quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Terra do Nunca

Hoje eu fui na piscina pública daqui de Calgary (uma delas, na verdade - acho que Calgary tem mais de 10 piscinas públicas, mais um tanto privadas - mas onde dá para pagar ingresso do mesmo jeito). Fui levar o moleque para o nosso "boliche" de Quarta-feira.

A piscina hoje estava um espetáculo, eles acabaram de fazer a manutenção anual a água estava um brinco, as paredes todas limpinhas, estava tudo com cheirinho de novo. O Arthur adora quando as ondas começam (a cada 10 ou 15 minutos toca uma sirene e o mecanismo de funcionamento das ondas é acionado, e pronto, parece praia - sem areia, sem cocô de cachorro e sem possiblidade de pegar jacaré), e eu tento acompanhar ele na missão de não deixar as ondas passarem. A cada mais ou menos 5 minutos, um negócio que eu só consigo chamar de panela, mas uma panela gigantesca, com um metro e meio de altura e um de diâmetro, enche de água e um sino começa a tocar (quando a água está para transbordar) e então splaaaaaaaash, é água que não acaba mais quando a "panela" vira.

Sensacional. E o Arthur fica que nem um maluco quando o sino começa a tocar, e hoje eu vi que uma boa parte da molecada do lugar também fica maluca e a peregrinação toma conta do lugar. Basicamente, hoje o meu "estudo" mostra que:

. Pais e filhos gostam de ficar na piscina grandona, a que tem as ondas, já que ela vai ficando mais funda bem gradativamente, e o espaço é bom e agrada à todos;
. Casais ficam na sauna e quando as ondam começam, gostam de ir para a piscina grande e ficar pulando na água;
. Os marmanjos ficam pulando na corda que tem na piscina grande, e quando as ondam começam e a mesma é recolhida, vão para uma outra piscina onde dá para mergulhar de verdade;
. E tem os tobogãs, acho que tem uns dois grandes, que são bem legais. Na piscina que eu fui semana passada tinha um que fica para o lado de fora (e as paredes congelam no inverno, detalhe, e o tobogã continua funcionando), mas este tobogã tinha uma queda tão grande, mas tão grande, que eu achei radical demais.

E assim o povo se diverte. Eu acho muito legal este tipo de coisa para a molecada, é um ambiente saudável, as crianças se divertem, eu faço um pouco de exercício, é bem legal.

E a piscina de ondas é sensacional.

...

Acredite se quiser - eu fui convocado para ir à uma seleção de júri, não aquela em que você fica atrás de uma janela, mas o jurí mesmo, para um julgamento. Que chique - só que eu trabalho, a mulher está grávida, e hoje eu vi que é só para cidadão Canadense, coisa que eu acho que eu não sou, já que nem residente permamente eu me tornei.

Mas que foi engraçado receber a cartinha, foi. E você tem que dar uma desculpa para não ir e, se eles não aceitarem, você tem que aparecer na data e hora marcadas.

...

E por hoje é só...

Fui!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Uma série de curtas

Depois de ir para Seattle redescobri o Nirvana - comprei o primeiro CD pelo iTunes e finalmente consegui apreciar a letra das músicas. Antigamente eu só ouvia pelo barulho, e eu gostava de Lithium porque tinha escrito "I am so ugly..." e "because today I shaved my head", e eu me identificava com os dois, mesmo não me achando tão feio assim.

Esta semana no trabalho eu estou criando gráficos, fazendo apresentações, reuniões, e achando tudo um saco. Eu preciso voltar a fazer desenvolvimento, mas aparentemente para a empresa ganhar dinheiro é mais importante. Faz parte.

Comprei um óculos de sol novo depois que eu perdi uma lente do meu no supermercado. Eu saí do mercado, coloquei o óculos, e tive uma sensação estranha, de como se a realidade tivesse sido alterada, é como se eu estivesse enxergando só com um olho. É estranho. Tirei os óculos e percebi que tinha perdido metade dele. Comprei um óculos com lentes polarizadas. Tem uma explicação científica para o porque dele funcionar, mas o legal é que ele dá barato. O vidro dos carros ficam mais coloridos, a tela do GPS fica mais colorida, parece um negócio que vendiam lá em Caraguatatuba que você colocava em frente à TV preto e branco para deixar a imagem colorida, só que o efeito era mais parecido com um filme preto e branco colorizado por três bêbados daltônicos.

Aqui tudo é "pair" - "pair of pants", "pair of gloves", etc... Quando eu fui no Brasil pela última vez alguém me perguntou se eu queria mesmo duas calças quando eu disse "par de calças".

Fui!

A nova rotina

Acabei de chegar no trabalho, exatamente 1 hora depois de sair de casa. Agora eu estou vindo trabalhar de ônibus e de trem, e embora o percurso seja mais demorado (principalmente por causa do ônibus, o trem é super rápido), pelo menos eu estou:

. Caminhando um pouco;
. Não me preocupando com o trânsito no caminho de casa para o trabalho e vice-versa.

A Soraya tem usado o carro para levar e buscar o Arthur na escola, até a gente bolar um plano "B". Por enquanto, é assim que a banda vai tocar.

Pegar o ônibus e o trem me lembra da época que eu comecei a escrever o blog, mas agora eu percebi que pouca coisa é novidade. Eu gosto de observar as pessoas, mas no meu horário só tem molecada. É legal para ver que realmente a molecada de hoje tudo parece meio emo, os caras usando calça jeans de menina e as meninas usando calça jeans de menino, todo, mas literalmente todo mundo no trem de fone de ouvido, metade com o jornalzinho na mão (eu preciso descobrir onde que fica a maldita caixa com os jornais, eu morro de inveja de quem pode ler no trem), a outra metade digitando no celular.

Infelizmente na linha sul o pessoal é mais civilizado no que na linha que vai para NE, e eu acho que eu não vou ter histórias adicionais para contar. Hoje eu descobri que é provavelmente a minha blusa que está com cheiro de comida (eu preciso ter certeza de que as roupas não estão na cozinha antes de fritar alguma coisa), descobri que realmente o ônibus depois do trem sai de 10 em 10 minutos em todo o minuto "7", vi da janela do trem que agora tem um supermercado 24 horas perto de casa (o Sobey's), e eu gostaria de saber porque tem uma High School do lado da base onde eu trabalho, ligeiramente no meio do nada.

Eu não sei.

Só sei que nada sei.

Eu estou feliz com a nova rotina. A outra rotina é mudar a alimentação de casa para dar apoio moral para a Soraya, já que ela foi diagonisticada com diabete gestacional.

Fui!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje eu vim trabalhar de ônibus.

Foi bão. Eu fui de bike até a estação de trem (literalmente foram dois minutos de vento e de frio, sem precisar pedalar, pois até o trem é descida), depois eu peguei o trem, que ficou cheio de estudantes, depois desci a escada rolante esbarrando em estudantes, depois peguei o bumba também cheio de estudantes.

Ô povo que gosta de estudar longe de casa.

Fui!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O apanhado das últimas semanas

A gente alugou uma daquelas máquinas de limpar o carpete - Rug Doctor. A Eliane emprestou uma máquina para a gente (Blissel), mas a maior diferença entre as duas máquinas é que a da Rug Doctor tem dois tanques de água, um para a água limpa e um para a água suja. A água limpa com o produto de limpeza é jogada no carpete, e logo depois é aspirada e jogada no tanque de água suja.

E olha, a água saiu suja.

Mas as manchas que a inquilina antiga nos deixou desapareceram, o carpete "sente" melhor no pé, e eu espero que o cheiro de gato dos armários também tenha ido embora. Eu gastei 70 dólares entre produtos de limpeza e o aluguel do equipamento, e vale a pena. Os dois pontos negativos são que a máquina é barulhenta e a água vai rápido de um tanque para o outro.

...

A gente montou o quarto da Hannah inteirinho, berço (compramos um novo, o que ganhamos tinha uma peça quebrada que segurava um lado do berço no outro, e eu não quis arriscar. Ficamos com o colchão. A gente arrumou a cadeira de 15 dólares, pintamos o trocador (e a Soraya terminou de arrumar a decoração), colocamos a tela de mosquito em cima do berço, compramos um monte de roupinha, banheira, almoçada de dar mamar, roupa extra de cama, mamadeira, eu acho que agora está quase tudo encaminhado.

A cama do Arthur que eu quebrei já foi arrumada. Cola madeira é uma coisa impressionante, onde a cola é aplicada fica tudo super firme. Eu coloquei a cola na madeira, martelei tudo para encaixar bem (a madeira quebrou no encaixe original entre um pedaço e outro), esperei 24 horas e remontei a cama, e não tive surpresas desde então. O Arthur também ganhou uma mesa nova, com uma gaveta e uma prateleira, na esperança de que o espaço dele fique menos atulhado - e na verdade tudo já está mais em ordem.

A gente precisa voltar no lixão para jogar fora o resto do berço antigo e para jogar fora a escrivaninha velha do Arthur, já que eu não tenho a menor esperança de doar aquela mesa para alguém que vá aceitá-la, de tão velha que ela está... Eu não tenho espaço para guardar coisas em casa, e eu prefiro me desfazer das coisas que ocupar o espaço da casa guardando tranqueira. Aqui é fácil doar as coisas, mas eu já percebi que as doações só são aceitas quando as coisas estão em bom estado.

Mas é isso aí. Eu ando bem ocupado nos últimos dias, por isso que eu ando sumido. A vida anda bem, o verão foi bom, o Arthur voltou para a escola, e estamos na espectativa pela nossa bebêzinha que vai chegar para esquentar o nosso inverno.

Fui!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu ia escrever mas eu vou ver um filme!

PS, rapidinho:

A Hannah está indo super bem, a Soraya também, o Arthur caiu de bicicleta e ralou o joelho, eu quebrei a cama dele e preciso arrumar a tábua que quebrou logo, e de resto, está tudo bem!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eu sempre tenho a sensação de que eu não disse tudo que eu tinha para dizer sobre alguma coisa...

... mas vamos lá!

O que eu mais gostei de Victoria foi a praia em que fomos para o Arthur brincar. Tinha cara de praia, cheiro de praia, calor de praia, criançada, cachorrinho e tudo mais:


View Larger Map

Na foto de satélite a praia está vazia, pela cor das árvores a foto foi tirada em algum dia de Outono, mas no dia em que nós fomos a praia estava cheia, e as folhas estavam verdes...

...


O que eu descobri nesta viagem é que:

. Cidades à beira-mar realmente tem cheiro de mar;
. E eu gosto do cheiro de mar...

Depois da minha tentativa naufragada de tomar um banho no Oceano Pacífico, percebi que o povo daqui só pode mesmo tomar banho de mar se for para o Caribé, México ou afins - acho que é por isso que tanta gente vai para lá... É engraçado pensar que a minha realidade com a idade do Arthur era ir na praia quase todo dia durante o verão, e aqui é ir para parques e afins (o que também é bem legal). Também pelo fato do mar ser tão longe daqui, e pela visão geral da "vida na praia" ser tão romantizada é que eu já tive que responder inúmeras vezes a pergunta "mas porque diacho você veio morar aqui no frio?".

Aí a gente tenta explicar qualidade de vida e toda esta papagaiada...

... mas dá uma saudade do verão.

...

Estou ouvindo Nirvana. Eu fui na cidade do Kurt Cobain:

From


O Rapha também:

From Seattle!


Aberdeen. É por isso que na placa da cidade está escrito "Come As You Are".

PS: A cidade é feinha que dói...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Slow day at work

Então eu vou contar um pouco de como a viagem foi. Eu preciso escrever mais e colocar mais fotos na Internet (algumas fotos estão no meu Picasa), mas o que dá para dizer é que:

. A caranga não quebrou depois de 4000 km de estrada;
. Os Estados Unidos, pelo menos a região em que a gente passou, são duca;
. Seattle é sensacional e o Pike Market é show de bola;
. Portland é cheia de pontes e é menos turística do que Seattle, mas o OMSI é duca (Oregon Museum of Science and Industry);
. Falando de OMSI, o cinema que eles tem lá é sensacional. Vimos o filme sobre o Hubble e foi de encher os olhos. Ver o ônibus espacial decolando em uma tela gigantesca foi emocionante;
. O Cirque du Soleil é sensacional - melhor do que eu estava esperando;
. Ver o Mount Saint Helens foi ver a força da natureza em ação. A gente gastou umas 2, 3 horas da viagem em um desvio, mas valeu a pena;
. Andar na beira do mar entre Seattle e Portland foi bem legal, embora o trecho tenha sido mais curto do que eu tinha planejado originalmente (mas, mesmo assim, foi bastante tempo de estrada). O banho no Pacífico se resumiu apenas à água até a canela, já que o dia estava frio e o mar estava congelante. Conhecemos Ilwaco (onde eu "entrei" na água) e Seaside, mas todas as cidadezinhas da região são muito bonitas;
. Victoria é bem legal, mas eu gostei mais das outras cidades. O que mais valeu em Victoria foi passar um tempinho na praia e ver o Arthur brincar na areia;
. Fomos no Vancouver Aquarium de novo, foi bem legal, de novo. Lá vimos um filme em "4D" do Bob Esponja, sensacional;
. Na volta dirigimos pela Going To The Sun Road, uma estradinha danada de estreita no Glacier National Park, muito bonita, mas que é meio tensa para se dirigir.

Deu tudo certo - o que ia ser mais ou menos foi mesmo mais ou menos, como o Super 8 em Victoria ou o hotel de última hora que eu reservei em Spokane, teve muita coisa que surpreendeu, a gente conheceu um monte de lugares novos, como o Hard Rock ou a primeira Starbucks, o mercado público em Seattle e outros lugares (aliás, muito legal ver um lugar que você só vê em filme), eu vi um vulcão (o Arthur nem ligou) e fiquei embasbacado com as árvores derrubadas que nem palito de dente, as "crianças" (o Arthur e o Chuck) se deram bem durante a viagem, deu tudo bem certinho.

O que eu faria de novo:

. Dirigir pela praia (e parar em alguma cidade na praia);
. Ir até o Flathead Lake e passar uns dias por lá;
. Ficar uns dias em Seattle;
. Pegar a balsa entre Vancouver e Victoria...


... e mais um monte de outras coisas. Valeu a pena.

Umas fotinhos (tem mais no Picasa):

Kurt:

From Seattle!


Come As You Are:

From Seattle!


A Sô no Hard Rock Cafe:

From Seattle!


A melhor Pizza que eu já comi acima do Equador:

From Seattle!

Bambino's em Seattle

Arthur no parque da Space Needle:

From Seattle!


Eu na praia:

From From Seattle to Portland


Uma casa na estrada:

From Mt Saint Helens (and the road to it)


O vulcão:

From Mt Saint Helens (and the road to it)


Vou colocar mais fotos depois... Agora eu tenho que fingir que eu sei o que eu estou fazendo no trabalho...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Coisas que eu sei hoje que eu não sabia que eu ia saber quando eu cheguei aqui

O Canadá é um país bem diferente do Brasil, em vários aspectos. As ruas são diferentes, principalmente em cidades espalhadas como Calgary - raramente você vê um poste de luz na sua janela da frente, a fiação ou é enterrada, ou passa pelo que eu chamo de "rua de serviço" - uma rua pequena, estreita, que passa entre as ruas principais, e onde ficam as garagens das casas, as lixeiras e os cestos azuis do lixo reciclável, e é por onde passam os caminhões de lixo (obviamente, já que as lixeiras estão lá), e onde a vizinhança costuma guardar a tranqueirada. Embora as casas não costumem ter cercas ou portões na frente, normalmente a parte de trás é fechada, embora raramente alguém coloque um cadeado na porta de cerca - e as cercas são geralmente baixas, normalmente um metro e meio.

Fica mais bonito assim, a bagunça da vida cotidiana fica escondida na parte de trás e a parte da frente fica bonita e organizada. Nem todos os bairros são assim - nas vizinhanças mais novas, a garagem fica na frente e as ruas de trás não existem. Não sei se eles fazem isso para economizar espaço, mas eu acho as vizinhanças mais antigas mais bonitas, mais pelo fato das casas não terem a garagem na parte da frente. A vantagem das casas com a garagem na parte de frente, por outro lado, é que o jardim atrás fica sempre bonito (já que não tem garagem ou espaço para juntar tralha), e a garagem fica integrada à casa, o que deve ser ótimo no inverno.

Bom, mas eu ainda não cheguei no assunto do título - coisas que eu sei hoje que eu não sabia que eu ia saber quando eu cheguei aqui.

Vamos lá:

Carro velho aqui não é necessariamente sinônimo de carro ruim - embora, é claro, um carro de 12 anos não é igual à um carro de dois meses.

E existe uma economia que gira em volta disso. Os manuais da Haynes, que eu sempre acho que vão me fazer virar um mecânico do dia para a noite, mas que só são uma leitura interessante. Um dia eu talvez abra o motor do carro e limpe os pistões e afins, mas... a coisa não é tão simples.

Uma coisa que me contaram à um tempo, mas da qual eu só fui usufruir agora, é um lugar chamado Pick-n-Pull. Basicamente, o lugar é um depósito de carros que não funcionam mais (o lugar é enorme), e onde você, armado com as suas próprias ferramentas, procura a peça desejada, tira do carro, leva para o caixa e paga. Eles tem até carrinho de pedreiro para ajudar a levar as coisas. As peças são bem baratas, embora se você precise de alguma coisa estofada, pode demorar para achar alguma coisa limpa. Semana passada eu fui lá para comprar o protetor de sol (aquele que fica no vidro, não sei se chama de tapa sol ou algo assim), foi cinco dólares, mais uma besteirinha que eu comprei para o Arthur - uma lâmpada da parte de dentro do carro que parece um olho biônico, tudo deu dez dólares.

Ontem a gente voltou lá para comprar um assento novo para o carro. A Caravan tem três fileiras de bancos, e a Soraya lembrou de ter visto uma (a do Kaka) em que a poltrona do meio reclinava, coisa que a nossa não faz. Lá fui eu tentar achar alguma assim, e olha que no fim das contas eu achei um negócio até melhor, uma poltrona que não só reclina, mas que tem um "assento escondido" (que você puxa, fica escondido no encosto), que revela um cinto de cinco pontos para crianças - o Arthur adorou. E foi só 25 dólares. Estava um pouco sujo, mas nada que os lenços umedecidos daqui não resolvam.

Nas últimas semanas eu gastei 250 dólares cuidando do carro. Arrumei dois pneus semi-novos para a parte da frente, dois pneus usados para a parte de trás (eu não ia comprar mas um dos pneus tinha arrebentado uma cinta de metal que tinha dentro e ficou todo torto, só para furar depois), troquei o motor de ignição, troquei os discos e pastilhas das rodas da frente, e, mais sensacional de tudo, aprendi como fazer os faróis do carro ficarem transparentes de novo:



O processo é banal - uma passada de lixa fina, uma passada de lixa extra-fina, e, de uma vez, sem repetir, passar de um lado para o outro (repetindo, só uma vez) um pano embebido em thinner - ou aguarrás. O segredo do pano (uma camiseta ou afim) é jogar o thinner em cima, e apertar até todo o excesso escorrer e não pingar mais. Nesta hora, deve-se cobrir a palma da mão e dos dedos com o pano, e passar rapidamente de um lado ao outro do farol - rápidamente = meio segundo por farol. Se demorar muito ou passar o pano mais de uma vez, o farol fica opaco de novo.

Sensacional.

O Canadá não os Estados Unidos.

E eles tem orgulho disso. Os Estados Unidos são o parceiro comercial mais importante do Canadá, mas também são simplesmente "os vizinhos de baixo". O Americano tem mais do que o Canadense - tem uma casa maior, um carro maior, mas também uma dívida maior.

Ter uma arma nos Estados Unidos é um direito, no Canadá, é um privilégio. Direito e privilégio são só duas palavras (right and privilege), mas o conceito grudou comigo depois que alguém me contou isso.

O Canadense me parece ser mais "ateu" do que o Americano. Aborto aqui e lá são legalizados, mas aqui a prostituição e o casamento gay aqui são legais, duas coisas que sempre batem de frente com religião.

Via de regra, o Canadense é educado e o Americano, nem tanto. Mas isso eu não sei de fato.

...

Hora de acabar de escrever e de começar a dormir. Terça-feira o Rapha (vulgo Chuck) chega aqui no Canadá para nos visitar. É bom receber o último integrante dos "quatro mosqueteiros" aqui em casa :-). Na Sexta-feira vamos para Vancouver, no Domingo para Victoria, na Segunda para Seattle, na Quarta para Portland, e na Sexta-feira começamos a voltar, dormindo no caminho (provavelmente em Spokane), e chegando em Calgary Sábado, no fim do dia.

Vai ser bom passar tanto tempo na estrada. Espero que a Van segure a bronca. Depois eu investir 20% do valor do carrinho, é melhor ela aguentar o tranco! Agora que o breque parou de apitar e eu troquei o donut, o carro está bem melhor - o donut é isso:



Um mini-pneu que você põe no lugar do pneu furado. O meu pneu furou Quinta-feira de manhã e eu tive que dirigir por 2 dias com isso na roda de trás - como o pneu é menor que os outros o carro fica uma droga de dirigir, pendendo para o lado onde o donut está, balançando que nem um barco, sem estabilidade, e com velocidade máxima de 75 km/h. Nunca mais.

Fui!

domingo, 4 de julho de 2010

Apanhado dos últimos dias

Nota do editor: A minha nova meta é dois posts por mês, já que esta é uma meta que eu provavelmente conseguirei cumprir.

Mudamos.

Foi uma trabalheira danada. Aluguei um caminhão, fiz uma viagem com as caixas (em que eu carreguei e descarreguei o caminhão sozinho), fizemos outra viagem com os móveis (em que eu tive ajuda), e eu fiz mais umas três ou quatro viagens de carro para levar a muamba que sobrou. Tudo isso foi na Sexta-feira retrasada. No Sábado, eu fui até o lixão de Calgary (um deles) para jogar fora uns móveis velhos que ninguém queria. Fica em algum lugar perto da 130 AV e, eu acho, 59 ST SE. Eles pesam o caminhão na entrada, você vai até o lugar onde a mercadoria tem que ser descarregada, para o caminhão, empurra toda a tralha para fora (é uma sensação e tanto jogar uma mesa para fora de um caminhão), e na saída eles pesam o caminhão de novo - no meu caso, 110 kg = 12 dólares. O lugar é interessante, para dizer o mínimo - o que mais me impressionou foi a quantidade de pássaros que sobrevoavam o local. O pessoal (meu chefe) fala que um dos problemas de morar por perto é a quantidade de cocô de passarinho que você vai ter que encarar.

Mudamos.

A casa nova é sensacional. Eu estou muito feliz com a planta da casa. Acho que não é só fase de "encantamento" não. A casa á mais integrada, mesmo com a cozinha sendo mais separada da sala do que na casa antiga. A cozinha, aliás, tem lugar para guardar as coisas e é grande e confortável - eu acho que cozinha de condo sempre é pequena - condo é engraçado, eles fazem um lugar ondem podem dormir umas 15 pessoas, mas onde só duas ou três podem estar na cozinha ao mesmo tempo. A sala é maior, deu para fazer dois ambientes, e os quartos são bons, embora os "das crianças" seja menor que o nosso. Mas o Arthur vai ter o quartinho dele, e a Hannah, o quartinho dela. Eu gosto da vizinhança, ontem eu precisei ir de bicicleta até a Canadian Tire, é tudo bem pertinho, o trêm é aqui do lado, e não tem a Sarcee Trail e seu barulho constante - ou seja, dá para ficar do lado de fora numa boa.

Mudamos.

E, agora que é época de férias, os dêz quilômetros a mais para ir trabalhar viraram só dez minutos à mais. Vamos ver como vai ser depois.

Outras praias...

Na Sexta-feira, o motor de ignição do carro, que já vinha dando sinais de que ia quebrar de vez, quebrou. O carro não ligava. Virava a chave e tudo que vinha era um clique. Tentei, tentei, mudei o carro de lugar, rezei para o Deus dos ateus, bati no painel (funcionou uma vez), e nada. Sábado, tentei de novo, e o carro continuou não funcionando.

Resolvi que ia tirar o motor de ignição (FYI, carro automático não pega no tranco), mas estava com medo de levantar o carro no macaco e morrer esmagado (o carro nem freio de mão tem - ainda bem que tem o "park" do automático para estas horas), e resolvi ligar para a AMA e pedir uma carona até o lugar onde vende a peça que quebrou, mas a AMA me disse que, se eles não arrumassem o carro por lá (ou se eles não deixassem), eu ia ter que pagar pelo próximo guincho. Resolvi ligar para um mecânico, mas aparentemente os mecânicos também tem família, e eles preferem passar um tempo com os seus familiares no final de semana.

Compreensível.

Sem opções, decidi que ia ser eu mesmo que ia resolver o problema. Achei um toco de madeira no formato certo, enfiei ele embaixo da roda traseira (o carro estava em uma leva descida), tirei o carro do "park", e vi que o toquinho podia, de fato, me garantir uma relativa segurança. Levantei o carro no macaco, e comecei a tirar o que eu achava ser o motor de ignição - quando, na verdade, eu estava tirando 1/4 dele, e contaminando tudo com aquele óleo nojento que fica embaixo do carro. A primeira visita à Canadian Tire foi para comprar a solenóide, que segundo os especialistas, é o que costuma quebrar. Pois bem, fui lá, o sujeito me mostrou uma bobina com uns fiozinhos, e eu pensei "WTF?", e voltei para casa para pegar a peça que eu tinha tirado, e o atendente me mostrou o que é o motor de ignição. Descobri que eu tinha tirado a parte certa, mas infelizmente, só tirei parte da parte.

Voltei para casa e fiquei por uma hora tentando tirar o motor de ignição do carro, mas o infeliz do gorila que apertou aquele maldito parafuso fez um bom trabalho, e voltei na Canadian Tire para comprar uma chave que fosse longa o bastante para eu conseguir afrouxar o parafuso.

15 minutos de xingamento depois, consegui tirar a peça inteira - eu talvez conseguisse tirar toda a peça se eu entrasse de verdade embaixo do carro, mas eu tenho muito amor à pele para fazer isso com o equipamento precário que eu tinha.

Com o motor de ignição em mãos, comecei o desmonte - mas, quando eu cheguei na pecinha que eu precisava abrir, me deparei com o trabalho do gorila monstruoso e não consegui girar um parafuso X. Vencido, mas não derrotado, resolvei jogar o "spray mágico de limpeza" (um spray que usa para limpar disco de freio) em tudo, inclusive dentro do motor, e deixei toda a sujeira preta escorrer. Repeti o procedimento em todas as partes, gastei meio rolo do papel toalha limpando tudo, montei o motor, e resolvi colocá-lo de volta no carro (vai que funcione).

Uma hora de xingamento depois, com a proteção do fio positiva quebrada e uma porca (do mesmo fio) mal encaixada, para os quais eu espero que dois metros de silver tape segurem a bronca, e o motor de ignição estava no lugar - a ordem certa é primeiro colocar o motor no lugar e então colocar os fios, mas para fazer isso tem que entrar embaixo do carro, e nem fudendo que eu ficar só com a parte de baixo do meu corpo de fora. Eu tenho fé na silver tape, e semana que vem eu vou levar o carro para arrumar o freio, e aí peço para o carinha dar uma revisada na minha gambiarra (e talvez colocar um fio novo).

Bom, peça no lugar, parafusos mega apertados, bateria reconectada, resolvei tentar ligar o carro, que alegremente respondeu aos meus pedidos e funcionou, redondinho. Desliguei e liguei de novo. Outra vez. E outra vez. E, desta vez, sem clique nem nada. Funcionou que é uma beleza.

Sensacional.

Quase fez valer a pena o dia inteiro gasto embaixo do carro, segurando uma peça de três quilos com a mão esquerda, enquanto tentando prender um parafuso com a direita, tudo isso xingando três gerações de fabricantes de automóveis.

A não ser que eu ache um jeito eficiente de levantar o carro, meus dias de mecânico acabam-se aqui. É muito trabalho. Eu tenho um novo respeito por esta profissão.

E, detalhe - meus dedos nunca vão ficar limpos de novo.

Fui!