segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Um grau

Um grau.

Não é negativo. Um grau positivo. +1. Acima de zero. A água ainda continua um líquido. O carro não fica bobo e chato de manhã. O sol brilha no horizonte - e eu só vejo a luz do sol nas casas já que eu estou olhando para o norte e não para o sul, mas não faz mal, se eu sentasse de cara para o sul ia ter que ficar com a persiana fechada o dia inteiro.

...

Toda vez que eu penso sobre imigração, sair do Brasil, viver no Canadá, iluminação e auto-conhecimento e todo este blá-blá-blá, eu lembro do mito da caverna:
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.

Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.

Mas... É o Canadá o lado de fora da caverna ou é simplesmente o conhecimento de saber que o mundo é um lugar pequeno? Para mim, é o conhecimento - sabedoria - e toda esta filosofada. Eu sempre lembro de filmes e sempre vou me lembrar de uma frase dita pelo Sean Connery no final do Indiana Jones III:
Professor Henry Jones: Elsa never really believed in the grail. She thought she'd found a prize.
Indiana Jones: And what did you find, Dad?
Professor Henry Jones: Me? Illumination.


Henry Jones: (A) Elsa nunca realmente acreditou no cálice. Ela achou que tinha encontrado um prêmio.
Indiana Jones: E o que você encontrou, pai?
Henry Jones: Eu? Iluminação.
Pois é.

Hoje eu perguntei para o Jonas, que é da Suécia, qual era o custo de morar nas zooropa, e ele me disse:

"O que você realmente precisa é barato. O que você não precisa é caro."

Explicação - coisas do dia-a-dia, como comida, um teto para viver e transporte público tem um preço bom, acessível e menor do que no Canadá. Coisas também do dia-a-dia mas que "dá para passar sem" são mais caras por lá - carros, bugigangas eletrônicas e afins.

Interessante.

A gente pensa em voltar para o Brasil um dia. Mas também pensamos que a viagem de ida não precisa ser uma linha reta.

E é pelo fato de eu ver a imigração como "iluminação" que eu sempre escrevi aqui que se a coisa apertasse eu (a gente) voltava. Se der deu, se não der...

Fui!

PS: Obrigado pelos votos de feliz ano novo, boas festas, e eu desejo tudo de volta para vocês.

Fui!

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