terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Eu gosto do meu trabalho.

Mas às vezes eu me sinto em uma tirinha do Dilbert. Às vezes eu sou o Dilbert - às vezes eu sou o amigo dele que só quer se esconder e não fazer nada - às vezes eu sou o engenheiro inteligente (e do terceiro mundo). Outras poucas vezes eu acho que sou igual ao chefe, de cabelo pontudo e sem saber para onde ir.

Dilbert é que nem piada que professor conta em festa de formatura, e só os formandos entendem. Contexto é tudo. Piada só funciona com contexto.

Tipo aquela do Japonês que trabalhava para no departamento de tecnologia de um banco e ficava de plantão o tempo todo. Um dia o chefe chega e fala "Titzuo, pode tirar a noite de folga. Não se preocupe! Não vou precisar de você home". O Titzuo foi aproveitar à noite Paulistana e caiu na gandaia - cerveja, saquê, gueixa, mais saquê, quando toca o telefone. Era o chefe dele:
- Titzuo, fodeu. O sistema caiu em Taubaté. Preciso de você por lá. Vai para lá agora!
- Porra chefe! Bocê ze falou que eu poderia tirar az noite de folga, eu eztou bêbado...
- Titzuo, se você não for para lá agora não precisa se preocupar em chegar amanhã!!! (o Titzuo não era que nem o Homer Simpson que ia falar "eba, mais um dia de folga")
O Titzuo foi cambaleando até a rodoviária e falou para o plantonista "cara, preciso de uma passagem para Taubaté! Agora!". E o cara da rodoviária:
- Ó, para Taubaté não tem, mas eu posso te arrumar uma para o Rio, e você pode pedir para o motorista de largar em Taubaté, que fica no caminho, na Dutra!
O Titzuo ficou feliz da vida, e foi pegar o bumba, e falou para o motorista:
- Ó, motô, eu preciso que você me deixe em Taubaté! Questão de vida ou morte! Mas, ó, eu estou cansado, com sono, bêbado, fedendo, e não vou querer sair do ônibus. Você vai ter que me tirar do ônibus - eu vou gritar, brigar, morder (nesta hora o motorista começou a achar aquele japonês estranho), mas você me tira do ônibus. Tá aqui 50 reais só para garantir.
E o Titzuo foi dormir. Ele apagou, só sendo acordado pelo sol que entrava pela cortina da janela. Ele deu uma espiada, viu o mar, o arpoardor, o Cristo Redentor, e nesta hora o ônibus parou.
Ele saiu xingando, brigando, chutando o ônibus, puto da vida.
Uma velhinha chega e fala para o motorista:
- Nossa, que japonês mal educado, né?
- Você nem viu nada - precisava ver o outro que eu larguei lá em Taubaté...

CONTEXTO:
- Você tem que saber que Taubaté fica entre o Rio e São Paulo;
- Você tem que saber que Japonês é tudo parecido.

...

Contexto

Nestes dias no trabalho estamos tendo infinitas reuniões para discutir o design de um produto que nós temos. E aí eu me sinto que nem o Dilbert.

Vou nessa.

Fui!

Um comentário:

César, Valéria, Lara e Anaclara disse...

Se tem uma coisa que eu tenho bronca é reunião. Talvez pela minha experiência, já que foram poucas que considerei aproveitáveis.
Adorei a piada do japonês. Hehehe.

E a vida segue...