenças, hoje eu também peguei a carteirinha do plano de saúde para eu, a Soraya e o moleque. Agora a gente pode chamar a ambulância e ir no médico sem precisar deixar as calças por lá para pagar a conta. Bem fácil, bem simples, quase sem burocracia, parece até um Poupa Tempo.

Na conversa de hoje do almoço, com o pessoal do trabalho, a gente falou de Inverno, verão, Chernobyl, e também da temperatura que o pessoal deixa o termostato durante o inverno. Um dos caras deixa 15 graus, eu achei frio. O outro deixa 22 a 24 graus, que eu acho que é a temperatura que eu vou deixar em casa. O Jon eu acho que nasceu esquimó, eu não lembro qual a temperatura que ele costuma deixar, mas deve ser bem frio. Só para se ter uma idéia, hoje, no almoço, enquanto o bonitão aqui estava de casacão, tênis e se achando com frio, o Jon estava de sandálias e camisetas. Unbelievable. O outro, o Clint, contou que quando era criança o pai dele deixava a casa sempre meio fria, para os padrões dele. Toda noite, ele acordava de madrugada, ia lá e aumentava o termostato. O pai dele ia lá uma hora depois e diminuía. Segundo ele, era uma "guerra silenciosa", já que eles nunca falavam disso. Esse seria um assunto engraçado para um encontro familiar...

A propósito, o Arthur nasceu para ser calorento. Não gosta de água quente na banheira (a água tem que estar do morno para o frio), nunca fica com o lençol em cima dele, vira e mexe derruba uma gotinha de água na blusa só para ficar sem camiseta (ele morre de inveja de mim, já que eu posso dormir sem camiseta e ele não), e é um bixo ruim para colocar o casaco quando está na rua. Tem horas que ele é cabeça dura, mas eu realmente acho que ele não sente muito frio. Só algumas vezes, quando começa a ventar aquele ventinho gelado e a gente está no ponto de ônibus, que ele vem e se aconchega entre a gente.

Estes dias eu estava falando com a minha mãe no telefone, conversando sobre saudades, distância, etc..., e ela me disse que meu bisavô (ou trisavô) veio da Europa para colonizar uma região do Rio Grande do Sul. O filho dele saiu de casa para ocupar outra região distante 400km - naquela época, acho que você precisava de uma semana viajando em cima de um cavalo para percorrer esta distância toda. E poraí foi, minha mãe e meu pai saíram do Rio Grande do Sul nos seus vinte anos para ir morar em São Paulo. Uma irmã da minha mãe foi morar na Bahia. Meu sogro saiu do Ceará também com seus vinte e poucos anos para vir trabalhar em São Paulo. A gente vive em um família de migrantes e imigrantes. Acho que está no sangue ser meio inquieto, sei lá. A diferença dos nossos antepassados para a gente é que agora existe Internet, WebCam, E-Mail, MSN e telefone sobre IP. E blogs. É muito fácil manter contato.

A gente gostaria muito de ter um carro aqui no Canadá. Fico imaginando como são os postos de gasolina, as estradas, as paradas que você faz para ir no banheiro ou comprar uma água, este tipo de coisa. Eu já estou agilizando minha carta, não fica mais barato para comprar um carro, mas fica bem mais em conta na hora de adquirir um seguro, coisa que é obrigatória aqui no Canadá. E, óbvio, eu preciso ter uma habilitação para poder dirigir :-)

De resto, estamos bem. A gente sempre pensa que o que importa é ser feliz, e não viver no exterior apenas. Se a gente não estiver feliz aqui, a gente volta. Se a gente for feliz, se a gente souber conviver com a distância (assim como os amigos e família), a gente fica. A questão é que "viver no exterior" não deve ser o fim, o objetivo final. De nada adianta querer morar no exterior só por morar, só porque acha que é o melhor para os filhos, só porque não tem violência, etc... As vantagens aqui em relação à uma república das bananas, como é o Brasil, são muitas. Mas tem que tentar se dar bem, ser feliz, porque senão não há motivo real em se afastar de casa. Acho que morar no exterior só por morar não faz sentido. Sempre que alguém me pergunta "vai ficar aí pra sempre?", eu digo que fico até a hora de ir embora :-). Fico pelo menos um ano. Depois de um ano, a gente para, faz um balanço, e decide o que fazer da vida. Hoje não dá para decidir o resto da vida. Dá para decidir o futuro próximo. O que eu quero mesmo é ir para o Brasil em Outubro, vender o carro, fazer uma festa de despedida, pegar o resto das tranqueiras, voltar, comprar um carro velho, pegar uma TV nova com controle remoto que mude de canal e ver como fica a vida.

Até agora, morar no exterior tem valido a pena. A tendência é melhorar. Se piorar, a gente tenta fazer melhorar. Se não melhorar, a persistência só tem sentido até um certo ponto. Se não der certo, a gente faz as malas e volta. É assim que eu enxergo as coisas. Você tem que fazer o que for melhor para você, não o que você acha que é melhor, mas o que é melhor de fato. Aqui, no Brasil, ou em qualquer outro lugar do mundo. Yeahhh!

E já está bom de filosofia por hoje. Vou trabalhar...

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