quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sobre amigos, família, viagem e neve

Quando a gente resolveu vir para o Canadá sabíamos o tamanho da empreitada. A família apoiou a nossa decisão, o que foi de grande valia, porque eu acho que se alguém dissesse "não vai não", era bem capaz da gente ir mesmo. Os amigos também apoiaram, mesmo dizendo "que merda" e "volta um dia". Eu sei que se algum amigo meu fosse embora eu teria a mesma reação:

"Que merda, mas que legal que você vai ter esta experiência"
"Puxa, legal, da hora, quando é que você volta?"
"Da hora, mais um lugar para a gente visitar, a gente vai lá um dia"

E poraí vai. A gente nunca quer que os amigos vão embora. Eu não gostaria de perder um amigo para um outro país. Mas acontece, e a gente sempre pensa nos amigos e na família. Sempre:

"Como é que está a casa nova da sua mãe?"
"Como será que estão os preparativos da viagem da minha mãe?"
"Como está o casório do Chuck e da Alê?"
"Quando é que o Fabrício casa?"
"Caramba, quando a gente for no Brasil precisamos ver a casa do Kb.Lo e da Sabrina"

E falamos também de outros amigos. Da Regina e do Herbinho, do Akira e sua pequena e de todo mundo. É inevitável. As vezes eu tenho um pouco de receio de dizer "estamos super bem aqui" e ver alguém da família ou algum amigo pensar "é, seu viadinho, não precisa mais da gente, né?". A verdade é que a vida é mais fácil com os amigos, mesmo longe. Saber que meu blog é lido de vez em quando, e que a minha vida aqui é acompanhada pelo povo no Brasil, é como estar um pouco mais perto dos amigos e da família. A outra verdade é que estamos, sim, super bem aqui. Mais do que eu achei que a gente pudesse ficar estando longe do Brasil. Mesmo sem receber as visitas filosóficas do Kb.Lo em casa, sem o Poquer da Regina e do Herbinho, sem o mala do Fabrício e mesmo sem os barzinhos da vida (sempre indicados pelo Chuck e pela Alê), ainda me sinto perto de todo mundo.

Família e amigos são assim. Nunca acreditei muito nisso até agora, mas é verdade, a gente não precisa estar perto para que a amizade e o laço familiar continuem existindo. Não dá para ficar amigo morando a dez mil quilômetros de distância, mas uma vez que se é amigo, amigo será.

Mas venham me visitar e conhecer este lado do Globo (sim, o lado de cima). E uma hora, cedo ou tarde, voltamos para o Brasil para passar umas semaninhas e matar a saudade dos amigos, da família, da comida, do calor, da rede Globo e da praia. Não necessariamente nesta ordem.

Bom, meu lado Gasparzinho já se expressou, agora deixa eu falar do meu lado "novo morador abestalhado"...

Ontem quando eu estava para sair do escritório vi na previsão do tempo que estava nevando. E estava. Foi meio surreal. Me senti em um filme de natal. Tudo branquinho e, como eu fui embora mais tarde, estava tudo imaculado. Nenhuma pegada, nenhuma marca de carro, nada. Só a neve. E é impressionante como as ruas ficam mais claras, mesmo estando bem de noite. A iluminação pública daqui é uma bosta normalmente, mas quando neva e o chão fica branco, parece que vem uma luz do chão, sei lá, é meio surreal. Para quem nunca viu é muito bonito, para quem está acostumado é normal. Fiquei que nem um bobo olhando tudo e tirando fotos com o celular da Soraya, que eu preciso colocar aqui depois.

Hoje de manhã a temperatura era de -15 graus celsius. Estava bem agasalhado e não passei nem um pouco de frio na rua. O rio que passa no centro da cidade está começando a ficar com uma camada de gelo. Quando eu passar por lá de novo eu vou tirar umas fotos.

Bom, vou trabalhar, tirei uma pausa de 15 minutos para falar sobre os amigos. E sobre a neve.

Fui!

Um comentário:

Rogério Andrade disse...

Oi Ravi!

Meu nome é Rogério e sou de Glória do Goitá, Pernambuco. Gostei de ler seu blog. Eu estou com muita saudade de Calgary. Ano passado, 5 de minhas alunas, eu e juntamente com 5 professores, tivemos uma oportunidade de visitar o Canadá, através de um intercâmbio bem sucedido com a Escola Dr. Gordon Higgins em Calgary. A Igreja Unidos de Scarboro (Scarboro United Church) patrocinou parte de nossa viagem, que foi maravilhosa. E tudo começou através de um contato via Internet com a professora Erin Richards. Em 2005, no começo do Projeto Amigos Sem Fronteiras, Erin conseguiu organizar uma viagem para nossa cidade de Glória do Goitá. Vieram 26 canadenses, que ensinaram inglês na Escola Municipal Santa Rita e doaram quase 8 mil reais para a formação da Biblioteca Amigos Sem Fronteiras. Foi muito legal ter encontrado canadenses tão generosos. Eu espero ir a Calgary novamente.