Os porquês
A Yuka Lura tinha me perguntado porque a gente voltou, em um comentário que demorou um tempão para ser publicado (eu preciso achar a configuração no blog que autoriza comentários a serem publicados automaticamente).
Bom, a idéia de voltar já estava cimentada e decidida antes de irmos para o Canadá. A idéia era ir, passar uns anos lá, e voltar. Tanto é que eu nunca apliquei para o processo de imigração. A gente levava uma vida razoavelmente confortável no Brasil, tanto eu como a minha esposa temos família e amigos por estas bandas, e a idéia era adquirir uma experiência nova e não mudar de forma permanente a nossa vida.
Foi por isso que voltamos.
Porque fomos? A curiosidade natural do ser humano.
O que mudou? Sei lá. Eu acho que eu fiquei um pouco mais chato, mais politicamente correto, mais tolerante de diferenças culturais, ciente de que uniões estáveis não dependem de sexo e que eu não preciso esconder homem dando mão para homem do meu filho, já que esta é uma realidade da época em que vivemos.
Eu conheci lugares novos e fiz novas amizades, amigos que espero manter pelos anos que se seguem. Eu dirigi na neve, me diverti com a minivan no gelo, mas rodei (literalmente) quando fui virar uma rua com um carro menor. Eu mudei a minha forma de falar conforme o meu Inglês foi melhorando, e comecei a falar "Tailenol" na farmácia, e preciso me reacostumar a falar "Tilenol" mesmo que me soe errado.
Se senti um pouco a "síndrome do órfão que morou fora do país e voltou e estava tudo diferente?". Sim, senti, não no começo, mas agora venho sentindo mais. A morte de um amigo próximo, o Rapha, há alguns meses, mudou a perspectiva em relação às coisas aqui. A tristeza a gente continua a carregar com a gente, e um pouco de solidão também. Você fica mais velho, e você percebe o quão frágil a vida é.
Em Agosto estoura o prazo para eu aplicar para a imigração no Canadá. Temos até lá para decidir se vamos aplicar para PR, se aplicarmos, teremos um ou dois anos para entrar no Canadá, e depois, se quisermos manter a PR, teremos que ficar por lá dois de cada cinco anos. Pode ser que a gente vá fazer isso, pode ser que não. Eu acho que eu vou aplicar de qualquer jeito só para deixar a possibilidade aberta. A pequeninha é Canadense, o pequeno é Brasileiro, se um dia ele quiser ir estudar/ morar lá, ter a residência permanente por aquelas bandas vai ajudar muito.
...
Eu e a Soraya gostamos de conhecer lugares novos. Chegamos no Canadá sem carro, com um emprego que pagava mais ou menos mas que não era muito estável (não pagava sempre). Demoramos um ano para ir até as Montanhas Rochosas e só fomos quando o Kb.Lo e a Sabrina vieram nos visitar, já que eu não podia alugar um carro já que eu não tinha cartão de crédito. Mas era tudo novo, então valeu. Depois ganhamos um pouco mais de estabilidade, fizemos algumas viagens longas, eu viajei para alguns lugares bem interessantes à trabalho (o que é uma façanha para um Programador), e a vida foi melhorando.
Não tenho nada a ruim à dizer de lá, tirando que... eu não gosto muito do clima de Calgary, acho muito seco, e vou confessar que aquele sol à 45 graus no horizonte (o sol lá nunca fica à pino) me dava nos nervos. O inverno é muito longo, a Primavera não chega, mas lá se come, se vive, se tem filho, se toma café de manhã, a gente saia para jantar, fizemos bons amigos Brasileiros, Canadenses, Russos e de outras nacionalidades, eu aprendi que contar de 1 a 10 em Romeno e em Português é quase a mesma coisa, e foi muito bom comprar uma minivan por 1200 dólares.
...
Cada imigrante enfrenta e encara a imigração de forma única - o que é bom para mim pode não ser bom para você, e vice-versa. Para a gente valeu a pena e um dia vamos repetir a dose.
Fui!
Foi por isso que voltamos.
Porque fomos? A curiosidade natural do ser humano.
O que mudou? Sei lá. Eu acho que eu fiquei um pouco mais chato, mais politicamente correto, mais tolerante de diferenças culturais, ciente de que uniões estáveis não dependem de sexo e que eu não preciso esconder homem dando mão para homem do meu filho, já que esta é uma realidade da época em que vivemos.
Eu conheci lugares novos e fiz novas amizades, amigos que espero manter pelos anos que se seguem. Eu dirigi na neve, me diverti com a minivan no gelo, mas rodei (literalmente) quando fui virar uma rua com um carro menor. Eu mudei a minha forma de falar conforme o meu Inglês foi melhorando, e comecei a falar "Tailenol" na farmácia, e preciso me reacostumar a falar "Tilenol" mesmo que me soe errado.
Se senti um pouco a "síndrome do órfão que morou fora do país e voltou e estava tudo diferente?". Sim, senti, não no começo, mas agora venho sentindo mais. A morte de um amigo próximo, o Rapha, há alguns meses, mudou a perspectiva em relação às coisas aqui. A tristeza a gente continua a carregar com a gente, e um pouco de solidão também. Você fica mais velho, e você percebe o quão frágil a vida é.
Em Agosto estoura o prazo para eu aplicar para a imigração no Canadá. Temos até lá para decidir se vamos aplicar para PR, se aplicarmos, teremos um ou dois anos para entrar no Canadá, e depois, se quisermos manter a PR, teremos que ficar por lá dois de cada cinco anos. Pode ser que a gente vá fazer isso, pode ser que não. Eu acho que eu vou aplicar de qualquer jeito só para deixar a possibilidade aberta. A pequeninha é Canadense, o pequeno é Brasileiro, se um dia ele quiser ir estudar/ morar lá, ter a residência permanente por aquelas bandas vai ajudar muito.
...
Eu e a Soraya gostamos de conhecer lugares novos. Chegamos no Canadá sem carro, com um emprego que pagava mais ou menos mas que não era muito estável (não pagava sempre). Demoramos um ano para ir até as Montanhas Rochosas e só fomos quando o Kb.Lo e a Sabrina vieram nos visitar, já que eu não podia alugar um carro já que eu não tinha cartão de crédito. Mas era tudo novo, então valeu. Depois ganhamos um pouco mais de estabilidade, fizemos algumas viagens longas, eu viajei para alguns lugares bem interessantes à trabalho (o que é uma façanha para um Programador), e a vida foi melhorando.
Não tenho nada a ruim à dizer de lá, tirando que... eu não gosto muito do clima de Calgary, acho muito seco, e vou confessar que aquele sol à 45 graus no horizonte (o sol lá nunca fica à pino) me dava nos nervos. O inverno é muito longo, a Primavera não chega, mas lá se come, se vive, se tem filho, se toma café de manhã, a gente saia para jantar, fizemos bons amigos Brasileiros, Canadenses, Russos e de outras nacionalidades, eu aprendi que contar de 1 a 10 em Romeno e em Português é quase a mesma coisa, e foi muito bom comprar uma minivan por 1200 dólares.
...
Cada imigrante enfrenta e encara a imigração de forma única - o que é bom para mim pode não ser bom para você, e vice-versa. Para a gente valeu a pena e um dia vamos repetir a dose.
Fui!
5 comentários:
Olá! Eu também não estou pensando em ficar morando no Canadá para sempre.
Pretendo fazer uma pós-graduação.
Gostaria de saber como vocês fizeram o processo, como 'levar' cônjuge no visto, etc.
Se puderem me ajudar, agradeço!
Saudades!
Olá Ravi!
Excelente esse seu post sobre a volta de vcs!
Parabéns e seja bem vindo de volta!
Abração!
Roberto Vicentini
Oi, obrigada por me citar. Na verdade leio os blogs há pouco tempo, então às vezes chego a me perder.
Achei curioso, dentre tantos que foram e decidiram não voltar, alguém que se deu bem de repente querer voltar.
O que eu gostaria mesmo é de ler as principais dificuldades, de pessoas que realmente não tinham muito dinheiro quando foram e que tiveram que "ralar" com empregos mais simples.
Ainda não achei. Pena.
Eu tinha pretensões em ir. Também para morar durante algum tempo. Provavelmente alguns anos até ter uma boa reserva para poder ficar tranquila na volta, mas muitos medos me passam a cabeça.
Ah, só uma correção: iura, com i, não com L. Realmente confunde.
Grande abraço.
To be able to make yourself feel happy and comfortable is yourself, every difficulty must be owned by individuals but you must be grateful for the time that you have enjoyed times and places that are fun for yourself
Postar um comentário