Tem horas que dá vontade de escrever por escrever. Simplesmente abrir o computador, dedilhar as teclas e ver que composição que sai - normalmente o resultado não é dos melhores. Ultimamente eu tenho passado dias e dias sem escrever porque a criatividade não vem e o leque de assuntos anda meio encolhido. Mas a gente vai tentando.
Ontem eu falei com o Rapha (vulgo Chuck), um amigo meu da época do colegial que tem uma sina de trabalhar em empresas que mudam de cidade. Embora eu saiba por experiência própria que o mundo é um lugar pequeno não importa onde você esteja, eu digo para ele com propriedade - vá para onde vá, mas guarde um dinheirinho para viajar. Porque ultimamente a coceirinha tá incomodando aqui em casa - ia ser bom tirar uma semana de férias e ir até um lugar um
pouquinho mais quente, já que aqui o inverno teima em continuar dando as caras - ontem nevou qualquer coisa entre 20 e 30 centímetros.
Nestes dias eu falei com o Kb.Lo, que veio nos visitar aqui em Maio, e infelizmente a gente viu que realmente Calgary não é caminho para a Europa! Mas Kb.Lo, não se preocupe! A gente ficou super feliz de vocês virem visitar a gente ano passado e eu tenho certeza que vocês vão vir de novo! Só lembra de tirar todas as fotos da Itália e de fazer xixi na Torre Eiffel!
Eu não falo faz um tempão é com o Cunha, vulgo Fabrício, que é um dos cara mais incomunicáveis do mundo! Não tem telefone fixo (nem endereço fixo), não entra no Skype nem no MSN e não atende o celular.
Brincadeira.
Estou falando dos meus amigos porque eu acho que hoje ia ser um bom dia para sentar em um bar com os respectivos e as respectivas, tomar uma cerveja em copo de geléia e comer um pastel frito há uns dois dias atrás. Assim como a Soraya tem as
inquietações dela de tempos em tempos, eu também tenho as minhas.
Inquietações, é engraçado. Eu tenho uma visão bem simples do que é imigrar para o Canadá e do que é viver aqui em relação ao Brasil - é como largar o lado "espiritual" da coisa e tentar focar mais no lado "material". Embora aqui as escolas sejam melhores, as casas sejam maiores, as cidades sejam mais bonitas e todo o resto seja mais "arrumadinho" do que no Brasil, às vezes parece que é uma coisa estéril, já que o nosso lado "espiritual" ficou no Brasil. A Soraya fala todo dia com a mãe dela, eu falo com os meus amigos e minha família toda semana - o Arthur ainda está na idade em que ele mais liga para os pais do que para tudo no mundo, então para ele vale o "se tiver com a gente, está bom".
Mas é engraçado quando eu me sinto com a vida "pausada" aqui - sensação que fica mais forte na Primavera, e agora eu digo com propriedade já que esta é a nossa segunda Primavera - eu acho que o problema é o Inverno que parece que vai acabar mas não acaba - e não é que eu esteja precisando de vitamina "D" ou de tomar mais sol, é simplesmente como se as coisas se tornassem mais claras, como uma pessoa que passa por uma experiência e marcante e passa a classificar as experiências da vida em duas categorias, a de "vale a pena" e a de "não vale a pena".
Eu acho que a minha conversa com o Rapha, que está para ter uma mudança na vida dele, me fez querer apressar as coisas aqui também. Como a Soraya diz, o "vento" está batendo na nossa janela (
Chocolate?), e aí vem o "finiquito", aquela vontade de levantar as velas e ver onde o barquinho vai chegar.
Mas o Canadá não é só saudades. A gente tentar fazer um programa diferente a cada final de semana, ir dar uma volta nas redondezas, ir na casa de alguém (ontem fomos na casa da Andresa e do Márcio tomar uma cervejinha e comer uma pizza, ver um filme com todo mundo espremido na cama, comprar livros baratos nos sebos da vida, ver a neve caindo pela janela e pensar "é, f*deu".
:-).
Imigrar não é fácil. Quem diz que é fácil ou não gostava mesmo do Brasil ou não deixou a ficha cair.
Só vou parar de refletir quando esquentar!!!
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Bom, é isso aí. Amanhã eu pressinto um dia longo no trabalho já que algumas coisas que deveriam ter funcionado no final de semana não funcionaram tão bem.
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PS: Hoje eu aprontei - estava decendo uma rua aqui perto de casa quando eu resolvi brincar e travar as quatro rodas do carro (já que a rua estava coberta de gelo), eu acabei deixando o carro virar demais e quando eu soltei o pé do breque eu tive que segurar o cavalo bravo no braço. Ainda bem que eu joguei GT ontem com o Márcio e consegui não fazer o carro rodar depois de corrigir a trajetória do adolescente rebelde.
É engraçado porque toda vez que eu escorrego com o carro eu lembro do Kerry (meu chefe na Spring) falando que a pior coisa que um motorista pode fazer é compensar demais e fazer o carro rodar depois de uma derrapagem besta.
Aí, depois, quando eu fui sair de casa à tarde, tinha um velhinho, coitado, tentando subir com o carro na rampa de saída do condo e, sem conseguir ir para lugar algum, resolveu dar ré e dar uma chance para o próximo, que no caso era eu. O pneu de neve ajudou, mas não ajudou muito não - no gelo é tudo liso, não importa qual seja o sapato que se está usando.
Fui!