sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Pensamentos...

De todas as coisas no Canadá que eu gosto e desgosto, de todas as vantagens e desvantagens, de tudo que é bom e ruim, tem uma coisa que me incomoda mais - eu me sinto meio deslocado aqui.

Não sei se são os bares de cá que são diferentes dos bares de lá, se é a esperança de ouvir alguma música Brasileira na rádio, se é a TV que é estranha - ou se é tudo isso junto. Ontem a Soraya estava vendo a Globo no computador e a gente ligou o computador na TV para ver a série "A Grande Família", que passou depois. Será que ainda passa "As Domésticas" na televisão? Eu sei que não é o fato de ter tanto imigrante de tantos países diferentes aqui em Calgary, mas talvez seja o fato de nunca ouvir um "orra meu" ou "ô mano" na rua, como era comum no Brasil.

O Canadá é o inverso do Brasil - aí a gente tem carro manual, aqui a maioria é automático. No Brasil a regra é carro pequeno, aqui os carros são grandes. No Brasil, mercado grande é atacadão, aqui em cada esquina tem um e a maioria dos shoppings são abertos e tão grandes que faz sentido pegar o carro para ir de uma loja à outra. Aqui não tem coxinha na padaria, quem dirá padaria. Em bares e restaurantes os apertivos são diferentes - acho que se eu abrir um restaurante Brasileiro que venda coxinha, croquete, pastel, quindim e empada eu fico milionário, porque aqui não tem nada que lembre remotamente isto.

Uma coisa boa de Calgary é que a cidade tem muito espaço verde. Uma coisa ruim de Calgary é que a cidade tem muito espaço vazio. Acho que uma coisa leva à outra. Eu particularmente acho a cidade muito espalhada, parece que falta uma sensação de "unidade" como quando eu morava em Santos. Uma coisa aqui e uma coisa lááááá longe e um monte de nada entre um ponto e outro. A cidade tem uns poucos lugares charmosos, mas acho que este é um problema de uma cidade muito jovem - é tudo muito com cara de novo e muito igual.

Com esta neve toda parece que eu estou no céu - uma musiquinha tocando de fundo, um monte de nada e uma vontade de descer até o inferno para ver como é que andam as coisas por lá.

Mas está tudo bem. Faz parte do ser humano reclamar da vida mesmo que a vida seja boa.

...

A Soraya está se recuperando da sua garganta rebelde e o Arthur tem visão 100% de longe e 95% de perto (ou algo assim), nada que o obrigue a usar óculos (nem de longe, segundo a médica, ótima por sinal). Ou seja, se ele estiver indo mal na escola o negócio é pegar no pé mesmo porque culpa da vista, não é.

Fui!

2 comentários:

Criska disse...

Não dá nem vontade de sair do nosso país desse jeito... se eu não morasse aqui, já ia ficar com saudades...rs

Ravi disse...

:-)

Pois é... Mas olha, tem horas que bate uma saudade... Como eu copiei de um outro blog faz um tempo, viver nos Estados Unidos (no meu caso, Canadá) é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.

E hoje está -28 graus. Delícia!