domingo, 31 de maio de 2009

Vai de bicicleta! Parte II, dois anos depois

Demorou. Demorou 2 anos. Mas hoje, depois de longa e prolongada espera, finalmente comprei a bichinha. A magrela. A fiel. A bicicleta. E já vem com garantia de fábrica - foi usada por anos a fio e ainda dá para o gasto.

É amigo. Kijiji! E não é que o danado do site funciona mesmo? Vi a magrela, 50 dólares, em bom estado (bom estado é uma coisa relativa - eu classificaria como "em estado razoável - dois pneus, breques, banco, mas um pouquinho de ferrugem aqui e ali), liguei para a mulher, caiu na caixa postal, 15 minutos depois recebi a ligação de volta, disse que pagava 40 dólares e negócio fechado.

Quarentinha + 15 para comprar um pedal novo = 55 dóletas. Acho que está de bom tamanho. A bicicleta tem um número X de marchas que eu não lembro qual é (como se realmente houvesse uma diferença grande entre 15, 18 e 21 marchas), Shimano (o sonho da molecada era ter câmbio Shimano e não o lazarento do Dimosil), freios Cantilever (outro sonho da molecada de Caraguá), cubo de alumínio (outro sonho da molecada de Caraguá - a gente era pobre e não sabia), sem suspensão, o banco veio meio alto, eu joguei um óleo meio nojento (de silicone) na corrente (na embalagem, fui trocar o pedal mas comprei o modelo errado (merda), fui na Canadian Tire um minuto antes dela fechar e consegui trocar pelo pedal certo, enchi os pneus, joguei uma água na sujinha (sem dó nem piedade - depois de jogar óleo o problema é menor já que água e óleo não se misturam), limpei o óleo que caiu na roda de trás para que a bicicleta pudesse brecar de forma adequada, joguei mais óleo nos parafusos que estavam enferrujados, limpei, ralei, sujei, limpei de novo, e olha, a danada andou que foi uma beleza. Eu e o Arthur já fomos fazer o tour da vizinhança. Amanhã eu vou tentar providenciar uma para a Soraya.

E uma bicicleta nova, daria esta alegria toda para quem gosta de por a mão na massa? Carros são muito complexos para mim, mas a bicicleta está na medida certa.

Fui! Pedalando...

sábado, 30 de maio de 2009

UP

Hoje nós fomos ver Up, o novo filme da Pixar.



Em duas palavras, o filme é sensível e divertido. No começo do filme a vida de Carl, o velhinho dono da casa doida que sai voando levada pelos balões, é descrita em 10 ou 15 minutos e olha, foi um dos melhores começos de filme que eu já vi.

E depois tudo acontece, com a casa voando até a Venezuela, os cachorros que falam, o tal do pássaro que se chama Kevin mas que no final das contas é uma fêmea, o escoteiro, e o aventureiro que ficou obcecado por perseguir algo que lhe traria a fama de volta. Acho que a mensagem do filme é - nunca é tarde para começar de novo, a vida é para ser vivida, percalços virão e devem ser superados. É um filme "infantil" que pode e deve ser visto por adultos - aliás, acho que mais de metade das pessoas no cinema hoje eram adultos ou adolescentes sem nenhuma criança por perto.

Pena que só vai chegar no Brasil em Setembro. Mas é um filme que vale a pena ser visto e que vale cada centavo do preço do ingresso do cinema (carinho por estas bandas).

Fui!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Hora do almoço...

... e, como em odo dia, vou comer no restaurante Vietnamita daqui do bairro. Saudades dos restaurantes do Itaim (onde eu trabalhava), da picanha, do feijão com arroz, dos salgadinhos recheados com Catupiry, dos sanduíches do Fifties, dos croquetes da padaria, do risoles com queijo do boteco em frente à rodoviária, da pizza com batata palha, frango e Catupiry.

Saudade de pastel.

Saudade de cerveja em garrafa grande.

Saudade de dobradinha.

Saudade de feijoada.

Saudade de alcatra. De maminha. De fraldinha. De linguiça aurora. De picanha suína.

Aqui não se come como se come no Brasil. Eu não sei como tem tanta gente que vem para cá e ganha peso - eu acho que perdi uns 5 quilos depois que eu cheguei aqui. Acho que deve ser porque eu não gosto de Kraft Dinner (um macarrão com queijo instantâneo).

Carne... Picanha... Catupiry... Picanha COM Catupiry!

Voltando à realidade... Agora eu vou lá comer os meus noodles.

Fui!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Resposta aos comentários

Fernando:

Eu vi a comunidade no Orkut - tem muita gente que acha que flanelinha devia ser profissão porque teoricamente "tira o povo do crime", mas o que eles não percebem é que tem muito flanelinha que é, de fato, criminoso e que deveria estar preso não pelo fato de ser flanelinha, mas por outros crimes que ele cometeu antes. Como eu disse, no Brasil a gente tende a querer resolver os problemas da forma errada.

Taty:

Pode ser que sim, pode ser que não. Depende da sua realidade no Brasil, do que você espera encontrar aqui e de quais são as suas expectativas. Veja o relato deste blog:

domingo, 24 de maio de 2009

As coisas boas que o lado de cá tem

Nem tudo é frio e inverno...

Ontem nós fomos no Calgary International Children's Festival, ou Festival Internacional Infantil de Calgary, uma festa que acontece todo ano em Calgary com eventos destinados à criançada - nós fomos em duas apresentações, a Butterflies Installation, uma peça interativa em que as crianças interagem com a personagem em um palco que é sensível aos movimentos das pessoas, é bem louco, o Arthur adorou, e todo mundo pode brincar um pouco. E, depois desta peça, fomos assistir uma outra em um hall (não sei como chamar em Português - talvez salão?) chamado Jack Singer Concert Hall, muito bonito. E a peça era Brasileira! Um grupo de Brasília chamado O Cano, com três personagens que fazem música usando canos de PVC e que arrancaram umas boas gargalhadas da criançada.

Hoje, Domingo, fomos em um churrasco coletivo no Fish Creek Park - eu já havia ido neste parque antes mas nunca tinha visto o "creek" (riacho), tudo o que eu consegui absorver de quando fui lá era que aquele lugar era simplesmente um MONTE de mato no meio da cidade, o que em si já é um feito quando lembramos de como o Parque do Ibirapuera é importante para São Paulo. Mas quando fomos ao parque hoje de manhã fomos por uma outra entrada, que leva para uma escadinha de madeira, que leva para a área do parque, de onde se pode ver... o RIACHO! Foi como o Fábio me perguntou hoje, "qual é o nome do creek?", e eu disse "bom, deve ser Fish Creek, né?". Pois é, eu vi o danado do Fish Creek. E o churrasco foi ótimo, mas o melhor de tudo foi o Arthur voltar para casa tão sujo que deixou a água com cor de terra na hora de tomar banho. Fazia tempo que o baixinho não brincava tanto com terra e com água! Da próxima vez que a gente voltar, eu vou é levar meu short (sunga de Santista) para tomar um banho naquela água que fez as minhas canelas doerem de frio.

Sensacional.

O Inverno acabou mesmo!

A cidade está bonita, uma beleza que a gente esquece que existe. As ruas estão verdes, as árvores estão florindo, a nossa vizinhança é bem mais ajeitada do que os outros lugares onde já moramos antes, temos um parquinho do outro lado da rua e provavelmente uns outros 3 ou 4 em um raio de 1 quilômetro ao redor da nossa casa. Embora o centro da cidade tenha os seus mendigos e os seus moradores estranhos, acho que convivemos todos em paz. Eu me lembro que em São Paulo tínhamos o parque da Aclimação, que era um parque bem bonitinho, mas que tinha algumas coisas que incomodavam - o lago sujo e poluído, as crianças de rua que roubavam o trabalho de um dia do tiozinho que vendia algodão-doce, e o comércio de drogas que acontecia em alguns cantos do parque ã plena luz do dia, e também os abomináveis flanelinhas. Eu acho flanelinha cobrar para as pessoas pararem o carro na RUA um crime, e eu acho que demoraram demais para fazer isso SER de fato um crime. Eu NUNCA vi flanelinha aqui - mas, justiça seja feita, já vi mendigos pedindo dinheiro em semáforo.

Voltando aos flanelinhas, o que mais me revoltava é saber que era fácil acabar com o domínio deles no Ibirapuera - se todo mundo parasse o carro na Assembléia Legislativa, que é guardada por Policiais Militares, provavelmente o problema ia acabar - mas eu acho que no Brasil a gente tem uma cultura de perdão e tolerância que já foi longe demais.

Bom, mas não é este o assunto - depois de dois crimes assombrosos em São Paulo a sensibilidade anda à flor da pele. Eu acho que o governo deveria mudar o sistema Judiciário, quintuplicar o salário dos policiais, comprar carros de polícias decentes e punir exemplarmente os corruptos, e deixar na cadeia quem é para ficar na cadeia. De longe as coisas parecem tão simples, e talvez elas sejam mesmo - no Brasil temos uma tendência de contonar os problemas do dia-a-dia com soluções que não resolvem nada.

Ainda temos muito o que crescer.

Perdi o fio da meada do que eu estava conversando antes.

O que eu queria dizer é:

Mesmo com a distância, a saudade, o frio, as diferenças culturais, ainda estamos aqui, não é? Tem coisas que fazem a vida aqui valer a pena - o verão, os parquinhos, as ruas arborizadas e sem aqueles fios feios, as bibliotecas e os seus livros e DVD's, os festivais que acontecem hora ou outra, os parques provinciais, o fato de que eu nunca vi arame farpado ou cacos de vidra em cima de nenhum muro, e afins - nesta época do ano os problemas ficam menores, e as qualidades, maiores.

Fui!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

E...

... onde que é menos frio no Canadá?

Ou seja, perguntas:

. Em Vancouver chove mais do que no litoral paulista?
. Em Toronto neva tanto quanto dizem e o trânsito é ruim como falam?
. Calgary é mesmo tão ensolarada assim?

Hoje...

20 de Maio...

Tipo, quase verão (acho que começa lá pelo dia 20 de Junho)...

E NEVOU!!!

Inacreditável! Nevou mesmo, não era granizo, era neve mesmo, aquela tal da "neve molhada".

Até o povo que morou a vida inteira aqui duvida.

...

Obrigado pelos elogios para o "survival guide". De tempos em tempos vou escrever coisas do tipo.

...

Se alguém souber a resposta para as três questões de cima, e puder responder...

Fui!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Survival guide para o Canadá

Estes dias eu estava conversando com a Soraya sobre como deveria ser o survival guide for real para quem chega no Canadá. Eu tenho algumas idéias para tópicos, e aqui vão algumas:

. Guia do survival job

É a dura realidade. Muita gente bem qualificada chega aqui e tem que trabalhar com os chamados survival jobs. Seja entregando pizza, ralando em alguma cafeteria, trabalhando em açougue, construção, limpando o chão, atendendo o público, em áreas que não requerem qualificação mas que sempre estão com a placa de "precisa-se de ..." pendurada no vidro. Eu conheço alguns imigrantes que chegaram e conseguiram arrumar um emprego bom e na sua área de atuação, e eu também conheço um outro tanto que tem que ralar para poder pagar as contas.

Seria legal ver escrito quais são os survival jobs que prestam e os que não prestam. Eu não posso opinar a respeito porque eu estou aqui com uma Work Permit (oficialmente, eu não sou um imigrante).

Acho que a regra de ouro é chegar e manter um "low profile". Comprar um carro velho, alugar um lugar pequeno (nos meus primeiros seis meses eu morei em um apartamento basement, meu primeiro carro só veio depois de um ano e a Mystery Machine já viu vários presidentes passar), e tentar esticar o din-din que o governo manda trazer - pode demorar um pouco mais do que se espera para se conseguir "o emprego".

. Guia do survival job para o frio

É, o inverno, este maldito.

O problema não são os dias de -35 graus. O problema não é apenas os dias em que o sol se põe às cinco da tarde, nem a merda branca, nem dirigir sobre o gelo (eu particularmente acho divertido).

O problema é que, pelo menos aqui em Calgary, o inverno é longo. Foi como no outro dia, em que eu ouvi o locutor de uma rádio, falando sobre um anúncio de imóveis que mostrava pessoas de shorts e camiseta correndo felizes com os seus cachorros em um dia de sol com a grama verde. Ele comentou "as pessoas parecem que esquecem que Calgary é uma cidade de inverno. Os meses em que a grama está verde e dá para sair de bermuda e camiseta e levar o cachorrinho para pessoas são três ou quatro - Maio, Junho, Julho e Agosto - em Setembro, o frio já começa a dar as caras" (com alguma licença poética).

A minha dica para este tópico é - não compre uma casa na cidade onde você está até passar pelo primeiro (ou segundo) invernos. Como aqui os juros do mortgage são pagos nos primeiros anos do financiamento, o negócio é ter certeza mesmo antes de decidir onde ficar. Existem cidades no Canadá onde faz mais frio, outras cidades onde faz mesmo. Mesmo que você goste da serra (Campos do Jordão, Gramado, o que for), acredite em mim, um mês inteiro a -20 graus é complicado. Esquecer a garrafa de água no carro à noite e ter ela geladinha no Outono é gostoso - mas no meio do inverno a garrafa vai virar é um cubo de gelo.

. Guia do survival job para a conversação

Inglês é importante. É a língua que se fala por estas bandas (a não ser que você viva em Quebec). A minha regra de ouro é - observe e aprenda! Faça cursos se você achar que tem que fazer, mas tente conversar, aprender com os seus erros, pedir para os colegas de trabalho apontarem as besteiras que saírem do seu vocabulário tupiniquim, e não pense muito para falar - e, mais importante, não traduza as coisas para o Português na sua cabeça.

. Guia do survival job para o aluguel

Guarde dinheiro para o depósito de segurança (aqui é necessário pagar um mês de aluguel adiantado, além do aluguel em si, na hora de alugar um imóvel - este dinheiro é devolvido quando o imóvel é devolvido - se o imóvel tiver em bom estado). Descubra qual a cor da tinta da parede se você quiser pendurar uns quadros (casa sem decoração para mim é que nem comida sem sal - cumpre a sua função, mas não é a mesma coisa), e alugue a casa pelo tempo certo - nem por pouco tempo, nem por muito.

E acho que é isso por hoje.

Vou pensar em outros tópicos para por aqui.

Fui!

sábado, 16 de maio de 2009

Estes dias eu, conversando no meu trabalho sobre as diferenças socias do Primeiro e Terceiro Mundos (na verdade acho que a conversa era sobre praia e calor), disse:

- No Brasil a gente toma banho de chuveiro elétrico!

- Como assim, Ravi? O tanque de água é elétrico?

- Não, o chuveiro é elétrico! Tem uma resistência dentro do chuveiro que esquenta a água dentro do chuveiro mesmo - tem uns fios que ligam o chuveiro na tomada e a resistência fica em contato com a água que está para sair do chuveiro!

- Ahn?

- É, é assim mesmo! Lógico que tem uns problemas, uma vez explodiu a ligação elétrica na minha casa, tem muito chuveiro que dá choque...

- Choque?!?!?!

- É, no trinco. Tem muita casa no Brasil que não tem circuito para ligar fio terra, e o pessoal liga o fio do terra no cano...

- (interrompendo) Ah, mas aí tudo bem. Os canos são todos de metal, funciona bem como terra.

- Depende - as casas mais novas são todas de PVC (acho que eu falei plastic). Mas o choque não vem de cima, às vezes dá choque no registro que a gente usa para abrir e fechar o chuveiro. Em algumas casas é comum usar chinelos de borracha na hora de tomar banho.

- (estupefato) Cara, acabei de tirar o Brasil da minha lista de destinos prováveis ou improváveis.

...

A Soraya comprou uma água de côco em lata no mercado. O demente que faz a água de côco colocou AÇÚCAR junto com a água de côco? A água de côco estava mais para leite condensado do que para qualquer outra coisa.

Refrescante? Só se você gosta de açúcar na sua coca-cola.

...

Nesta semana o Arthur foi o cientista da semana (na Terça-feira), foi bem legal, ele montou um circuitinho elétrico com uma pilha, lâmpada e um motorzinho, e na Quarta-feira eu e o moleque demos um tour no centro da cidade enquanto a Soraya estava no curso de Inglês.

Sensacional!

Bom, hora de ir ver o rango.

Fui!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Eu ainda tenho a intenção de escrever no blog mais de uma vez por semana, mas já faz uma semaninha que eu não dou uma palavrinha aqui. Hoje eu estava pensando que "você sabe que está no Canadá já há um tempinho quando todas as suas roupas que ainda prestam foram compradas aqui".

Final de semana foi bom, no Sábado fomos em um churrasco de um amigo nosso, que fez aniversário, e no Domingo fomos dar um "passeio de dia das mães" em Cochrane para comprar um sorvete (dizem que o sorvete de lá é bão demais da conta), mas quando chegamos lá a vontade de comer sorvete passou. Finalmente eu consegui fazer uma surpresa e dei uma caixinha de música para a Soraya, e o Arthur ganhou um dos poucos brinquedos educativos que a gente conseguiu achar aqui e que são realmente interessantes (brinquedo educativo para mim NÃO É brinquedo feito a mão ou de madeira), um kit para montar coisinhas eletrônicas (mais elétricas do que eletrônicas), mas que é para a idade dele - e não é que desta vez ele conseguiu montar as coisas por contar própria sem queimar nada? Sensacional. Lá também tinha aqueles kits de estruturas para montar, mas o capital anda restrito e a gente ficou no básico mesmo.

O carrinho rodou feliz da vida com o óleo a mais que eu coloquei no motor antes da gente sair. Mas eu acho que o motor está com mais óleo do que o necessário mesmo - mas não faz mal (pelo menos eu acho que não faz), e nesta semana eu preciso trocar o óleo da Mystery Machine mesmo...

...

A grama... está verde;
As folhas... ainda estão tímidas;
A chuva... chove;
A primavera... continua por estas bandas.

Mas dizem que amanhã neva.

Impressionante.

Fui!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu ouvindo uma música que tem um verso...

"Hoje eu quero apenas... uma pausa de mil compassos"

... e eu pensava "mas que diabos?". Mas hoje a ficha caiu... São compassos musicais!

Aliás...

Hoje...

CHOVEU!!!

Inacreditável!

Sensacional!

É sério! Eu estava com saudade da chuva.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sangue Latino
Secos & Molhados

Jurei mentiras e sigo sozinho
Assumo os pecados
Os ventos do norte não movem moinhos
E o que me resta é só um gemido
Minha vida meus mortos meus caminhos tortos

Meu sangue latino
Minha alma cativa

Rompi tratados traí os mitos
Quebrei a lança lancei o espaço
Um grito um desabafo
O que me importa é não estar vencido
Minha vida meus mortos meus caminhos tortos

Meu sangue latino
Minha alma cativa

Estava ouvindo esta música agora. Nunca entendi muito bem a letra. Acho que é algo do gênero "fiz e aconteci", mas sei lá. A música é bonita de qualquer jeito e as palavras se encaixam com a música. Mas é meio que nem Djavan:
Oceano
Djavan

Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão,
Dava prá ver o tempo ruir
Cadê você?
Que solidão!
Esquecera de mim?

Enfim,
De tudo o que
Há na terra
Não há nada em lugar
Nenhum!
Que vá crescer
Sem você chegar
Longe de ti
Tudo parou
Ninguém sabe
O que eu sofri...

Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor...

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
E esqueço que amar
É quase uma dor...

Só sei viver
Se for por você!

Eu gosto de letras menos complexas, tipo:
Geni e o Zepelin
Chico Buarque

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo
- Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Eu acho que é por isso que até hoje eu não consegui achar nenhum livro de filosofia que fosse assim, simples de ler. A Soraya bem que me fez tentar ver a realidade escondida naquelas palavras, mas não rola. Eu tentei, mas filosofia não é para mim. A não ser que um dia apareça um livro com letras garrafais em que se lê:

"FILOSOFIA PARA PESSOAS SIMPLES COMO VOCÊ...
... que não entendem nada direito"

É, eu sei, eu devia ler mais. Na verdade eu até que me considero relativamente inteligente, embora às vezes eu seja mais chucro do que eu gostaria. Mas a filosofia está além. Poesia, então, faz-me rir. No filme "O homem que copiava" o personagem do Lázaro Ramos não consegue entender uma poesia e pede ajuda para a personagem da Leandra Leal, que explica:


(o vídeo vai durar dois dias)

Cara, impressionante. Quando ela explica a poesia para ele é como se uma cortina se abrisse, a luz do sol entrasse e me iluminasse o rosto. É isso! É isso que ele queria dizer! PQP! E depois disso eu vi que poesia não era para mim mesmo.

Na escola deram um livrinho de poesias de algum poeta Brasileiro (um famoso, é quase uma vergonha eu não saber o nome dele). Me disseram que era o melhor livro de poesia de um autor Brasileiro, mas eu não conseguiria distinguir a qualidade de uma poesia deste livro para com algo que uma criança da quarta série escrevesse.

Vergonhoso.

O vídeo do youtube até que é interessante, eu deixei tocando enquanto eu escrevia os dois últimos parágrafos.

Eu gosto mesmo é de filme - e olha, o filme pode até ser mais complexo que não tem problema. Tirando aqueles filmes que se passam no Afeganistão onde ninguém fala nada por uma hora e meia, eu topo.

E agora é hora de ir almoçar.

...

BTW, preciso mudar a cara do blog. Agora já dá para colocar uma foto daqui, PARECE que não neva mais.

Fui!